134- Apaziguar

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Eu: En-entre...

Falei gaguejando. O mesmo entrou vagarosamente e fechou a porta, ele parecia meio receoso de entrar ali, talvez porquê todas nós estávamos olhando fixamente para ele.

Carl: Eu posso falar com você? A sós?

Disse coçando a nuca, imediatamente Michonne mudou seu olhar para brava.

Michonne: Não, não pode! Você não pode simplesmente surtar com ela e quando bem entender voltar aqui como se nada tivesse acontecido.

Quando eu fui abrir a boca para tentar acalmar Michonne, Carl fala na minha frente.

Carl: Olha, Michonne, eu tenho um imenso respeito sobre você, eu te admiro imensamente, mas o assunto é sobre Lauren e eu, quem deve decidir se quer ou não falar comigo é ela!

Denise apenas acompanhava a pequena discussão com os olhos.

Eu: Vocês podem se acalmar?! já perceberam que eu estou sempre tentando apaziguar as situações?

Disse me sentando na cama olhando para Carl e Michonne.

Denise: Lauren tem razão, não acham que está na hora de vocês pararem pra pensar um pouco e pensar na pessoa mais afetada nessa situação?

Eu: Obrigada, Denise. Michonne, obrigada por ter me defendido, mas dada as circunstancias não é tão incomum Carl ter surtado, eu mesma surtei quando soube, gritei com Denise que não tinha nada haver com a história. E sim, Carl, nós podemos conversar, mas irei ao meu antigo quarto quando acabarmos.

Carl: O que? Mas por quê?

Eu: Ainda tenho o direito de querer ficar sozinha com meus pensamentos, Carl? Michonne, pergunte a Rick se há algum problema em eu passar a noite aqui, amanhã cedo eu volto pra casa de Abraham.

Michonne: Tenho certeza que Rick não verá problema algum em ter você de volta aqui sem se importar com o tempo.

Denise: Agora vamos deixar vocês conversarem.

Falou e saiu junto com Michonne que fechou a porta ao passar.

Carl: No caso você prefere a casa de Abraham do que a minha?

Disse cruzando os braços.

Eu: Não, Carl, eu preferia ficar aqui com você, mas isso era antes de você surtar comigo e sair sem mais nem menos.

Falei passando a mão pelos meus cabelos.

Carl: Juro que não te entendo, Lauren. Eu tento, tento de verdade, mas não da! Você falou de mim por ter fugido e agora que está fugindo é você.

Eu: Você acha que eu estou fugindo? Eu sou a única pessoa aqui que não pode fugir! Você poderia abstrair e fingir demência por aí, poderia simplesmente me deixar por não querer ser pai, e eu?! Iria me matar para criar essa criança sozinha, iria literalmente me matar já que eu não sei se posso sobreviver a esse parto! Eu tive a brilhante ideia de manter essa criança para podermos decidir juntos sobre ela. Eu poderia simplesmente ter abortado, poderia ter tirado ela assim que soube mas achei que você tivesse o direito de saber que será pai.

Carl: Você pensou em abortar? Você realmente faria uma coisa dessas?

Disse completamente indignado.

Eu: É obvio que sim! Meu corpo, Carl, minhas decisões sobre ele. Você entende que eu posso morrer, não entende?

Carl: Sim, Lauren, eu entendo, mas...

Eu: Mas nada! Eu nunca sonhei com isso, mas veja bem, eu tinha 9 semanas para decidir se iria ou não manter essa criança, mas decidi que queria você comigo nessa decisão tão importante, só que eu demorei demais para te contar pois estava com medo de exatamente a reação que você teve há minutos atrás.

Falei e baixei a cabeça apoiando a mesma em minhas mãos. Senti Carl se sentar ao meu lado e passar as mãos em minhas costas na tentativa de me acalmar.

Eu: Eu não posso fugir dessa situação, Carl. Eu sou a única pessoa que não pode...

Continuei com a cabeça abaixada, não conseguia olha-lo.

Carl: Você só pode estar louca em achar que eu te deixaria numa situação dessas. Você não fez essa criança sozinha, eu tive uma pequena grande participação nisso tudo.

Foi ai que consegui olha-lo. Carl me olhava com um sorriso fraco.

Eu: Mas eu ainda vou voltar para a casa de Abraham amanhã cedo.

Falei e ri sem graça da careta que ele fez.

Carl: Ainda não concordo com isso.

Disse me abraçando de lado, encostei a cabeça em seu ombro e suspirei.

Carl: Você poderia me contar o porquê de ter gritado com Denise quando descobriu sobre a gravidez?

Eu: Não foi por querer, eu juro, mas eu fiquei nervosa. Ela praticamente me prendeu no banheiro até que eu fizesse o bendito teste de gravidez. Quando vi positivo, eu fiquei em choque, fiquei extasiada olhando pra aquele bendito negocinho.

Carl apenas me olhava sem falar nada, nem murmuros saíram dele o que foi estranho.

Eu: Queria te pedir algo.

Carl: Qualquer coisa, diga.

Eu: Queria pedir para não contar a ninguém por hora. Não estou preparada para ver todos me olhando estranho, ou me tratarem como se eu estivesse doente, o Abraham por exemplo me trata as vezes como se eu fosse quebrar.

Carl: Acho uma boa ideia mas como assim o Abraham já sabe?

Disse me olhando com as sobrancelhas franzidas.

Eu: Eu tive e conta-lo, estou vivendo na mesma casa que ele, uma hora ou outra ele iria perceber e você não acha que deveria ter alguém cuidando de mim?

Menti na cara de pau mais um vez, não foi assim que Abraham descobriu, não foi nem perto disso.

Carl: Acho sim, você não é bem um exemplo de pessoa com total coordenação motora e controle dos seus pés.

Aquilo me fez lembrar do real motivo de eu ter vindo para cá, do meu tornozelo todo arrebentado por eu ter tropeçado.

Carl: Mas eu preferia que essa pessoa fosse eu!

Eu: Eu não vou te explicar tudo de novo, Carl. Mas também não vou te julgar por isso.

Carl: Vamos combinar de você não me esconder mais nada, mesmo que você tenha medo da minha reação, só me conta, Lauren. Certo?

Foi aí que eu lembrei da invasão em Alexandria, lembrei do sequestro, lembrei da surra que Kayo deu em mim e em Abraham...

Eu: Ce-certo.

Carl: Pare de gaguejar se não irei achar que você está escondendo algo de mim e você não está, não é?

Eu: Não, não estou.

Falei e forcei um sorriso.

Carl: Muito bem.

Falou e me deu um selinho.

Carl: Eu te amo, nunca esqueça disso.

Eu: Também te amo.

A girl in an apocalypseOnde histórias criam vida. Descubra agora