Já estava há alguns minutos abraçada com Carl, ele estava encostado no braço do sofá e eu deitada por cima dele, típica cena de filme clichê adolescente. Ele estava fazendo carinho na minha cabeça, fazia pouco tempo que eu tinha parado de chorar, que eu tinha me acalmado. Era reconfortante, tudo que Carl me disse, tudo que ele me fez senti, ele tinha o poder de me fazer bem, não importava o tamanho da tempestade que estava dentro de mim, ele sempre me deixava bem novamente.
Estava tudo perfeito naquele momento até eu sentir uma pontada no pé da barriga. Droga! Tenho certeza que não deve ser nada, tenho certeza que tomei todos os remédios que Denise me mandou tomar, não que eu entendesse muito daquilo, mas sempre seguia o que ela mandava, estou tomando todos os cuidados necessários, não pode ser alguma coisa. Não quero que Carl saiba dessa gravidez por uma dor, quero que ele saiba em um momento de alegria para possivelmente ele levar a noticia para um bom lado.
Tentei me alinhar no corpo de Carl de uma forma que ficasse mais confortável, de uma forma que a dor cessasse e eu pudesse pensar mais no assunto e aproveitar mais alguns minutos dessa paz absoluta. Percebi que ele estava quase cochilando quando comecei a me mexer, ótimo, meu plano foi por água abaixo.
Carl: Há algo errado?
Disse olhando para mim com um olhar sonolento, ele estava mesmo cansado.
Eu: Não, está tudo bem, só minhas costas que começaram a doer, deve ser a posição.
Menti na cara de pau, se a dor não passar terei que fazer alguma coisa, Carl não é muito fã de mentiras mesmo que seja uma mentira pequena, eu também não gosto muito de mentir, mas ultimamente estou pegando a prática nisso, um pouco controvérsia e ao mesmo tempo hipócrita.
Carl: Tudo bem, se ajeite então.
Falou ao fechar novamente seus olhos. comecei a me mexer devagar e com cuidado para não machucar ele com uma possível cotovelada ao me deitar de lado, mas ao me deitar novamente senti uma pontada mais aguda, parecia uma cólica forte que me deixou uma única reação, um gemido de dor que eu tentei ao máximo conte-lo.
Eu: Aah! Inferno!
Falei por fim ao perceber que mesmo rangindo os dentes, não consegui conter minha reação com a dor. Não ia conseguir deitar por cima de Carl naquela posição, na verdade, não iria conseguir deitar de jeito nenhum, estava doendo e eu já não sabia como conter minhas expressões. Me sentei, coloquei as pernas pra cima e apertei elas contra minha barriga, não tinha ideia se aquilo iria ajudar ou piorar, mas eu tinha que tentar alguma coisa.
Carl: Tem como você me falar o que realmente está acontecendo? E não me diga que não é nada, você acabou de gemer de dor na minha frente.
Disse preocupado e parcialmente irritado.
Eu: Eu não sei!
Já com os olhos lacrimejados, olhei para ele para falar com a voz um pouco embargada.
Carl: Pare de mentir para mim!
Falou mais alterado e se sentando ao meu lado no sofá, acho que ele desistiu de esperar a resposta deitado como estava antes.
Eu: Não estou mentido, não dessa vez. Confesso que menti quando disse que era dor nas costas, mas não estou mentido agora, eu não sei o que está acontecendo, eu...
Quando iria terminar a frase, outra pontada aguda me pegou de surpresa fazendo com que eu gemesse de dor novamente, mas dessa vez não tinha porquê tentar disfarçar, Carl já estava ciente que estava acontecendo alguma coisa.
Carl: Por favor, me diga o que está sentido, estou começando a ficar mais aflito ainda. Quero ter cabeça pra te ajudar antes que eu comece a surtar de preocupação.
Disse passando o braço por cima do meu ombro me puxando para mais perto dele, assim, me encostei em seu peito deixando as lágrimas rolarem.
Eu: Dói... Dói demais. Eu não sei o porquê.
Falei com voz de choro levantando a cabeça um pouco para olhar em seus olhos e evidentemente, Carl estava prestes a surtar.
Carl: Pode ser cólica, dor de estomago ou algo do tipo? Você não tira a mão da barriga. Quer um remédio?
Eu: Não precisa pegar remédio pra mim, só fica aqui comigo.
Carl: Não precisa ter vergonha, pode falar o que tá sentido.
Mal sabe Carl que eu queria muito falar pra ele que tava sentido uma cólica infernal, mas minha menstruação está atrasada iria fazer 3 meses.
Eu: Acredite, se fosse alguma dessas coisas que você disse, eu saberia e te diria, mas nunca senti dor igual essa.
Falei ao me aconchegar mais ainda para perto dele, feito uma criança que caiu de bicicleta e só queria um abraço forte da mãe.
Carl: Tenho que levar você até Denise, ela vai saber o que fazer.
Eu: Não vou sair dessa forma, muito menos conseguirei andar até lá se caso a dor ficar mais forte.
Carl: Eu também não irei sair do seu lado, não agora.
Foi então que escutamos alguém abrir a porta, era Michonne. Por tudo que é mais sagrado, nunca fiquei tão feliz em vê-la.
Carl: Michonne! Faça um favor pra mim.
Falou apressado, a mesma nos olhou um pouco confusa.
Michonne: Claro, mas o que aconteceu? Lauren, por que está chorando?
Falou ao se aproximar do sofá um tanto quanto preocupada.
Eu: Sem perguntas Michonne. Vá até Denise o mais rápido possível e diga que estou com dores fortes. Ela saberá o que é. Traga ela o mais rápido que... Aah!
Carl: Rápido, Michonne!
Dito isso, Michonne deixou sua katana cair no chão e saiu correndo pela porta. Não queria fazer tanto alarde, não queria parecer tão desesperada, parece até que alguém levou um tiro, mas se for algo sério, essas dores podem resultar num aborto espontâneo, e se eu não queria que Carl soubesse sobre a gravidez através de um dor, quero muito menos que ele saiba dela através da perda da mesma.
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A girl in an apocalypse
RandomImagine uma garota sozinha em meio a um apocalipse... Nada bom, não é? Mas não pelo fato dela ser uma garota, mas sim porque esse apocalipse... é zumbi! Em um mundo pós apocalíptico, Lauren tenta seguir sua vida, mas várias coisas acontecerão, po...