Capítulo 16

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E mais uma vez eu estava aqui, na biblioteca da escola fugindo dos olhos de todos. Na verdade, hoje eu estava querendo descansar um pouco. Fiquei com medo de dormir durante a noite e ter pesadelo outra vez. Deito a cabeça na mesa e começo a cochilar.

- Isa. - ouço alguém me chamar e coloca a mão no meu ombro.

- Quê? -olho com uma expressão de sono para o professor Ruan.

- Tudo bem? - ele pergunta sentando perto de mim.

- Mais ou menos. - respondo bocejando e passo a mão no rosto.

- Sono? - afirmo com a cabeça.

- Não quis dormir para ver aquela cena outra vez. - falo.

- Não se incomode com minha presença, pode dormir. Só acho que aqui não é o lugar mais confortável para isso. - ele diz e sorri de lado.

- Tem sido mais confortável que minha cama. - falo suspirando pesadamente - Aquele travesseiro parece mais duro que essa mesa. - deito a cabeça novamente.

(...)

Acordo ainda muito cansada e vejo o meu pai me observando.

- Eu agradeceria se você me procurasse quando tivesse um problema. - ele diz.

- Bom... Na maioria das vezes, você está ocupado demais com o seu trabalho ou com alguma mulher. - falo séria.

- Podemos conversar sem discutir? - ele pergunta e dou de ombros - Por que não me conta o que tanto te tira o sono? - o olho surpresa.

- Você qu... - suspiro - Não estou a fim. - sussurro.

- Tudo bem, mas não devia dormir na mesa da biblioteca. - encaro minhas mãos - Ainda da tempo de assistir a última aula, se quiser. - ele fala. Levanto e vou para minha sala.

- Oi, professor... Acho que me atrasei um pouco, de novo. - falo e o professor Ruan sorri.

- Pode entrar, mas não se acostume. - entro na sala e sento no meu lugar.

- Tudo bem? - Natan pergunta sussurrando e afirmo com a cabeça.

Professor Ruan continua sua aula. Assim que o sinal toca, todos saímos da sala. Natan me acompanha.

- Você não parece legal. - ele diz me observando.

- Não dormir direito, só isso. - falo.

- Certeza? - ele pergunta.

- Certeza.

- Tem algo marcado para hoje à tarde? - paramos de andar perto do portão da escola.

- Não. - cruzo os braços.

- Topa tomar um sorvete comigo? - ele pergunta.

- Acho melhor não. - respondo tentando não parecer grossa.

- Por que não? - ele quis saber.

- Acho que não devíamos nos aproximar tanto, não sou a melhor pessoa para... - me interrompe.

- Acho que você é sim. - sorri e se aproxima.

- Natan... - me interrompe juntando nossos lábios. Não tento resistir ao beijo, pelo contrário, correspondo.

- Escola não é lugar para isso. - ouvimos alguém dizer e nos separamos olhando para o professor Ruan que nos observava sério.


-

Desculpa, professor. Isso não vai mais se repetir. - diz Natan.

- Espero mesmo. - diz Ruan.

- Vou indo, tchau Isa. - Natan sorri para mim e passa por Ruan para sair da escola. O professor me olhava sério, parecia com raiva.

- Que cara é essa? - pergunto confusa.

- Não é nada, Isabella. - diz frio - Da próxima vez que ver uma cena dessas, o diretor irá ficar sabendo. - suspiro irritada.

- Até mais, Ruan. - saio da escola e vou para minha casa. Vânia não estava em casa, o almoço não estava pronto e a cozinha na maior bagunça. Ligo para ela.

Ligação on...

Alô? Isa?

Vânia, onde você está?

Meu irmão sofreu um derrame. Precisei viajar às pressas, estou quase chegando na cidade que ele mora.

É sério isso?

Sim, Isa. Desculpas por não ter te avisado.

Tudo bem, Vânia. Cuida do seu irmão, espero que ele melhore logo.

Volto para casa assim que der, te ligo todos os dias.

OK, Vânia. Tchau.

Tchau.

Ligação off...

- Isso não vai dá certo. - falo observando a cozinha.

Umas três horas, meu celular vibra em uma mensagem. Era o Natan.

Mensagem on...

Oieh, Isa

Oi

Que "oi" seco, nossa

Fala logo o que você quer.

Aliás, como conseguiu o meu número?

Eu andei pesquisando por aí...

Aham... Sei

Não vai mesmo sair como hoje, não é?

Não

Que tal amanhã?

Não

E depois de amanhã?

Não

Semana que vem?

Não, desiste disso logo

Não vou desistir fácil. Vc ainda vai sair comigo!

Só nos seus sonhos. Até mais.


Mensagem off...

À noite, peço uma pizza espero mexendo no meu celular. Quase vinte minutos depois, a porta da frente se abre e meu pai entra segurando a pizza.

- Você pediu pizza? - ele pergunta.

- Quem mais? Alguma de suas vadias? - ele suspira e coloca a pizza na mesinha de centro, subindo as escadas logo depois.

Como metade da pizza assistindo televisão, o que não seria possível se Vânia estivesse aqui.


O

meu pai desce as escadas, sem o seu terno, e vai até a cozinha sem falar comigo. Logo depois, volta e senta ao meu lado.


- Parece que só temos pizza hoje. - ele diz.

- Chama alguma das mulheres que passam a noite contigo para cozinhar para você. - falo levantando.

- Para com isso, Isabella. - ele diz irritado. Vou para meu quarto.

A Filha do DiretorOnde histórias criam vida. Descubra agora