Capítulo 12

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   Eu entro logo em seguida.
   Logo percebo que a porta dar diretamente dentro de uma caverna. Aqui é úmido e escuro, com paredes de pedras que nos cobre. Escuto ao longe algum barulho de uma goteira. Ártemis vai na frente, caminhando em direção a luz difusa que vem do outro lado.
   A caverna não é grande o suficiente para que possamos andar lado a lado, por isso ando atrás dela, tomando cuidado para não tropeçar em nenhuma pedra ou torcer meu pé em algum buraco, nossos passos ecoam de forma desorientadora. Quando saímos, sou cegada pela luz, protejo os olhos com a mão direita.
   O ar aqui é estranho, rarefeito. Limpo demais, como se fosse isolado do resto do mundo. Apesar da época do ano, o ar está mais frio que eu esperava e eu me arrepio. Ainda está amanhecendo, mas as montanhas são tão altas, que parece inutilizar a luz do sol com sombras compridas que atravessam os campos vastos e verdes reluzentes, impedindo a luz amarela e estimulante do sol. O céu é de um azul glacê, sem qualquer vestígio de neblina ou nuvens pesadas.
   Estamos na profundezas de um vale. E do outro lado do campo localizado na entrada da caverna, há um precipício. As escarpas esculpidas das montanhas emolduram o horizonte. Vozes ecoam pelas paredes de pedra do vale de montanhas altas, mas não vejo ninguém.
   - Isso é lindo - sussurro, mas a Ártemis escuta.
   - É - ela diz.
   - Mas, onde estão as...
   - Lá embaixo - ela me interrompe indo na direção do precipício.
   Agradeço mentalmente, querendo sair logo do frio. Quando chego na beira, me surpreendo com o que vejo. O acampamento, com as cabanas de madeiras e estábulos, ficam no alto da porção oriental da cordilheira maciça, dando vista para os picos mais baixos. Elas parecem ter nascido das próprias montanhas, construído sobre encostas e vales, com o maior rio traçando seu caminho rumo ao leste pelos cânions sinuosos. Uma grande fogueira se projeta no centro da plataforma, com chamas altas e intensas, do tamanho de árvores.
   As cabanas são iguais uma as outras, medianas e arrumadas, com a madeira lisa de Carvalho. Passarelas e escadas nas encostas ligam o patamar das cabanas e estábulos a vários lugares, como uma floresta mais embaixo, na região do rio, ou a vários campos de treinamento. Em uma deles, na parte íngreme de uma montanha, mulheres tentar fazer uma escalada sem cordas, usando apenas as mãos ou facas que usam como apoio, enfiando nas pedras.
Em outro campo, algumas mulheres apontam arcos para bonecos de palhas, localizados a quase um quilômetro de distância delas. Vejo também outras caçadoras lutando com espadas, desferindo golpes letais uma contra a outra, em movimentos rápidos e sutis. No limite do começo da floresta, uma mulher loira levanta a mão, e ergue três dedos, para que cerca de cincos outras mulheres vejam, essas últimas, estão com lanças na mão e estão em posição de ataque, preparadas para correr, assim que a mulher loira abaixa os três dedos, as cinco mulheres correm na direção da floresta e somem dentro dela.
   O ar é calmo, o rio é limpo, o céu é bonito, a vegetação e as montanhas são esplendores. Parece o paraíso.
   Na encosta do precipício tem uma escada enorme, que leva até o patamar das cabanas, lá embaixo, cerca de pouco mais de um quilômetro. Acho que foi feita para que possamos descer admirando o acampamento em toda a sua plenitude.
   - Você comanda tudo isso? - pergunto.
   - E treino cada uma delas - diz com um sorriso no rosto.
   - E quem são essas mulheres? - pergunto novamente, ainda encarando tudo. Uma das mulheres que tentava escalar se desvencilha e cai de uma altura de quase dez metros, seu corpo atinge o chão, eu grito para socorrerem ela, mas segundos depois ela se levanta rindo, como se nada tivesse acontecido. - digo, são todas humanas?
   - Uma pequena parte sim - Ártemis responde já descendo a escada. - mas a maioria são ninfas ou semideusas. Muitas delas sofreram e buscaram a minha proteção, mesmo que de forma indireta, e eu as acolhi, tornando-as caçadoras perfeitas. Aquela que você viu cair, não morreu porque todas tem imortalidade como minha benção, a não ser que entrem em uma guerra ou partam em uma missão.
Tantas mulheres assim, porque será que ela recruta?
   - Você está tentando formar algum tipo de exército? - pergunto curiosa.
   - É mais do que recrutar um exército, é construir uma irmandade. Muitas mulheres morrem todos os dias e a dor que dói nelas dói em mim também, minha luta não para, não sou uma deusa só quando convém - ela para e encara o acampamento, seus olhos brilham. - aqui elas tem uma segunda chance, podem ser mais fortes e confiantes.
   Uma admiração súbita passa por mim, abalando cada medo que eu tinha dela. O jeito como ela fala isso, parece forte e determinada, percebo agora que ela pode não ser ruim, mas ainda assim tenho que ter certeza. Se tudo o que disse é verdade, e uma parte de mim, uma pequena parte, quer se tornar uma caçadora.
   Continuamos andando, sem muita dificuldade, apesar dos muitos degraus. Ártemis já não manca como antes, e algumas das cicatrizes que estavam em seu corpo sumiram. Ela ajeita o cabelo em um perfeito rabo de cavalo e eu admiro todo o local. Fico imaginando como é a rotina aqui, deve ser divertido, porém pesado.   Ártemis deve ser exigente. Não sei onde fica esse lugar, mas tenho certeza que é em algum lugar isolado do mundo moderno.
   Finalmente chegamos a um patamar, um terraço de mármore que dá para um amplo jardim verdejante. Flores desconhecidas, roxas, laranjas e azul-claras, se estendem à nossa frente, selvagens e cheirosas. Algumas mulheres examinam as flores, todas com idade entre dezesseis e vinte e cinco anos. Elas se levantam assim que veem a Ártemis e fazem uma reverência. Colocando o punho fechado da mão direita no peito esquerdo, a mão esquerda nas costas e se curvando para a frente, de olhos fechados. Uma bela reverência.
   Caminhamos por um caminho de pedra entre as flores e chegamos no encalço de outra montanha, com uma pequena ponte ligando a um patamar mais adiante. Duas mulheres vem na nossa direção, cada uma montada em um cavalo garanhão, uma delas segura uma lança de bronze na mão, a ponta afiada cintila me ameaçando.
   - Deusa Ártemis - diz a da lança, descendo em um pulo do cavalo e fazendo uma reverência igual as outras minutos atrás. Ela é alta, tem o cabelo castanho raspado, ela usa a roupa iguais as outras - uma saia marrom em várias tiras unidas que vão até um palmo acima do joelho, uma bota de couro com vários laços que vai até o joelho, circundeando sua perna, um peitoral de bronze, com longas listras douradas, um bracelete de ouro em cada pulso e uma tiara dourada na testa, com um símbolo de arco e flecha cravado no meio - mas as únicas diferenças, é que ela usa uma capa amarela, com outro símbolo de arco e flecha grande, diferente das outras que não possuem a capa é que todo essas utensílios são prateados nas outras caçadoras e nela é dourado.
   Algo no olhar dela ou nas feições dela me dizem que ela é mais velha do que parece. Seus olhos são castanhos e tão profundos e misteriosos que devem esconder séculos de vida. Ela é forte e seu semblante é de alguém destemida.
   - General Tânia - Ártemis diz com um pequeno aceno de cabeça.
Ah, por isso! Ela é general, tem que se destacar das outras.
   - As caçadoras Taylor e Ellen retornaram da missão com novidades - diz Tânia que só agora percebe minha presença, ela me olha de um jeito estranho, como se eu fosse uma sobremesa depois de um jantar. - quem é essa?
   - Uma semideusa - Ártemis diz. - não convém no momento, agora quero falar com elas, convoque a reunião da assembléia.
   Uma curiosidade consome minha mente. Que missão é essa? Parece ser algo importante, mas não pergunto, acho que nenhuma delas vai me falar sobre o que se trata.
   Tânia assente e monta novamente em seu cavalo marrom, Ártemis caminha e em um pulo, com uma agilidade incrível, monta no cavalo quase dourado da outra caçadora.
   - Fique - diz e a mulher encara a deusa, com um pouco de medo, como se a Ártemis fosse machucar ela. - mostre o acampamento para a sara, e no final, veja para qual arma ela tem aptidão.
   - Tudo bem deusa Ártemis - diz a mulher.
   A deusa faz um pequeno aceno com a cabeça e sai em disparada pela passarela, junto com a Tânia, deixando-me com uma caçadora. Ela é alta, tem a pele escura e olhos castanhos, quase dourados, como mel. Ela segura um arco e está com uma aljava cheia de flechas nas costas. Seu cabelo é cacheado e longo, mesmo presos em um rabo de cavalo e seu rosto é redondo, com bochechas salientes.
   - Prazer Sara - ela diz estendendo uma mão para mim. - sou Helena.
   - Prazer - é tudo o que digo, estendendo a mão e apertando a dela. Ela me lança um sorriso sincero e espontâneo. Eu conheço esse sorriso, já vi em algum lugar.
   - Por aqui - ela diz se virando e caminhando.
   Helena me guia na direção de uma escada de madeira que leva até a base da plataforma das cabanas. Por todo o lugar, gritos e risadas ecoam, em algum canto sinto cheiro de frutas frescas. Olho para cima e vejo que duas mulheres já estão quase alcançando o topo da montanha a qual estavam tentando escalar.
   Chegamos na área das cabanas e elas parecem maiores do que eu achava. São amplas e de madeira, com uma porta pequena e duas janelas nas laterais. Todas possuem um terraço coberto, com um banco de madeira. As cabanas são construídas nas bases das montanhas, rodeadas por árvores. No centro dessa plataforma, há uma fogueira enorme, cercada por um pequeno muro de pedras lisas.
   Estábulos grandes se erguem na outra ponta, perto de um pequeno celeiro, e atrás dela vejo uma horta grande e bem produtiva e um pomar das mais diversas frutas, todas suculentas e saudáveis. É de lá que vem o cheiro de frutas.
   - É aqui onde passamos a noite – diz Helena apontando para as cabanas. – quer dizer, as caçadoras que não fazem patrulha. Os estábulos habitam vários animais feridos pelos humanos, que não podem viver na natureza por enquanto, então cuidamos deles.
   - Aquela pantera negra já foi um animal ferido? – pergunto lembrando do animal que me dar arrepios.
   - Isso mesmo – diz Helena rindo. A risada dela me lembra ainda mais alguém, que não sei quem.
   Caminhamos até a beira da plataforma e ela aponta para os outros campos e as outras áreas, mostrando claramente o que ocorre nelas. Como onde treinam arco e flechas, lutam com espadas e lanças, escalam, correm com obstáculos – desviando de flechas, pedras grandes, ataques de espadas – e ela me mostra um pequeno cais no rio, onde algumas tentam pescar com lanças e redes em pequenos botes.
   - Cada caçadora tem uma arma a qual usar, podemos escolher qual com arma treinar entre arco e flecha, lança e espada. Além disso, devemos também aprender a manusear adagas.
   Ela aponta para uma casa enorme na base da montanha mais alta, feita de mármore brancos e liso, com janelas de vidros e o teto de um verde escuro. Os arredores dela é ladeado por flores e arbustos podados. Ela me diz que é ela onde a Ártemis costuma passar a noite quando está por aqui, quem dorme lá é a general Tânia, também é onde ocorre as reuniões importantes. Quatro mulheres entram na casa, entre elas a general Tânia.
   - A Assembleia é convocada com as duas caçadoras mais antigas. Entre elas a General Tânia, as outras duas que acabaram de entrar são as caçadoras Helen e Taylor, que retornaram da missão.
   Mas a menção a Tânia me faz querer perguntar uma coisa.
   - Porque ela é general? Como isso funciona?
   Descemos em uma encosta e passamos perto da floresta, ela é densa e escura e vai até aonde o rio desaparece. Fico curiosa para explorar ela.
   - Ela é a mais antiga dentre nós – Helena responde sem me olhar. – do tempo medieval pra ser mais exata, dizem que ela foi amiga de Joana D’arc e assistiu a morte injusta da amiga antes de ser convocada pela deusa Ártemis, mas não sei se é verdade, nunca perguntei. Além disso, Joana também era uma caçadora, ela era bastante envolvida com os deuses.
   Arregalo os olhos de surpresa. Não consigo nem calcular quantos anos ela deve ter. Ela passou todos esse anos servindo a Ártemis, deve ser muito fiel a deusa. A menção a Joana D’arc me faz ter uma sensação de nostalgia, sinto um calafrio no meu estômago.
   - Então ele sempre foi a general? A braço direito da Ártemis.
   - Não – Helena responde. – um pouco antes de a Tânia ser convocada, já havia uma mulher que foi considerada a primeira caçadora. Dizem que ela era muito boa com espadas – ela fala de um jeito profundo, consigo até imaginar um flashback. – mas ela fez algo grave, quebrou o juramento das caçadoras e se envolveu com um homem e engravidou dele, preferindo ter uma vida normal depois de tanto tempo servindo a deusa. Mas a deusa Ártemis não gostou disso e ficou furiosa, expulsou ela e depois disso ninguém nunca mais ouviu falar dela, as más línguas dizem que ela morreu no parto, outras dizem que ela vive feliz com o marido e vários filhos, mas ninguém sabe. Só que depois disso, a general Tânia assumiu o posto de general e está aí desde então.
   Eu sinto uma pequena súbita admiração por essa mulher. Ela foi muito corajosa, enfrentou a deusa para seguir o que realmente queria. Já estava cansada de tanto lutar e queria uma vida digna e simples. Mas o que quer que tenha acontecido, ela deve ter sido feliz. Eu espero ao menos.
   - Faz quanto tempo isso? – pergunto.
   - Uns dezessete ou dezoito anos – ela diz. – não lembro exatamente. Eu ainda não era daqui.
   É, não faz tanto tempo assim.
   Seguimos pela tour. Não sei quanto tempo se passa com ela me mostrando tudo, mas parece que não me canso. Cada coisa me encanta, algumas me assustam. A vida aqui é agitada e perigosa, mas também é divertida, não tem rivalidades e todo mundo cuida de todo mundo.
    Depois de subimos e descemos muitas escadas e passarelas, descansamos embaixo de uma árvore. Sentamos sobre um tufo de folhas confortáveis. Minha perna dói um pouco, cansada de subir e descer. Respiro fundo e limpo o suor da testa.
   - Podemos nos conhecer melhor agora, não? – diz com um sorriso no rosto, me olhando com um brilho nos olhos.
   Agora me dou conta de que ela em nenhum momento, tirou o sorriso do rosto, nem pareceu zangada ou entediada por ter que me mostrar tudo. Ela nem se irritou com as minhas perguntas infinitas.
   - Bom, meu nome é Sara – digo. – tenho dezoito anos e até ontem, eu duvidava que a mitologia grega era real – foi realmente ontem? Parece ter sido a uma eternidade, aconteceu tanta coisa desde então.
   - Meu nome é Helena, tenho vinte anos e sou uma semideusa. Fui admitida pela Ártemis à dois anos atrás e me tornei uma caçadora oficial no começo do ano passado. A minha arma é o arco e flecha e eu sou boa em camuflagem.
   - De quem você é filha? – pergunto.
   - Meu pai era um poeta chamado Henry e a minha mãe é a deusa Momo.
   Momo, é isso. Esse sorriso e essa risada lembram ela, não havia percebido a semelhança. Ela foi a primeira deusa que eu realmente gostei. Meu coração se aperta. O que aconteceu com ela?
   - Você já viu ela? – pergunto comparando comigo que não vi a minha por muito tempo. Acreditando que nunca veria.
   - Não – ela diz séria. – eu nem sabia que era uma semideusa antes do meu pai morrer de câncer, seu último pedido foi para que eu pedisse ajuda para a deusa Ártemis, pois ela ajuda mulheres.. No começo eu não acreditei, mas resolvi tentar e depois de dois dias fazendo orações para ela, a deusa finalmente apareceu para mim em forma de uma cobra, na hora eu tive a chance de matar ela, mas na minha mente, uma voz feminina me dizia para não fazer isso, para me acalmar.
   “ Eu me agachei e tentei pegar a cobra suavemente, mesmo quando ela parecia que ia me atacar, eu permaneci calma, a voz na minha mente me acalmava, me trazia confiança. Segundos depois a deusa Ártemis apareceu na sua forma normal e disse que eu tinha passado no primeiro teste, mostrar confiança diante do perigo. Ela me trouxe para cá e começou a me treinar, no dia que eu fiz meus votos e ganhei minha benção, ela me contou que a minha mãe é a deusa Momo.”
   Por um instante, um breve instante me sinto sortuda. Meu pai não morreu e eu conheço a minha mãe, e ainda tive a oportunidade de morar com ela. Mas esse sentimento de sorte logo se dissipa. Coisas ruins aconteceram para que eu chegasse aqui, então não sei se sou tão sortuda assim. Ainda mais agora que sei que minha mãe é perigosa.
   Estamos na área perto da floresta e daqui de baixo, consigo ver nas elevações e campos mais acima que muitas caçadoras ainda treinam, desde que eu cheguei e não parecem se cansar. O sol já está acima das montanhas, deve estar bem perto do meio dia. Mas ainda assim não sinto calor, uma brisa suave sopra ao nosso redor.
   - E você? – Helena pergunta. – conheceu a minha mãe?
   Essa pergunta me pega de surpresa. Arquejo mas não vejo motivo para mentir.
   - Conheci – digo baixo. – como você sabe?
   - Eu não sabia, suspeitava, mas não sabia – ela diz com uma risada baixa e um pouco forçada. – percebi a sua reação assim que citei o nome dela.
   Ela olha pra mim.
   - Como ela é?
   - Não consegui ver o rosto dela – digo devolvendo o olhar. – mas o cabelo dela é lindo igual ao seu. Ela é alta e foi a deusa mais bondosa que eu conheci. Engraçada e espontânea. Sua presença irradia alegria – solto uma leve risada lembrando da brincadeira com a deusa Héstia. – inteligente e corajosa também – digo lembrando dela acusando a Nix, sabendo dos planos dela antes mesmo de qualquer um.
   Os olhos da Helena brilham e seu sorriso se abre um pouco em um canto da boca. Não sei o que ela está sentindo, mas deve ser orgulho.
   Antes de qualquer clima estranho se abater entre nós, ela se levanta rapidamente, pegando o arco e aljava.
   - Vamos – ela diz. – precisamos descobrir no que você é boa.

Nix - A dama da noite Vol.I Onde histórias criam vida. Descubra agora