99- descanso

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Quando acordei do meu "descanso", comecei a reparar no quarto em que eu estava. Era simples, havia uma mesinha com um abajur ao lado da cama, uma porta que provavelmente dava no banheiro, uma cadeira do outro lado da cama e uma cômoda com umas 5 gavetas no canto do quarto. Tinha um tom de creme nas paredes. Como eu disse: simples.
Todo o meu corpo ainda doía, passei a mão pela minha testa e pude sentir alguns arranhões que provavelmente deixarão marcas, mas em um mundo assim, quem se preocupa com alguma cicatrizes? Acho que ninguém. Talvez aquelas garotas mimadas ou  senhoras da alta sociedade que provavelmente estão mortas. Não que eu esteja subestimado a capacidade dos outros, mas seria muito improvável encontrá-las agora.
  Ri com meus próprios pensamentos já que eu também não imaginava que poderia sobreviver tanto tempo.

Tentei me levantar para que pudesse ir ao banheiro ver como estava minha aparência. Mas eu nao lembrava que estava tão machucada.
Todo o meu corpo estremeceu, tudo doeu no mesmo instante que eu levantei. O piso gelado fez com que um arrepio percorresse todo o meu corpo.
Dei o primeiro passo e no mesmo instante uma dor agonizante se espalhou pela minha perna. Quando olhei para baixo vi que era q perna que Kayo havia cortado e percebi outra coisa também.

Eu: Merda.
  Falei quando vi que o curativo estava sujo de sangue.
Eu: Tá, mas onde estão minhas roupas.
   Falei ao perceber que estava apenas com uma grande camisa xadrez de mangas. Provavelmente minhas roupas estavam sujas demais e Denise as tirou.
Continuei caminhando devagar e com uma certa dificuldade ate o banheiro. Quando finalmente cheguei, abri q porta e dei de cara com um espelho.

Eu: Puta merda, minha cara está horrível.
  Falei enquanto me olhava no espelho. Estava toda descabelada, arranhões no rosto e algumas marcas roxas.
Entrei no banheiro e fechei a porta. Me sentei no vaso sanitário ainda coma tampa fechada e tirei o curativo da perna para ver se estava muito feio. Para minha surpresa não estava muito, todos os pontos ainda estavam lá, deve ter sangrado por ter forçado e por ser recente ainda. Não tinha como limpar ou trocar, então simplesmente coloquei de volta e me levantei. Fui ate a pia, lavei meu rosto e sai do banheiro. Não aguento mais ficar nesse quarto e não faz nem meia hora que acordei novamente. Tenho que pegar minhas roupas. Caminhei devagar até a porta para sair do quarto.

Abri a porta e fui caminhando pelo corredor até que fiquei tonta. Me encostei na parede para nao perder o equilíbrio e cair, comecei a ficar enjoada olhando para os dois lado na esperança de alguém vir me ajudar.

Eu: Pensa, Lauren. Ninguém vai vir se não ouvir barulho, sua idiota.
  Falei para mim mesma.
Eu: Denise? Denise!
  Gritei para que a mesma viesse ate mim. Eu só tenho péssimas ideias, meu Deus. Quem que acaba de acordar depois de ser espancada e vai tentar andar?
Continuei olhando para o final do corredor esperando Denise.
Eu: Denise, por favor!
  Falei num tom de voz já mais baixo que o anterior. O enjoo estava aumentando então estava com medo de falar demais e acabar vomitando ali mesmo.
Já estava encostada na parede, então fechei meus olhos e abaixei a cabeça.

Denise: Lauren? O que você está fazendo fora da cama?
  Falou chegando perto de mim, de imediato eu olhei pra ela.
Eu: Me ajuda. Eu so queria sair um pouco, não aguentava mais aquele quarto, mas comecei a enjoar.
  Falei quase chorando. Não sei o porquê, mas eu queria chorar.
Denise: Você está grávida, Lauren. Lembra? É claro que voce vai enjoar. Vem, vou te ajudar e explicar algumas coisas.
Eu: Para de repetir isso, ainda me assusta.
   Falei e ela foi me ajudando a ir ate o quarto.
Denise: Você quer vomitar? Ou quer ir direto para a cama?
Eu: Pra cama, por favor.
  Falei e ela me ajudou a chegar até a cama e me deitar. Depois disso, ela pegou a cadeira que havia ali perto, colocou perto da cama e se sentou.
Denise: Primeiro você já deveria saber que não pode sair da cama. Pelo amor de Deus, Lauren, você tem pontos na perna!
  Disse e eu comecei a chorar, novamente sem motivo.
Denise: Pare de chorar, por favor. Isso são os hormônios borbulhando dentro de você por conta da gravidez, o enjoo, tontura e alguns desejos estranhos também vêm disso. 
Eu: Eu sei. Desculpe.
  Falei tentando parar de chorar e secando as lágrimas em meu rosto.
Denise: Tudo bem, querida. Voce disse que queria sair desse quarto, não foi?
  Falou e eu assenti com a cabeça.
Denise: Certo, mas infelizmente eu nao posso deixar você fazer isso agora, entende? Tem 6 pontos na sua perna, não podemos fazer com que eles abram, acredite, você não quer isso.
Eu: Tudo bem, mas traga algo para me distrair, é uma merda ficar olhando para essa parede.
   Falei manhosa enquanto olhava pra ela, a mesma sorriu.
Denise: Tratei, eu prometo.
  Disse e eu sorri de volta.
Denise: Ah, tem uma coisa que eu ia esquecendo. Antes de você ter essa ideia torta e querer sair da cama, eu estava no quarto do seu namorado...
Eu: E então?
  Falei um pouco animada e bastante esperançosa que ela falasse algo bom.
Denise: Fiz alguns testes com ele, para saber sobre o sistema nervoso e toda aquelas coisas que você não está interessada, mas tenho uma notícia. Quando eu passei o palito sobre a perna dele, o mesmo mexeu os dedos, o mesmo aconteceu quando passei no braço. Lauren, não falta muito para que ele acorde e possa ver esse sorriso lindo novamente.
   Falou pra mim e enquanto ela falava cada palavra, mais sorridente eu ia ficando.
Eu: Agora eu posso chorar?
   Falei ja com as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, mas o sorriso continuava.
Denise: Direito seu, querida
    Falou sorrindo junto comigo.
Eu: Por favor, Denise, deixe-me vê-lo.
   Falei quase que implorando a ela.
Denise: Infelizmete não posso fazer isso, nao agora, não hoje. Mas vamos fazer um trato. Se você prometer e cumprir que vai ficar quieta nessa cama, que quando precisar irá me chamar e se estiver melhor amanhã, eu levo você até lá.
Eu: Claro que prometo.
  Falei sorrindo para ela. So em pensar que veria Carl, faria qualquer coisa.
Denise: Tudo bem, vou trocar seu curativo agora.
  Falou e eu olhei de imediato para minha perna ainda coberta pelo lençol. Havia uma pequena mancha de sangue nele.
Eu: Talvez seja necessário uma nova coberta.
  Falei meio sem jeito.
Denise: ah, verdade. Vou providenciar isso.
  Falou e saiu, não demorou mais que 5 minutos para que ela aparecesse na porta novamente e a fechasse logo após passar.
Denise: Vamos trocar isso agora.
   Falou se sentando na cadeira que estava antes e colocando a caixa branca que havia trago no chão ao seu lado. Tirei a coberta de cima da perna e vi meu curativo completamente sujo de sangue.
Eu: Merda.
  Falei olhando para aquilo, espero não ter rompido nenhum ponto.
Denise: Vamos ver... parece que não arrebentou nada, só sangrou por ser recente e ter sido forçado.
  Falou depois de tirar o antigo curativo sujo. Pegou a caixa que estava no chao e abriu ela deixando a mesma em cima da cama começando a vasculhar a mesma. Logo depois, pegou um frasco de vidro e uma bola de algodão, molhou o algodão com o que havia no frasco e começou a passar pelo ferimento.

Eu: Ai, Ai, ai.
   Falei quando a mesma passou o algodão.
Denise: Deixe de frescura, Lauren.
Eu:Eu vou passar isso no seu olho pra você ver a frescura!
   Falei e ela riu, não deu muito ouvidos a todas as minhas reclamações e continuou limpando.
Quando a mesma acabou, vasculhou a caixa novamente, quando parou, tirou uma embalagem de plástico.
Denise: Está vendo? Não morreu.
   Falou num tom brincalhão.
Denise: Agora irei colocar um curativo novo e limpo.
  Falou tirando o mesmo do plástico e colocando em cima do ferimento.
Eu: Obrigada, Denise.
  Falei sorrindo.
Denise: Por nada. Ah, já ia esquecendo da sua coberta.
  Falou levantando-se e indo até a cômoda no canto do quarto. Abriu a segunda gaveta de cima e tirou uma coberta cor de vinho de lá.
Eu: Obrigada de novo.
  Falei quando ela me entregou a mesma e pegou a coberta suja. Pegou também a caixa branca e saiu do quarto. Me cobri novamente e percebi que ela havia deixado um livro em cima da cama, provavelmente estava em baixo da caixa. Peguei o mesmo e li o título.

Eu: Não acredito que Denise me deixou com "A saga crepúsculo: amanhecer".
  Falei sorrindo.
Eu: Pelo menos ninguém morre e esse é bom, mas preferia eclipse.
  Me encostei na cabeceira da cama e comecei a ler totalmente despreocupada com a hora e todo o resto.

A girl in an apocalypseOnde histórias criam vida. Descubra agora