Capítulo 14

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Acordo satisfeita, pois depois que dormi não tive mais nenhum pesadelo. Olho para meu lado e vejo meu pai ainda dormindo. Chamo ele devagar.

- Acho que não gostaria de se atrasar. - falo.

- É... Você também não. - ele levanta e sai do meu quarto.

Tomo um banho rápido e me visto. Desço para tomar café da manhã e encontro Vânia arrumando a sala de estar.

- O que está fazendo, Vânia? - pergunto grossa ao ver ela tirar o quadro com a foto da minha mãe da parede.

- Sinto muito, Isabella. O seu pai pediu que eu tirasse todas as fotos dela, não posso desobedecer o meu patrão. - ela se explica, com uma expressão de culpa.

- Por que isso agora? - pergunto confusa.

- Não sei, querida. - suspiro - Você é bem parecida com ela. - diz Vânia e me aproximo para ver melhor o quadro - É a cara dela. - realmente, eu sou muito parecida com a minha mãe. A diferença é apenas a cor do cabelo.

- Eu estou indo, Vânia. - digo já saindo com pressa.

Depois de enfrentar todas as aulas, saio da escola e vou para o salão de beleza. Resolvi mudar o meu cabelo, de novo. Só que dessa vez definitivamente. Vou deixar ele natural. Talvez não saia como o esperado, talvez eu não goste do resultado, mas eu quero ele assim. Tenho que fazer isso.

(...)

Chego em casa um pouco tarde e sou recebida por Vânia.

- Belinha... Você sai de casa com o cabelo roxo e volta com ele natural, está muito diferente. - ela diz.

- Você gostou? - pergunto passando a mão no cabelo - Não sei se me acostumo com ele assim, talvez eu pinte apenas as pontas... - falo.

- Está linda, minha menina. - dou um meio sorriso - O seu pai também vai gostar, tenho certeza.

- Se eu ele perceber... - falo baixo - Ele me ajudou ontem à noite. - digo - Ele ficou comigo porque tive pesadelos.

- Sério?

- Sim... Mas, quando amanheceu, ele saiu do quarto e não vi mais ele hoje. - suspiro - Vou para meu quarto. - subo as escadas e entro no meu quarto.

Guardo minhas coisas e deito na cama ligando a televisão. Passo a tarde trancada no quarto assistindo, como na maioria das vezes. No fim da tarde, Vânia me chama para jantar. Depois volto para meu quarto e não demora muito para que eu durma.
Acordo por volta das 3:00 hrs da manhã, com mais pesadelos. Fico o resto da madrugada acordada e levanto na hora da escola. Quando ia sair do quarto, encontro com meu pai no corredor. Ele me encara por um tempo.

- Por que fez isso? - sussurra a pergunta. Entendo que ele está falando do cabelo.

- Deu vontade. - digo cruzando os braços - Você mesmo disse que ficaria legal meu cabelo natural. Não gostou?

- Detestei. Você só fez isso para me irritar, tenho certeza. - a raiva é bem visível em seu rosto.

- Você está completamente maluco. - saio dali o deixando gritar sozinho. Desço as escadas e vou para a escola.

No intervalo, vou para a biblioteca e sento afastada com um livro.

- Oi. - ouço alguém falar e levanto o olhar vendo o professor Ruan que se senta na minha frente.

- O que faz aqui? Não é seu dia de aula. - falo olhando para o livro novamente.

- Vim resolver umas coisas pendentes. - ele explica - Como vai você? E os pesadelos?

- Do mesmo jeito. - respondo seca.

- Gostei do seu cabelo... - dou um meio sorriso.

- Rogério acha que fiz isso para confrontá-lo. - falo.

- Tinha essa intenção quando pintou o cabelo? - o olho pensativa.

- Talvez... Um pouco. - confesso - Ele mandou tirar todas as fotos da minha mãe da casa. - suspiro.

- Isso te incomoda? - ele quis saber.

- O que me incomoda é pensar que ele pode querer colocar fotos de outra mulher no lugar. - respondo.

- Entendi... não quer que ninguém tire o lugar da sua mãe. - afirmo com a cabeça - Isso nunca vai acontecer, Isa. Sua mãe sempre será a sua mãe. - suspiro e levanto para guardar o livro - Não gosto de te ver mal. - ele diz atrás de mim.

- Não estou mal... - falo de costas para ele.

- Isa... - me puxa pelo braço, fazendo com que o olhe - Eu estou aqui com você, para o que der e vier.

- Você é apenas o meu professor de matemática. - falo grossa e me solto saindo da biblioteca em seguida.

Esbarro no Natanael no meio do corredor e o olho irritada.

- Para que dois olhos se não olha por onde anda? - ele pergunta.

- Você deveria tomar cuidado com o que fala. - digo ameaçadora.

- Está de mal humor? - sorri irônico - Que novidade.

- Não enche, garoto. - volto a andar e ele me segue ficando ao meu lado.

- A gente podia ser amigo, só depende de você. - ele diz.

- Não quero ser sua amiga. - falo seca.

- Vou continuar insistindo. - avisa - Não sou de desistir fácil.

- Você é chato. - falo.

- Talvez... - ele diz - Quer ir lá para casa hoje? A gente pode ver umas séries, algo do tipo. - dá de ombros.

- Por que quer tanto ser meu amigo? - pergunto parando para o olhar.

- Esse seu jeito tira minha concentração. - fala e sorri. Levanto a sobrancelha e cruzo os braços.

- O que quer dizer com isso? - pergunto. Já entendi o que ele quis dizer, mas preciso ter certeza.

- Nada. - responde depois de algum tempo - A gente se ver por aí, Isa. - se aproxima e me dá um selinho se afastando rapidamente, em seguida.
Não dou muita um importância para isso e vou para minha sala, pois o sinal tocou anunciando o fim do intervalo.

A Filha do DiretorOnde histórias criam vida. Descubra agora