Capítulo 3

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Pedro

O bolo já havia sido cortado e agora a casa estava completamente vazia, meus pais já haviam subido para o quarto, enquanto Maya e Dylan se agarravam no sofá da sala, próximo a lareira, afinal a noite estava realmente sendo bem fria.
Estava sentado no outro sofá, quase vomitando vendo aquela pegação.
Ouvi alguém pigarrear discretamente e meus olhos pousaram sobre Thais, sentada na banqueta da cozinha e mordia o canudo que estava dentro de uma copo piscante, já vazio. Nesse momento minha mente fértil fez um viagem louca, onde aquela boca que brincava mordiscando o pequeno canudo, brincava com meu corpo, de preferência com um meu amigo, que já estava pronto para aquela partida.
Me levanto e rapidamente me encontro ao seu lado, minha mão sorrateiramente enlaçando sua cintura, dando-lhe um breve aperto, o bastante para ouví-la gemer baixinho, me deixando ainda mais louco. Seus olhos grudaram aos meus e por mim, atacava seus lábios ali mesmo, mas mesmo sendo um galinha, nunca curti platéia. Queria Thais apenas sob meu olhar e controle.
- Quer sair daqui? - Falei baixo colocando uma mecha de seu cabelo detrás de sua orelha.
A vi ruborizar e assentir com a cabeça. Foi minha vez de gemer de modo quase inaudível, afinal esse jeito menininha tímida, me dava tesão só de imaginar a leoa faminta que era entre quatro paredes, ou no banco de trás do carro, tudo depende da minha enlouquecida vontade de estar acolhido dentro dela.
Peguei em sua mão, entrelaçando meus dedos aos seus e juntos fomos para meu carro, nem sendo notados pelo casalzinho que ainda se agarrava no sofá e agora a mão de Dylan, se escondia por dentro da calça de minha irmã, enquanto a mesma arranhava suas costas.
Queria soltar um "vão para o quarto!", mais me contive, afinal não queria ser visto e muito menos questionado sobre o final da minha noite. Portanto, me apressei em entrar no carro na companhia de Thais, que me olhava com olhos brilhantes e um sorriso meigo nos lábios. Me aproximo lentamente e lhe dou um simples selinho, sentindo o gosto de sua bebida de menta e a maciez daquela boca que me incentivava a continuar, mais eu me afastei.
Liguei o som e minha música favorita começou a tocar, nos embalando noite a dentro. Girei a chave, ouvindo o ronco delicioso do motor, me virei para Thais e estendi a mão. Ela entrelaçou os dedos aos meus prontamente, e seu sorriso não parava de crescer. Beijei os nós de seus dedos e partimos para meu apartamento.

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Agora aqui estava eu, tomando um belo banho, depois de uma foda mais foda, que já tive em toda minha vida. Aquela mulher era realmente uma leoa e soube me satisfazer da melhor forma possível.
Ouvi o box se abrir e logo senti suas mãos sob meu peitoral e senti seu corpo colado a minhas costas.
Que invasão de privacidade é essa? Suspirei concordando com meu subconsciente. Tivemos sim, um momento prazeroso e íntimo agora pouco, momento esse que durou horas, mas dividir um mesmo chuveiro, é um pouco demais.
Me virei para a mesma, sorri sem vontade e a deixei sozinha. Enrolei a toalha na cintura e andei até o quarto, vestindo uma calça de moletom e uma blusa de manga que deixa bem evidente meu corpo atlético, que eu com muito esforço mantenho.
- Tudo bem? - Ouço Thais perguntar e ao me virar, a vejo completamente nua, encostada no batente da porta. Meus olhos percorrem todo seu corpo e voltam ao seus olhos que queimam de fogo, desejo e de vontade de fazer parte da minha vida, coisa que não vai rolar.
- Sim! - Me abaixo e pego sua roupa largada no chão e jogo para ela - Se vista, vou te deixar na sua casa!
- Eu pensei que pudesse ficar... - Ela largou a roupa de lado e caminhou em minha direção, com aquela sensualidade que só ela tinha.
- Estou cansado! Fica para outro dia! - pego em seu queixo e deixo um selinho casto em seus lábios, volto a ir até suas roupas e estendo a ela - Agora se vista, tenho que te deixar em casa!
A vejo puxar as roupas de minha mão e se vestir com um bico, como se fosse uma criança.
Resolvo deixá-la sozinha e desço para a cozinha, pegando uma maçã e dando uma boa mordida. Nesse momento meu celular vibrou e ao pegá-lo vi que se tratava de Dylan, atendi dando outra mordida na maçã.
- E aí cachorro? - Falei notando um silêncio ensurdecedor vir do outro lado da linha, só dando mais ênfase ao suspiro longo que meu amigo deu e eu já pude imaginar o motivo.
- Onde você está? Sumiu! - Dylan perguntou com um tom de voz frustrado e eu quis rir.
- Fui terminar de comemorar meu aniversário.. - Neste instante, ouvi os passos de Thais e ergui a cabeça vendo a parar a alguns metros de mim e cruzar os braços. Sua feição agora era de tristeza -...alguém tinha que desembrulhar meu presente né? - Sussurrei para Dylan, a fim de que ela não pudesse me ouvir.
- Ah filho de uma puta! - Ouvi meu amigo gargalhar.
- Olha lá como fala da minha mãe seu trouxa! - Rosnei para o telefone mas logo ri - E a sua noite, como foi? - Perguntei já sabendo a resposta.
- Prefiro nem comentar! - Dylan bufou - Fico feliz ao menos em saber que você se divertiu!
- Gay! - Gritei para o telefone e ouvi de fundo, Thais suspirar. Revirei os olhos e a olhei, ela estava cabisbaixa e parecia estar com o pensamento longe - Irmão, te ligo depois!
- Mais uma rodada de... - Antes que ele pudesse terminar aquela frase erótica e pervertida, desliguei a ligação e enfiei o celular no bolso. Foi minha vez de pigarrear e vi Thais erguer o olhar entristecido para mim, quase senti dó,  mais achei que ela estava criando uma tempestade num copo d'água. Afinal não é um adeus, nos veremos novamente.
- Vamos? - Perguntei e a vi acenar positivamente com a cabeça e depois me seguir calada até o carro.
Novamente liguei o som, deixando o som ficar entre nós,  impedindo uma conversa chata.
Thais tentou segurar minha mão, mais mantive ambas apertando o volante. Ela então virou a cara para a janela e ficou observando o nada.

Maya

Estava num sonho picante com Dylan, quando fui despertada pelo meu celular tocando baixo, ao lado da cabeceira da cama. Antes de atender olhei o relógio e já passava das 03h00 da manhã. Quem poderia ser?
Quando peguei o celular e vi o nome de Thais na tela, senti urgência, afinal éramos melhores amigas e tínhamos um combinado de que não importa a hora, se uma precisasse da outra, nada mais importava, a não ser ajudar.
- Amiga? - Atendi ainda meio sonolenta, porém preocupada com sua ligação aquele horário.
Tudo que ouvi do outro lado da linha foi um choro desesperado e que me partiu o coração.
- Thais? Thais você está chorando? - Me coloquei sentada na cama imediatamente - O que houve?
- Seu...Seu irmão... - Ela ao menos conseguia terminar uma frase, na verdade ela nem conseguia formar uma frase, porém Thais havia me dado às palavras chaves e conhecendo Pedro como eu conhecia já era capaz de imaginar toda merda que ele havia feito.
- Eu vou matar aquele muleque! - Esbravejei e não demorou muito para que minha mãe aparecesse abrindo a porta, esfregando os olhos e vestindo uma camisola de seda que lhe caia muito bem.
- Que gritaria é essa minha filha? - Ela se aproximou e se sentou na beirada da cama.
- Thais, minha mãe está aqui, colocarei no viva voz e você conta tudo! - Esperei até que ela concordasse e então coloquei o celular sob a cama ativando o viva voz - Certo, amiga, nos conte tudo!
Ouvi Thais respirar fundo e então começou a nos relatar a maneira como Pedro a havia tratado como um objeto, que ao conseguir o que queria, a descartou facilmente. Minha mãe ouvia tudo horrorizada e em alguns momentos a vi secar uma lágrima no canto do olho, que eu não conseguia saber o motivo. Mas esperava que agora ela entendesse que seu precioso filho, precisava de um basta, ou do contrário ele continuaria tratando as mulheres como lixo, assim como ele fez com a minha amiga.
- Eu tenho um pouco de culpa sabe, o instiguei,  o provoquei...  Eu também quis me deitar com ele, mais... 
- Não fale assim! - A interrompi antes que continuasse a se rebaixar daquela maneira - Meu irmão é um ser repugnante, e você não tem culpa alguma de ter caído na lábia dele!
Minha mãe soltou um gemido e quando a olhei, ela estava as lágrimas e com a mão pousada no coração, quando quis me aproximar, ela se levantou,  me deu um sorriso fraco e saiu do meu quarto.
Agora eu te odeio, mil vezes mais Pedro, por fazer minha amiga e nossa mãe sofrer!

Um Anoitecer (Livro lll - TRILOGIA FASES DO DIA)Onde histórias criam vida. Descubra agora