XVI - cinema

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Acordo com dor na perna, quando me levando fico completamente tonta, o meu quarto está todo distorcido e rodando, me sento na cama e me deito contra minha vontade, como se meu corpo tivesse sido desligado da tomada, espero a tontura passar e me levanto devagar, vou para o banheiro, colo os papéis que guardei na gaveta de volta na parede e fico me encarado no reflexo do espelho que mostra da minha cabeça até meus joelhos, o espelho que mostra a verdade desse corpo com alguns ossos a mostra, com uma mente vazia que está em pedaços desde que nasci, uma pessoa que não consegue mais pensar com completa sanidade, estou com 46, mas não é o suficiente ainda preciso perder mais 6 kilos para chegar no meu objetivo, o meu tão desejado peso ideal.

Preciso ser magra,
Preciso ser magra,
Preciso ser magra,
Magra,
Magra,
Magra,
Magra,
Magra.

Tomo meu banho e coloco calça e uma blusa de manga comprida por mais que esteja calor eu sinto mais frio que as outras pessoas, claro que é pelo meu peso, faço uns abdominais e vários outros exercícios até cansar, não entendo essa sensação que sinto ao ficar de estomago completamente vazio, é viciante.
Desço a escada, pego meu chá como sempre e saio para fazer uma caminhada, que é bem difícil quando se tem que usar muletas, o bom é que eu já estou me recuperando, mais alguns mesês e eu já estarei boa para correr novamente, espero.
Depois da caminhada volto para casa, começo me sentir mal outra vez, mas aguento firme não posso ser pega agora que estou emagrecendo novamente, não posso permitir que estraguem meu corpo novamente, me sento no sofá e fico de bobeira até 12:28 até a minha mãe entrar na sala.
- Filha, eu e seu pais vamos na sua vó você quer ir junto. - ela pergunta.
- Não vou ficar assistindo TV. - respondo.
- Nós vamos fazer um almoço em família, todos seus primos vão. - ela fala tentando me convencer a ir junto.
- Não, eu faço meu almoço, não precisa se preocupar.
- Tá bom então, não temos hora pra volta, se cuida. - ela me dá um beijo na testa e sai, agora estou sozinha.
6:17 Recebo uma mensagem no celular, É do Ryan.
- Quer ir no cinema ?.
- Quero. - respondo.
Me troco, coloco um vestido que vai até o meio das minhas coxas "gordas" ele é branco, coloco uma sapatilha preta e um jaqueta jeans por cima dobro a manga até o meu cotovelo, prendo o cabelo em um coque frouxo, desço e espero o Ryan na frente de casa, depois de 3 minutos ele aparece com a chave na mão.
- Que linda que você tá. - ele fala andando em minha direção
- Valeu, você também tá bonitinho. - falo rindo.
- Só isso, bonitinho. - ele passa as duas mãos na minha cintura.
- É.
- Tá bom então, nem fiquei magoado, to de boas. - ele fala. - Vamos, o filme começa daqui a pouco.
- Vamos.
Quando chegamos no cinema, entramos juntos e todos que estavam lá não paravam de me encaram, mais especificamente as minhas muletas, nós fomos para comprar os ingressos.
- Oque você quer pra comer ?. - ele aponta para um balcão onde vendem doces, refrigerantes e pipoca.
- Nada, eu almoçei agora pouco, porque meus pais saíram e eu que fiz meu almoço. - falo, ele começa a me encarar.
- Escolhe alguma coisa. - ele fala sério.
- Eu já disse que não precisa. - começo a ficar meio nervosa.
- Você não tá comendo né ? Tá fazendo isso ainda ?.
- Oque tem haver fazer isso e não está com fome porque eu comi agora pouco. - minto.
- Tudo, porque se você ta fazendo isso ainda quer dizer que você tá mentindo pra mim sobre ter almoçado, eu seus truques, minha irmã também fazia isso. - ele fala calmo, triste ao lembrar da sua irmã.
- Isso não importa, vamos já ta nos trailers. - falo tentando mudar de assunto.
- Ok. - ele fala e sai andando sem me esperar, não sei se ele está com raiva ou magoado por isso.
Entramos na sala do cinema, não estou enxergando direto pios as luzes já estão apagadas o que dificulta ainda mais subir as escada com muletas, Ryan nota que estou com dificuldades e liga o Flash do celular, nos sentamos e assistimos ao filme.
Depois que o filme acabou fomos embora de lá, ele desliga o carro na frente da casa dele.
- Chloe ... eu não sei se você ainda tá fazendo essa "dieta". - ele faz aspas com os dedos. - Mais você precisa parar com isso, você tá se matando de dentro pra fora ...
- PARA, para com isso, eu quero isso, é o meu corpo, eu decido o que é bom pra ele e o que é ruim, não se preocupa, eu sei o que eu faço comigo mesma.
- Isso é o que você acha, por que você não escuta ninguém eu só quero seu bem, só quero você boa e ...
- Você só quer me ver gorda, por que é tão ruim assim querer emagrecer ?. - falo com raiva.
- Porque você querer ser magra já tá virando obsessão, eu sei melhor que ninguém que essa sua preferência em ser magra não vai acabar bem. - ele fala quase que gritando, com raiva.
- Eu sei que você já deve ter ouvido muito isso da sua irmã e de mim mas, eu vou ficar bem. - falo isso e saio do carro, pego as minha muletas que estão no banco do passageiro e entro em casa, meus pais já estão em casa.
- Que foi que aconteceu você tá vermelha ?. - meu pai me pergunta.
- Nada de mais, vou pro meu quarto.
- Você tá tomando seu remédio ?.
- To, não se preocupa.
Subo a escada, entro e tranco a porta do meu quarto, faço mais exercícios, pego a minha garrafinha de água que sempre está cheia no minha escrivaninha do lado da cama e bebo toda, vou para o banheiro tomo um banho bem demorado.
Fico mexendo no celular até 10: 45 e fico com sono então vou dormir.


Ainda sou eu, Chloe Benson (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora