Capítulo 7

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   Raiva e tédio.
   É tudo o que sinto agora.
   Meu pai está sentando em um dos sofás, lendo um livro grosso, de capa dura e sujo, com páginas amareladas. Eu estou caminhando de um lado para o outro sem saber o que fazer. Ele olha para mim de relance de vez em quando.
   — Porque você saiu do quarto de repente? - Pergunto, indo para a direita. – eu estava preocupada!
   — Quero respostas tanto quanto você – responde sem tirar os olhos do livro.
   — E veio procurar aqui na biblioteca? – passo por ele em direção à esquerda.
   — Eu fui atrás da sua mãe, mas não a encontrei – ele ainda não olha pra mim. – mas encontrei Hemera e ela disse para mim esperar a Nix aqui.
   Eu passo novamente por ele, mas não o encaro. Já já abro um buraco no chão com os meus passos pesados.
   — Hemera - bufo. - algo me diz que não devo confiar nela.
   — Você não deve confiar em ninguém – retruca.
   — Você já sabe em que enrascada nos metemos? Estamos em um palácio não sei onde, cheio de Deuses que até onde eu sabia eram só histórias e você só quer saber de ler? – digo com raiva, jogando todas as palavras no ar, Esvaziando minha mente.
   — Às vezes tudo o que você precisa é de uma boa leitura.
   Não sei se rio ou fico com mais raiva. Paro e o encaro.
   — Então tudo o que devo fazer é me sentar e ler? A Milena não morreu apenas pra mim vim aqui ler – bufo.
   Ele enrijece o corpo e fecha o livro com força. Aquilo o atingiu com força, ele conhecia a Milena à mais tempo do que eu, a morte dela deve estar pesando mais nele, afinal ela morreu para que ele viesse comigo. Me pergunto se Morfeu já sabe que sua filha morreu. Ele se importaria?
   — Ela morreu para que pudéssemos ficar juntos, e é Exatamente como estamos agora – ele me encara agora.
   — Não foi isso que você pensou quando saiu do quarto me deixando sozinha – solto.
   — Eu estou sendo racional e me contentando com o que estão me dando, Sara! tudo tem seu tempo.
   — Você está sendo covarde – jogo na cara dele, sem pensar, as palavras saem rápido, deslizando pela minha boca. – assim como foi com a Milena, foi atrás de uma menina para me proteger de algo que você é quem tem medo.
   Não sinto arrependimento de ter falado, espero que essas palavras perfurem ele, ele tem que encarar a realidade, assim como não fez a vida toda me escondendo quem eu sou e de onde eu vim. Uma parte de mim acha que estou tentando culpar alguém pela morte da Milena, essa parte que tirar das minhas costas o peso de duas mortes.
   Ele não olha para mim, apenas encara algum ponto invisível na capa do livro. Sua respiração está pesada e de relance vejo lágrimas acumuladas nos seus olhos, mas ele não os deixa cair. Penso em pedir perdão, mas não o vou fazer, a raiva borbulha em mim.
   Sento por alguns instantes mas não consigo ficar parada, então olho alguns livros, passando os dedos nas capas duras e empoeiradas. Olho para meu pai e ele está lendo livro novamente, acho que com raiva de mim. Analiso os vários livros e percebo que a maioria está em grego e só agora me dou conta. Os Deuses falam a minha língua?
   Eles são divindades, certamente devem falar todas as línguas do planeta. Sento em uma poltrona e fico olhando para a parede. Não sei quanto tempo se passa, e o único barulho que escuto são os da nossas respirações e do vento que entra por uma janela. Que horas são?
   Acho que já se passaram mais de duas horas desde que estou aqui. Meu estômago ronca, essa janta está demorando.
   Não aguento mais.
   Levanto rápido e vou para a porta.
   — Para onde você vai? – pergunta meu pai.
   — Atrás de outra biblioteca – solto e fecho a porta com força.
   Escuto ele me chamando, mas logo o grito fica abafado e fácil de ignorar. Assim que chego no pequeno corredor que liga ao salão do trono, escuto algumas vozes e risos. 
   Caminho com cuidado e devagar. Chego no salão e vejo algumas silhuetas, mas a plataforma do trono me cobre, então observo de detrás dele. Algumas pessoas estão no salão conversando. Minha visão passa pelas várias cores das roupas, vestindo logos e curtos, frouxos e apertados. Homens altos, de dois metros usam vestes mais curtas, alguns usam peças de metal, como armadura, com chinelas de couro com laços até um pouco abaixo do joelho. Alguns deles usam coroas pequenas e braceletes reluzentes, apenas de enfeite.
   Os Deuses.
   Não sei dizer quem é quem. Reconheço apenas Ártemis e Hemera, conversando com alguns, e ainda não vejo Nix. Ninguém repara na minha direção, então caminho rapidamente para atrás de uma coluna para ver melhor. Cerca de dez pessoas estão aqui, incluindo Hemera e Ártemis. Bebendo vinhos em taças de ouro e conversando.
   Os homens são fortes, nenhum carrega uma arma sequer. Não precisam disso. As mulheres são tão altas quanto os homens, elas vestem roupas belas e delicadas, se encaixando no corpo preso à vários cintos e fivelas, mas carregam em seus rostos sorrisos falsos e olhares vagos, elas podem ser tão letais quantos os homens.
   Fico admirando, não era assim que eu imaginava os deuses, pra mim eles era lutadores, usavam armaduras e eram mais sérios. Consigo sentir o ar diferente, mais pesado e estranho, mais brilhante e confuso, não sei explicar, a presença deles é estranha. A pantera de Ártemis está deitada no seu pé, ela me ver e me encara por alguns segundos e abre a boca, revelando seu dentes incrivelmente pontudos, mas logo volta a abaixar a cabeça.
   — Nix te trouxe apenas para ficar observando as coisas por detrás das colunas? – escuto alguém falando atrás de mim.
   Viro-me e me deparo com uma mulher encostada na parede, apoiada somente em uma perna. Ela é alta como todos os outros Deuses. Sua pele é morena e seu cabelo é longo e cacheado, ela usa uma tiara simples na cabeça. Seus olhos são pretos, como a noite.
   Mas o que me chama a atenção é a máscara branca que ela usa no lado direto do rosto, a única coisa a mostra é o olho. Não consigo ver sua face esquerda com muita nitidez por conta da pouca iluminação.
   Ela sorri pra mim, com espontaneidade. A metade a mostra da sua boca mostra seus dentes brancos e perfeitos e os lábios finos e pequenos. Ela ergue a mão na minha direção.
   — Sou Momo – diz. – Prazer em te conhecer, Sara.
  Como ela sabe meu nome? Hesito, mas aperto sua mão. Não me lembro bem qual deusa ela é, mas não pergunto.
   — Está com medo da pantera de Ártemis? – pergunta. – não te culpo, também tenho medo as vezes. Já viu o tamanho das presas daquele bicho?
   Solto uma leve risada. Seus olhos brilham, não de poder, mas alegria. Ela não parece ser alguém ruim, sua presença é confortável, diferente da de Hemera ou Ártemis. então resolvo dar uma chance para ela e para mim também, fazer uma amizade é bom nesse lugar desconhecido.
       — Desculpe a pergunta, mas porque você usa essa máscara? – pergunto curiosa. As palavras saem tão fácil da minha boca, como se eu estivesse leve e elas flutuassem.
   — Ah, isso – ela revira os olhos e faz um leve bufo com a boca. – uma vez eu fiz uma piada sobre Hera, e ela não gostou nada, então o seu marido Zeus, enfurecido, lançou um raio em mim, não para me matar, mas para me marcar. O que eu escondo aqui é a cicatriz horrível – ela aponta para a máscara.
   — Mas os deuses não podem se curar?
   — Podemos, mas só alguns conseguem curar um ataque direto do raio de Zeus e eu não estou inclusa nesse alguns – ela bufa. – mas a Lady Nix pode, eu pedi para ela me ajudar com isso, mas ela negou meu pedido, dizendo que eu devo viver com isso para aprender a controlar minha língua e blá blá blá – Momo revira novamente os olhos, e solta uma leve risada.
   Eu não sei o que falar, então mudo de assunto.
   — O que está acontecendo? – pergunto, apontando com a cabeça pelo salão.
   — Não sei – ela inclina a cabeça na minha direção e sussurra. – só vim pela comida.
   Eu solto uma risada alta, mas logo coloco a mão na boca. Ninguém pode saber que estou aqui. Momo transmite simpatia, não consigo explicar, mas me sinto muito a vontade e mais leve, como se eu fosse sorrir até do vento. A aura dela é alegre e divertido. Ela caminha e fica ao meu lado, observando comigo as pessoas no salão.
   — Aquele ali é o Hipnos – diz apontando para um homem alto e forte, com  armadura e cabelo preto. – ali é a Héstia e aquele é Éolo – ela aponta de novo para uma mulher ruiva e para um homem com o topo da cabeça careca, com cabelo liso e branco, quase prateado.
   Eles são respectivamente os deuses do sono, Deusa do fogo e o Deus do ar. Ela cita todos os outros, como a Hécate e Selene, deusa da magia e deusa da lua. Quando ela fala, consigo me lembrar qual deus cada um é, as aulas do meu pai estão me servindo agora.
   — Olha isso – Os olhos da Momo ficam brancos e iluminados, me preparo para o ela vai fazer, ficando em posição de defesa, mas ela continua encarando o salão.
   Ela acena com a mão para que eu observe também e quando me viro, percebo um rato correndo e subindo no vestido da Héstia, ela e ninguém percebe, apenas a pantera da Ártemis. Momo deve estar fazendo uma ilusão para que apenas nós três vejamos. A pantera levanta a cabeça e encara a Héstia, o animal não resiste e pula em cima dela, fazendo a deusa cair. Momo e eu sorrimos. Ela parece gostar de ter alguém rindo das coisas que ela fala, pois me olha com uma sinceridade e alegria no rosto. Momo é divertida.
   — Você sabe o que aconteceu com a Nix? – pergunto me recuperando da risada.
   — Vagamente – ela responde. – não me contaram muita coisa, mas acho que vamos descobrir hoje – Momo revira os olhos com um sorriso sarcástico no rosto. – mas espero que seja logo, não que eu queira ir embora, imagina, mas...
   Solto outra risada, mais leve dessa vez. Ela olha para o salão atrás de mim e percebe que alguém procura por ela.
   — Tenho que ir – sussurra.
   — Nos vemos depois? – pergunto.
   — Não tão cedo – ela pisca um olho pra mim e desaparece, reaparecendo do outro lado do salão. Teletransporte.
   Só agora me dou conta de quem ela é. Momo, a deusa da ironia e da loucura. Ela também é filha da Nix, ou seja, ela é minha meia-irmã.  Por alguns minutos tudo o que ecoa pelo salão são as risadas e as conversas altas, mas de repente a porta principal, que está no começo do salão se abre. O lugar fica em silêncio, e as pessoa se afastam, fazendo um corredor.
   Ela entra calada, olhando para frente com a cabeça erguida. Não usa o capuz, ele está jogado para detrás do seu pescoço. A capa negra varre o chão enquanto ela caminha, liso e reluzindo a luz etérea da lua que entra pelo teto de vidro. Sua pele transborda energia, seus passos são leves e calculados. Sua presença parece fazer as paredes e o tempo se curvar diante dela.
   Ela é linda sem o capuz, seu cabelo é negro e brilhante, e liso igual ao meu. Uma das únicas semelhanças que tenho com ela. É longo e se esconde dentro da sua capa, partido ao meio e jogado para trás, com pequenas mechas escondendo as saliências da sua bochecha. Sua boca é pequena como pétalas de rosa, seus olhos são escuros como a noite profunda, refletem poder e determinação.
   Nix caminha sem olhar para os lados, os outros Deuses acompanham seu olhar enquanto caminha, com olhares duros e expressões sérias. E olha que agora pouco estavam todos rindo. Nix para de costas para todos e ergue a mão direita e todas as taças que estavam nas mãos do Deuses somem.
   — Quero todos Sóbrios – sua voz ecoa pelo salão, batendo nas colunas e penetrando minha cabeça com suavidade.
   Ela sobe o lance de escadas até o trono, a capa ondula quando passa pelo degraus. Ela chega lá em cima e se vira, mas não se senta. Ela coloca as duas mãos atrás do corpo.
   Seu olhar varre o salão, ela olha para a coluna de onde estou escondida e eu tremo. Não sei se ela me viu, mas se viu, não deu importância.
   — Afinal, todos sabem porque estão aqui? – pergunta.
   Hemera caminha até a base da escada e fica ali, olhando para todos, claramente em apoio a Nix, parecendo uma guarda costas.
   Momo não está sorrindo, está séria agora. Ártemis acaricia sua pantera e todos os outros encaram Nix.
   — O que quer que tenha a dizer, seja breve Lady Nix – diz Momo. – recebemos o chamado e por isso estamos aqui, sem enrolamentos.
   Nix olha para ela com olhos semicerrados. Ela não ignora a pequena rebeldia. Momo tem mesmo coragem, ou é apenas doida de falar assim com a Nix. Mas acho que seja coragem, porque uma antiga história diz que ela já zombou até de Zeus, falando sobre sua infidelidade para com sua esposa Hera e foi expulsa do olimpo por isso.
   — Cale a boca! – vocifera Nix encarando Momo. – não venha me dizer para ser breve, se eu tenho algo para falar, o mínimo que você tem que fazer é se calar e ouvir.
   Momo não se intimida e revira os olhos rapidamente resmungando algo consigo mesmo.
   — Minhas condolências pelo o que aconteceu – diz Héstia dando um passo a frente. Seu cabelo vermelho brilha, como sangue na luz, como a Aurora no amanhecer. – espero que o culpado pague pelo o que fez.
   Todos os outros assentem. Os olhos de Nix vacilam por um instante, revelando sua raiva. Percebo que ela mexe os dedos de uma mão, acho que incomodada.
   — Ele irá pagar – diz. – Hemera me contou que vocês foram os únicos dentre os outros deuses que se ofereceram para ajudar na minha procura no mundo mortal.
   Ninguém diz nada. Hemera olha para Nix e assente.
   — Ártemis tem a minha dívida, apesar da demora, você foi muito eficaz– Nix encara a deusa da caça e acena com a cabeça, a pantera rosna em sincronia com o sorriso da Ártemis.
   — Afinal, estamos aqui para uma solenidade? – diz um homem alto, com uma armadura simples, cobrindo seu peitoral e braços.
   Ele tem cabelo preto longo que vai até seu pescoço e tem uma barba grande com cavanhaque e bigode unidos. A armadura se molda em seu braço e tronco, para deixar fácil de se mexer, e uma capa branca desce sobre suas costas. A armadura está sobre uma roupa vermelha escarlate, que dar uma beleza confortante sobre o cinza do ferro.
   — Hipnos, você tem ao menos noção do que eu vivi quando humana? – Nix pergunta para o Deus do sono.
   Ele sinaliza que não com a cabeça.
   — Existo a mais tempo do que qualquer um aqui, e sei que a dor é uma das virtudes que só quem merece deve sentir – Nix diz mais alto. Ela transmite raiva enquanto fala. – Eu já presenciei de tudo nessa vida, já ajudei escravos a escaparem da escravidão, já ajudei populações inteiras a fugir da fome, já plantei sabedoria naqueles que a queriam usar para o bem e dei a noite para eles.
   Ela se refere humanos? O que temos a ver com isso? Ninguém diz nada e até a Momo permanece calada. Eu escondo mais o meu corpo detrás da coluna e coloco a cabeça para fora, para conseguir ver e ouvir melhor.
   — E tudo o que eles me deram foi sofrimento – seus olhos ficam brancos enquanto ela fala. – eu acordei a quinze dias atrás em uma floresta, não sabia meu nome e nem onde eu morava, estava completamente sem lembranças. Em outras palavras fui pega pela minha própria maldição.
   Meu pai já havia mencionado essa tal maldição, quando jogada sobre um Deus, ela o transforma em humano e o mesmo não se lembra de nada sobre sua verdadeira identidade. A vítima fica jogada no mundo sem lembranças e sem poderes.
   — E porque criou uma das maldições mais poderosas e temidas pelos deuses se não pôde nem proteger a si mesma dela? – Momo pergunta antes da Nix continuar.
   A deusa da noite vibra. Seus olhos ficam mais brancos e radiantes. Ela levanta a mão em um semicírculo e a Momo levita. A mesma coisa que ela fez com a Milena.
   — Porque eu achava que ninguém seria tão tolo a ponto de usar contra mim – ela diz entre dentes.
   Todos ficam confusos com o que está acontecendo, até mesmo Hemera. Por um momento sinto que ela vai fazer com a Momo a mesma coisa que fez com a Milena, mas a Nix faz outra coisa. Ela ergue a outra mão e gira levemente da esquerda para a direita, e na porta atrás da Momo se forma a mesma coisa que a Nix fez no apartamento da Milena.
   Primeiros os símbolos estranhos formam o círculo, depois eles giram e se ligam, formando um ponto em comum bem no centro. O pequeno ponto brilha e se alastra até chegar nos símbolos, formando um portal. Momo olha para Nix sem medo, ou ela sabe que não pode fazer nada. Momo nem tenta se soltar.
   — Te dou uma chance e tudo o que você faz é zombar de mim – diz a Nix com raiva, seus olhos brilham mais e mais a cada segundo.
   — Você sempre foi uma mulher vingativa e eu não sou idiota a ponto de achar que o que você quer fazer aqui é contar sua triste história – diz a Momo agora encarando a Nix, suas pernas pendem no ar e seus braços estão jogados ao lado do corpo. – sei que você planeja vingança e o que quer são aliados, deuses que possam te ajudar no seu plano contra humanos e deuses.
   — Deuses? – pergunta uma mulher de pele branca e reluzente, como diamante e de cabelos longos e lisos, branco e iluminado como a lua cheia na meia noite. – porque os deuses estariam nessa vingança?
   — Não seja tola Selene, você está no mundo da lua? – ironiza Momo fazendo um trocadilho com a deusa da lua. – se a Lady Nix escolheu a gente não foi para ficarmos de papo furado, foi para poupar e usar vocês para o que ela planeja para os outros...
   — CHEGA! – grita Nix e eu sinto a coluna tremer, sua voz me impacta como um raio. Me apoio na pilastra para não cair. – considere seu destino selado aos humanos – Nix caminha para perto da Momo, eu sinto o ar mais pesado e vejo pelo teto de vidro a noite lá fora, mais escura e limpa, um calafrio passa pela minha coluna. Estremeço ao pensar no que ela pode fazer com a Momo, me sinto como me senti a minutos atrás com a Milena, sinto como se não importasse o que eu for fazer, nada será útil. – e não comente nada do que você sabe com ninguém, não quero obstáculos – Nix assopra no rosto dela e de sua boca sai uma fumaça cinza, a fumaça paira ao redor da cabeça da Momo e logo se dissipa. Momo apenas pisca, com o olhar vago.
    Momo voa em direção ao portal, e ela sorri, uma risada alta e constante, como se tivesse contado uma piada pra ela. Sua risada ecoa estranha, mas sinto que ela está com medo.
   O portal se fecha assim que a Momo passa por ele ainda rindo.
   Felizmente, viva.

Nix - A dama da noite Vol.I Onde histórias criam vida. Descubra agora