Capítulo 26

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Não consegui dormir direito, como sempre... Assim que o dia amanheceu, já havia perdido as contas do tanto de vezes que caí no choro. Eu sei, estou sendo uma fraca, muito fraca.

Saio do quarto fazendo um coque desajeitado no cabelo, com o desânimo presente em meu rosto.
Ainda é cedo, provavelmente todos estão dormindo ainda. Desço as escadas devagar, assim que chego na cozinha, vejo meu pai junto de Fernanda e Natanael. Estavam tomando café da manhã e pareciam se divertir como se fossem íntimos, muito íntimos, diria. Pareciam até... uma família.

Me afasto antes que me vejam, sento na varanda da casa e observo o mar ao longe.

- Caiu da cama? - ouço alguém perguntar. Reconheço a voz.

- Talvez... - respondo. Natanael senta ao meu lado - Vi você na cozinha com o diretor e a esposa... - comento.

- É... Ela é minha mãe. - sinto um aperto no peito, não consigo acreditar - Eles pediram para não falar para ninguém. Parece que ele tem uma filha que não gosta muito da minha mãe, pelo que falaram essa menina é insuportável. - diz.

- Entendi... Quer dizer que você é enteado do diretor? Legal... - suspiro e levanto - Acho que vou dá uma volta, nos vemos depois. - começo a andar antes dele responder.

Caminho o mais longe que posso.
Suspiro cansada enquanto ando até o mar, deixo meus pés cobertos pela água e tiro meu anel.

- Mãe... Mãezinha... - suspiro - Lembro de quando compramos esse anel, no meu aniversário de sete anos. Lembro de como éramos felizes, nós três. Sinto tanto a sua falta, mãe. - começo a chorar - É muito difícil para mim não te ter por perto, tudo é tão estranho. Queria que estivesse aqui comigo, mas sei que isso não é possível. - respiro fundo - Mãe, eu sempre vou te amar, ninguém nunca vai tomar o seu lugar. - me abaixo um pouco e solto o anel no mar. Vejo ele ir para longe e, minutos depois, enxugo minhas lágrimas e volto para casa.

A casa já estava movimentada, vou até a cozinha e preparo qualquer coisa para comer.

- Onde estava? - meu pai pergunta.

- Por aí. - respondo sem o olhar andando em direção a sacada.

- Como está? - pergunta segurando meu braço.

- Isso vai fazer diferença na sua vida? - me solto - Acho que sua esposa e seus filhos precisam de mais atenção que eu. - vou para meu quarto. Ouço baterem na porta e abro - O que foi Ruan?

- Todos saíram. - ele diz entrando e fecha a porta - Como você está?

- Bem. - respondo cruzando os braços.

- Não é o que seu rostinho mostra. - faz carinho na minha bochecha.

- É sério, eu estou bem. - Ruan me beija.

- Não vou te forçar a se abrir comigo, mas sabe que pode contar comigo sempre, não é? - afirmo com a cabeça e ele me abraça - Quer ficar aqui hoje ou vai sair? - pergunta.

- Não sei, não estou com vontade de fazer nada. - digo sincera.

- Tudo bem, mas eu preciso ir. Falei que estava indo encontrá-los. - me olha - Você vai ficar bem sozinha?

A Filha do DiretorOnde histórias criam vida. Descubra agora