Pedro
Estava a caminho do galpão, onde o caminhão havia se escondido mantendo minha garota em segurança. Enquanto isso, Erick havia voltado a mansão, pois por meio da sala de controle, ele conseguia manusear o drone equipado com câmera, que dirigia o carro falso a caminho do precipício.
Quando estacionei diante do galpão, meu coração estava a ponto de sair pela boca. Fui me aproximando passo a passo, e antes mesmo que eu pudesse bater na porta, ela foi aberta pelo motorista do caminhão que me olhava com certa urgência.
- O que houve? - Perguntei acionando o botão de alerta dentro de mim no mesmo instante.
Ele apenas baixou a cabeça, sem encontrar palavras para me dizer o que quer que fosse e se afastou me dando espaço para entrar. Me apressei e vi o carro já fora do compartimento, e Hugo de pé do lado da porta do passageiro que estava aberta. Corri até o mesmo e quando seus olhos pousaram em mim, veio primeiro o ódio, mas depois ele respirou fundo e fechou os olhos, quando tornou a abrí-los pedia perdão com o olhar, apenas assenti e me abaixei na direção de Joana, que estava desacordada.
- O que aconteceu? - Perguntei enquanto acariciava sua bochecha levemente.
- Não sei - Hugo respondeu se afastando - Eu desmaiei logo quando adentramos o caminhão e quando acordei ela estava assim! Cansei de tentar acordá-la, mas ela simplesmente não reage!
Eu permaneci a olhando, admirando cada detalhe de seu rosto e vendo que eu não dava atenção a ele, Hugo se afastou ainda mais, indo conversar com o motorista que se mantinha próximo a porta.
- Ei, amor - A chamei bem baixinho enquanto deslizava o polegar em sua face - Sou eu, Pedro! Estou aqui, estamos juntos de novo... Mas você precisa acordar!
Joana mantinha-se imóvel, ainda com os olhos fechados. Então uma idéia me ocorreu, meio boba confesso, mas não custava nada tentar. Portanto, me aproximei ainda mais dela e delicadamente uni meus lábios aos dela, sentindo aquele toque macio novamente e inspirei seu aroma inebriante de canela. Assim que me afastei, já desejava outra vez seu carinho, mas ansiava que ela despertasse, para ao menos retribuir e eu poder ver o brilho dos seus olhos, a calmaria do seu sorriso.
- Joana... - Dentro de mim, o medo começava a se formar, pelo motivo dela não acordar - Por favor meu amor.... Preciso de você!
Ela enfim, suspirou e bem devagar abriu os olhos, piscando algumas vezes antes de virar o rosto e me olhar.
- Amor? - Era a primeira vez que ela me chamava assim, e eu explodi de felicidade, a puxando para mim e a abraçando.
- Estou aqui, estou aqui! - Lágrimas de felicidade se acumularam quando eu a senti, recuperar as forças e me abraçar com toda força que conseguia.
Nos soltamos e eu a olhei nos olhos, vendo que também chorava, mesmo tendo um sorriso amplo e maravilhoso nos lábios.
- Por que está chorando? - Perguntei secando seu rosto molhado.
- Você me trouxe de volta... - Ela falava agradecida, porém eu não conseguia compreender - Eu estava num lugar escuro, sentia frio e estava sozinha... - Conforme ela falava, eu me recordava dos dias em que fiquei em coma e estava exatamente no mesmo lugar que ela relatava agora - Foi a sua voz que me fez encontrar a saída! Eu tive tanto medo...
- Shiiiiiu... Você acordou! Estou aqui com você e sempre vou estar! Eu prometo! - Minha mão se acomodou em sua bochecha, e Joana segurou minha nuca, trazendo minha boca a sua e nos beijamos e ficaríamos horas assim, se não fosse o toque do meu celular, quebrando todo nosso clima.
Rimos juntos e eu me afastei, encostando no capô e atendendo o celular.
- Sim? - Eu nem havia visto quem me ligava. Meus olhos não deixavam Joana, que lentamente saia do carro e olhava ao redor.
- Sr. Camargo! - Erick me chamava do outro lado da linha e eu redobrei minha atenção.
- Sim, Erick... E então? - Joana me ouviu falar o nome do meu melhor segurança e se aproximou muito preocupada.
- Está feito!! - Ele falou num tom sério - Os perseguidores permaneceram no local, enquanto o carro falso caía do precipício e depois explodia!
Só de pensar que esse era o plano sórdido de Thais, que era isso que ela queria que acontecesse com a minha namorada, meu sangue fervia e cerrei a mão livre em punho. Joana imediatamente percebeu, e então forçou para reabrir minha mão e entrelaçou seus dedos aos meus.
- Eu estou aqui! - Ela sussurrou para mim - Você me salvou! - E somente essas poucas palavras me fizeram relaxar.
Erick sabia do meu estado e era profissional o suficiente, para permanecer em silêncio, aguardando que eu falasse algo.
- Erick? - O chamei e ele respondeu no mesmo instante - Precisamos de provas que liguem aquela desgraçada ao crime, para que então ela possa pagar por isso! - Pedi num tom autoritário - Mesmo que tenhamos certeza que foi ela, as autoridades não vão simplesmente acreditar em nossas palavras!
- Providenciarei isso agora mesmo, senhor! - Erick respondeu e então eu encerrei a ligação. Fechei os olhos e bufei, foi quando senti os braços de Joana ao redor do meu pescoço, e prontamente eu retribuí, aliviado por tê-la aqui junto de mim.Hugo
Eu já não aguentaria mais um segundo aqui, Joana estava nos braços de Pedro e eu sabia que era onde ela queria estar, portanto eu não tinha mais nada para fazer aqui.
- Eu quero sair! - Desviei o olhar deles e me voltei para o motorista.
Entretanto antes que ele pudesse responder qualquer coisa, ouvi passos e então Pedro se aproximava de mãos dadas com Joana.
- Hugo, quero te agradecer.. - Ele começou a falar - Obrigado por seguir corretamente as instruções e manter Joana a salvo! - Então ele estendeu a mão.
- Claro! - Apertei brevemente sua mão estendida - Eu faria qualquer coisa para vê-la bem... - Nesse momento, meus olhos pousaram sobre Joana que tinha uma expressão no rosto, como se pedisse desculpas, então veio até mim e me abraçou.
- Você está bem? - Ela perguntou.
- Sim, sim... E você? - Envolvi meus braços a sua cintura e por uma última vez, inspirei seu cheiro.
Joana apenas concordou com um som vindo de dentro da garganta, antes de me soltar e voltar para perto de Pedro, que diferente de mim, estava completamente tranquilo e não louco de ciúmes.
- Agora eu preciso mesmo ir... - Falei já me afastando, mas parei e os olhei novamente - Pedro, obrigado por poupar minha vida, sabendo que eu fazia parte disso tudo!
- Tranquilo irmão - Ele falou sorrindo - Eu sei que se soubesse o plano real da Thais, jamais aceitaria! Você foi tão vítima quanto Joana!
Sorri agradecido e adentrei o carro de meu pai, ligando o motor e saí dando ré pela porta que o motorista do caminhão mantinha aberta. Olhei para Joana mais uma vez e então segui meu caminho.
As lágrimas escorriam pelo meu rosto e meu coração começava a aceitar o que minha mente já planejava a algum tempo.
Depois de alguns longos minutos, estacionei diante da portaria do residencial de luxo, que Thais morava e tratei de secar o rosto molhado e melhorar a feição, quando baixei o vidro e cumprimentei o porteiro que me olhou sorrindo.
- Oi, vim ver a srta. Monteiro! - Anunciei.
- Sinto muito, mas ela saiu faz alguns minutos! - O porteiro me contou e eu tive de me segurar para não demonstrar a raiva.
- Mais é teimosa né - Falei disfarçando - Disse que a buscaria aqui e pelo jeito resolveu ir na frente! Enfim, obrigado chefe! - Acenei para o porteiro e dei meia volta.
Quando já estava na estrada, peguei o celular e pesquisei a localização dela, por meio do seu número e fui notificado que ela estava num restaurante chique. Pisei fundo no acelerador e parti para lá, porém antes passei num amigo para pedir um favor.*************************************
Aqui estava eu, parado do lado de fora do restaurante. Meus batimentos cardíacos estavam tão acelerados que eu tinha medo de cair duro a qualquer momento. Mas eu tinha algo para resolver, então respirei fundo, procurando me acalmar.
Alguns minutos de espera e então vi Thais deixar o restaurante, claramente bêbada e ainda segurando uma garrafa de champanhe. Ela ria e era amparada por um homem, e pelo modo como ele estava vestido, notei que era seu motorista.
Desci do carro e caminhei até a mesma.
- Algo a comemorar Thais? - Assim que o motorista se virou, nos deixando de frente, saquei a arma e atirei na perna dele, o fazendo cair e derrubar ambos no chão. Thais estava tão bêbada que mal podia se levantar, mais seus olhos focaram em mim, com uma enorme interrogação estampada em seu rosto.
- Você? - Ela estava quase aterrorizada - Não, não é possível! Você... Você devia...estar...
- Morto? - Cuspi a palavra, agora apontando a arma para ela - Considere isso uma assombração que veio te buscar!
E antes mesmo que ela pudesse dizer qualquer coisa ou gritar, acertei um tiro bem no meio da sua testa. A vagabunda manipuladora agora havia ganhado o mesmo fim que tinha preparado para mim.
- Mãos ao alto! - Ouvi detrás de mim e assim que me virei, vi os seguranças do restaurante se aproximando com arma em punho - Solta a arma e ponha as mãos para o alto!
Lágrimas e mais lágrimas escorriam pelo meu rosto, mais me sentia bem sabendo que o mundo havia sido poupado de ter destilando seu veneno por aí, uma cobra como Thais. Então num surto de coragem, levei a arma até a boca e atirei. Tudo se tornou escuro e eu já não sentia mais nada, nem dor, nem culpa. Carreguei comigo só a certeza que tudo acabou como tinha que acabar.
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Um Anoitecer (Livro lll - TRILOGIA FASES DO DIA)
RomanceAgora Pedro, não era mais uma criança que vivia debaixo das asas protetoras dos pais. Ele havia completado 24 anos de idade e bad boy era quase seu sobrenome. Universitário e um verdadeiro conquistador, Pedro tem mais mulheres em sua cama do que cue...