Capítulo 20

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   — Finalmente – escuto uma voz distante dizendo. Sinto como se tivesse uma neblina ao redor da minha cabeça, deixando meus pensamentos turvos e confusos. Não consigo me lembrar de quase nada, apenas resquícios.
   Eu saí do acampamento, caminhei, corredor, uma conversa. O que quer que eu tenha ouvido ou visto parece uma memória antiga, sinto apenas uma pontada de lembrança. Abro os olhos devagar, ainda sinto minhas pálpebras pesadas, então abro com dificuldade.
   Com a visão borrada, vejo duas silhuetas olhando pra mim. Percebo que uma é de um homem e outro de uma mulher alta. De repente, ela estende a mão e toca minha testa. Seu toque é tão forte que sinto uma onda de calor passando pelo meu corpo, meu coração bate rápido e o ar entra nos meus pulmões com força, ameaçando romper eles.
   Eu me levanto em um pulo, com cada centímetro do corpo em chamas por dentro. Minha cabeça ainda está confusa, mas me sinto desperta. Olho para os lados assustada, me recuperando, minha visão se adaptando a enxergar novamente. Meu sangue corre louco e quente pelas veias.
   Agora consigo ver de quem eram as silhuetas. Hemera e meu pai estão de frente pra mim, me encarando. Olho ao redor e percebo que estou no meu quarto, sentada na cama. Ainda estou com a roupa do acampamento. Apesar de já estar mais ativa, ainda sinto meus músculos relaxados.
   — Eu falei que era apenas o feitiço do Hipnos – diz Hemera.
   Meu pai se curva e me dar um abraço apertado. Ele está com o cabelo bagunçado, vejo atrás de si um livro jogado no chão, ele devia estar lendo quando eu cheguei.
   — Ainda bem que você está bem – sua voz está rouca. Ele se afasta um pouco e analisa meu rosto, seus olhos verdes vasculham os meus. – assim que a Hemera entrou com você inconsciente, achei que estava...
   — Eu sei – digo por fim. Minha voz sai baixa, apenas um pequeno fio. Tento me lembrar do que eu ouvi, mas não consigo, estava tão sonolenta que até duvido que metade do que eu ouvi era real. – o que você está fazendo aqui? – pergunto olhando para Hemera.
   Então me lembro um pouco do que aconteceu. As caçadoras estavam se reunindo para uma reunião de guerra. Hipnos e Hemera estavam falando algo sobre a Nix e outra pessoa, que não sei quem é. A palavra maldição se dispersa no ar assim que eu penso nela, como uma lembrança vaga, olho para algum ponto no chão, como se eu fosse lembrar de alguma coisa na base do querer.
   — Não sei o que você ouviu, mas tenho certeza que não se lembra de quase nada – ela diz com um pequeno sorriso de deboche, levantando a sobrancelha. Repuxo a boca, odiando o fato de ela estar certa. – o que é justo, Hipnos usou seu poder justamente para isso acontecer.
   Meu pai apenas se vira e vai para a janela, ficando de costas para nós. O ar que entra pela janela é frio e estranho, pesado, parece deixar o ambiente macabro. Hemera olha para ele e depois para mim, preocupada. Ela usa uma saia longa e uma blusa de mangas longas, branca com detalhes amarelos nas extremidades. Seu cabelo está solto, e é ainda mais lindo assim. A luz do ambiente parece ser sugado por ela e desce por cada curva suave como se ela tivesse o sol derretido nas costas.
   — Vocês esperaram e estou aqui para cumprir o que prometi há um mês atrás – não sei explicar, mas sinto algo estranho na sua voz, como se cada palavra que ela falasse fosse explodir no ar. – amanhã é o grande dia.
   — Para o que? – pergunto ainda me sentindo lesada. Esfrego os olhos para dispersar o resquício de sono que ainda tenho.
   — Para fugir – diz se virando e alternando o olhar entre meu pai e eu. Sua saia desliza atrás de si, como uma cachoeira de estrelas. Sua voz preenche o ambiente de tanto poder que quase, me faz até querer me curvar para louvar ela. – estejam prontos às 6:00 em ponto, um portal irá aparecer aqui que os levará direito ao jardim, chegando lá, vocês devem seguir a trilha das tulipas vermelhas, até chegar no portão, ele ficará aberto por cinco minutos.
   Ela enfatiza a palavra cinco de forma tão nítida que parece caso de vida ou morte. E talvez seja. Hemera fala tão rápido que fica até difícil acompanhar. Meu coração começa a acelerar. Nem consigo acreditar que está realmente acontecendo. Eu vou sair daqui. Tento prestar atenção em cada palavra, mas a excitação é tão grande que elas ficam um pouco abafadas.
   — Esses cinco minutos é o tempo máximo em que conseguirei manter o portão aberto – ela agora para o olhar em mim, sinto uma tensão enorme, como se a responsabilidade caísse sobre mim. – em hipótese alguma, por nada nessa vida, desviem do caminho, aquele jardim é tão traiçoeiro quanto belo – continua. Suas palavras pairam no ar, como avisos perigosos, enchendo o ambiente. – infelizmente, não posso abrir um portal até o portão, o local em que ele irá levar vocês é o meu limite dentro dos domínios do palácio, então não se atrasem, esperamos um mês por essa chance, se não conseguirem terão que aguentar as consequências do que estar por vim e não poderei interceder mais – Hemera não espera para ter certeza que ouvimos tudo o que ela disse, como também não pergunta se temos alguma dúvida. Ela sabe que ouvimos e estamos cientes. Ela está fazendo a parte dela, como prometido. Mas não devo parte nesse acordo, o que é estranho. – assim que atravessarem o portão saberão para onde ir, não é difícil e também não serão mais responsabilidade minha, porém irei fazer o que posso para que os outros deuses intercedam.
   Hemera olha meu rosto e não faz menção a nada tranquilizador. Apesar da minha pouca sonolência, consigo analisar sua expressão, seu olhar parece transmitir piedade, sua boca está entre aberta como se ela quisesse falar mais, dar alguma conselho, mas não o faz.  E então se vira e vai na direção da porta, caminhando como se tivesse certeza de que faremos o certo. Ela não pergunta se entendemos, pois agora é problema do meu pai e meu. Ela sai sem mais nem menos, apenas deixando suas palavras ao nosso redor, como facas, e tudo o que meu pai e eu temos que fazer é usá-las. Por um momento fico paralisada, sem saber o que dizer, não consigo acreditar no que ela disse.
   Parece algo distante, que eu sempre quis e agora que vai acontecer não sei como proceder. Finalmente sairei daqui. Mas sinto medo, medo do que nos espera agora, medo do que está acontecendo. Parece um truque, ou uma jogada suja, não sei se devo confiar em Hemera.
   Ela gosta da Nix, não sei se se arriscaria tanto assim por mim, por isso acho que tem coisas bem mais profundas acontecendo, sei que não sei nem da base das coisas. Quando eu me viro para questionar a Hemera sobre isso, ela não está mais aqui. Sumiu como o vento, parecendo que nunca realmente esteve aqui e disse que iremos embora amanhã.
   Minha mente se bagunça ainda mais pensando nas possibilidades de tudo. Não tenho planos para nada depois daquele portão. Não sei se será tão fácil quanto ela disse. Siga sempre o caminho, não desvie por nada nessa vida. Parece tão simples, mas tenho medo do que pode acontecer. É um aviso simples, mas carregado de medo e ordem. Sinto que tem algo me incomodando, algo cutuca no fundo da minha mente. Sei que eu ouvi algo importante antes de dormir, mas não consigo lembrar o que.
   As lembranças somem antes de eu as transformar em palavras.
   — Por quanto tempo eu dormi? – pergunto para meu pai. Olho para ele, que ainda está encarando a janela.
   Ele não responde. Seu olhar está vidrado e sua mão segura forte a cortina. Até me pergunto se ele ouviu o que a Hemera disse. Me levanto, sem dificuldade, já não sinto mais a sonolência de antes, meu coração agora bate rápido e minha mente está trabalhando, analisando tudo.
   Quando chego ao seu lado, olho para o mesmo lugar em que ele olha. O céu.
   A visão que eu tenho é horrível. Ele está escuro como nunca, nuvens negras e cinzas preenchem até onde minha visão alcança. A noite parece borrada e bagunçada, raios pesados e fortes trovejam dentro das nuvens, iluminando tudo e causando tremores fortes. O vento sopra forte, as flores e árvores dos jardins parecem que serão arrancadas a qualquer momento. Ele está cortante e perigoso, parece que um tornando está querendo se formar. A neblina por cima do jardim parece densa, como se quisesse proteger o palácio.
   A lua está praticamente inútil, escondida atrás das nuvens e sem muito brilho. Então Ártemis está ocupada com outras coisas. Consigo sentir algo no ar, um aviso, o vento parece gritar perigos. Estremeço e dou um passo para trás, horrorizada. Tem coisas muito estranhas acontecendo, e tá sendo tudo muito rápido. Esse não é um bom sinal. Minha respiração sai entre cortada, e eu tento me controlar para não gritar de angústia. O ar parece carregado de fúria e ódio.
   — Muito tempo – diz por fim, sua voz parece se perder assim que sai de sua boca. – está acontecendo Sara, temos que nos preparar.
   Ele se vira e sua expressão me assusta, ele não parece o mesmo. Seus olhos parece que carregam todo o medo do mundo. A voz dele é pesada e eu me viro não conseguindo encarar ele.
   — Ouvi com atenção tudo o que a Hemera disse – continua. – na biblioteca, vi um mapa sobre o mundo mitológico, os lugares e os deuses que os dominam, os monstros que estão escondidos pelo mundo e os lugares mais perigosos e amaldiçoados, será muito útil para nós. Precisaremos estar preparados para tudo, algo ruim está vindo – ela dar uma última olhada para o caos lá fora e fecha a cortina. – e é algo causado pela noite.


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   Não tem plano. Haveria um plano se soubéssemos o que nos espera. Mas não sabemos, então não há um plano.
   Mas temos consciência do que vamos fazer. Um portal vai se abrir para o jardim, iremos atravessar ele, depois seguiremos o caminho das tulipas vermelhas e chegaremos no portão e saímos. O planejamento morre aí, depois disso não tem mais nada. E é isso que me deixa com medo, o inevitável sempre assusta, mas esse é pior, pois eu sei o que pode acontecer, mas não sei quando ou como.
   — Então irei na biblioteca pegar o mapa – meu pai diz, olhando para algum ponto entre os meus olhos. – e você vai no acampamento pegar sua arma – assinto. É simples e fácil. – mas você tem certeza disso? Elas te expulsaram do acampamento, talvez não seja bem vinda lá.
   — Elas não expulsaram, só... Recusaram minha presença temporariamente – um pequeno sorriso se forma em seus lábios e eu solto uma leve risada. Meu riso sai estranho, pois não combina com o momento. – Tânia disse que eu poderia voltar, é necessário termos alguma arma. Preciso saber sobre o que a tal guerra se trata, além de que... Preciso me despedir da Helena – minha única amiga nesse último mês, que me ajudou muito.
   Preciso me despedir dela, não quero ir embora sem saber se a verei novamente. Não posso acabar com outra amizade assim, como acabei com a Winney. O pensamento sobre ela faz meu coração pesar, sinto como se várias agulhas fossem cravadas nele. Helena merece ao menos uma breve despedida, é o que eu faria com a Winney. Lágrimas se acumulam nos meus olhos, pois tudo volta para mim como uma onda.
   Eu matei a mãe dela, tirei tudo dela e a nossa amizade morreu. Por causa de mim a Milena morreu, e agora vamos fugir do lugar pela qual ela morreu, para que meu pai viesse. Toda noite, penso se teria sido diferente se eu tivesse vindo só. Meu pai continuaria vivo e ela também. Mas também não sei se conseguiria manter minha sanidade, foi meu pai que me deu esperança e me confortou, conversou comigo e me apoiou esse tempo todo. Tudo agora parece tão absurdo, sem sentido.
   Limpo as lágrimas antes que elas desçam. Meu pai parece adivinhar porque isso é importante pra mim. Ele me puxa pra perto e me dar um abraço forte, seus braços me confortam. Eu sou mais alta que ele e estou mais forte, por conta do treinamento, mas agora ele parece que seria capaz de carregar o céu para me proteger.
   Ficamos um tempo assim, sentindo um ao corpo caloroso do outro. E quando nos soltamos parece que um universo se abre entre nós.
   — Nos vemos daqui a pouco – ele diz e me dar um beijo na testa. – faça o que tem que ser feito e volte em segurança. – minha boca se curva em um simples sorriso.
   Então vamos juntos até a porta. De mãos dadas, quando chegamos no corredor, nos olhamos. Assentimos um para o outro.
   — Até já – digo. – vamos embora.
   E então seguimos direções diferentes. Ele segue o corredor da esquerda atrás de um mapa e eu vou pelo o da direita, atrás de uma lança e de uma despedida. Já sei o caminho de cor, sigo sem problemas, os corredores já não me são tão estranhos.
   Esquerda, esquerda, desce a escada de mármore preta, direita, segue em frente e esquerda. Chego no corredor das portas sem dificuldade. Todas elas estão trancadas, sem nenhum sinal de que alguém passou por elas recentemente.
   Mas quando olho para o fim do corredor, me assusto. A porta que fica lá é a maior de todas e é a que vai para o Olimpo. Mas ela está rachada, várias rachaduras grandes cortam a porta da base até o topo, de formas longas e irregulares. O símbolo do meio é o que está mais danificado.
   O que diabos aconteceu aqui? Eu nem reparei nela quando passei por aqui algumas horas atrás, então não sei se já estava assim. Me aproximo e toco ela, e no mesmo instante me retraio. Está quente, e o ar ao redor dela está pesada. Toco a maçaneta e puxo, com medo do que posso ver, quando ela se abre, não vejo nada, está tudo escuro. Não tenho permissão pra entrar aqui. Recuo alguns passos e analiso ela, as rachaduras são violentas e mesmo um pouco longe, consigo sentir o calor.
   O que ainda vai me surpreender? Viro-me e deixo ela para trás. Abro a porta para o acampamento e como sempre, está dando para a caverna. Espero ver as duas caçadoras na porta, mas elas não estão mais aqui, significa que posso entrar. Eu acho.
   Atravesso a porta e fecho devagar. Caminho a passos leves e largos. Não escuto nenhum voz de fora, mas em compensação, o céu treme com os trovões furiosos. Quando saio da caverna, tenho a mesma visão que tive da janela. O céu transborda em nuvens negras, ele está uma confusão de nuvens e trovões, que iluminam o céu em forma de ameaça. Ao longe, nas montanhas e além, vejo que raios caem com toda força no chão, fazendo tudo estremecer. Zeus está furioso.
   O frio me atinge bruscamente, o vento está cortante e parece prestes a me arrancar do chão. Meu coração bate rápido, cada batida parece como um trovão dentro de mim. O chão treme a cada minuto, como se fosse se romper a qualquer momento. A ventania curva as árvores de forma tão grotesca que sinto que não durarão muito tempo no solo. É difícil me manter em pé.
   Então começo a correr, com a visão limitada. Aqui em cima é escuro, não é iluminado como lá embaixo, no acampamento. Antes que eu chegue na borda do precipício, Vejo silhuetas subindo a escada, chegando no mesmo patamar que eu.
   São quatro caçadoras. Reconheço três logo de cara; Ellie, Tânia e Helena. Elas caminham sem dificuldade, seus olhares estão focados em mim, menos o da Helena, que parece estar nervosa.
   O chão treme novamente, de forma brusca, mais um raio cai no chão, causando uma pequena explosão no horizonte. Escuto um estrondo atrás de mim, um barulho alto que faz minha cabeça doer, e quando me viro vejo uma árvore sendo arrancada pela raiz do chão. O estrondo é grande e me faz recuar rapidamente. Que confusão é essa? Meus pensamentos gritam dentro da minha cabeça. Tudo parece estar prestes a desmoronar. A ventania perigosa e o escuro me impede de ver muito além, mas consigo ver o desastre que está acontecendo.
   O que mais me assusta é que foi de repente. Cerca de poucas horas atrás não estava assim, a mudança foi muito repentina.
   — Sara Sintuell – a voz da general Tânia se sobressai sobre a fúria do vento, mas se perde rapidamente. Semicerro os olhos para poder ver melhor. O ar entra e sai dos meus pulmões como ondas furiosas do mar, arrasando tudo.
   — O que está acontecendo? – grito, mas elas parecem não escutar. Dou mais alguns passos para a frente, tentando chegar perto. Coloco toda força nas minhas pernas, para me manter em pé.
   As quatro caçadoras chegam até mim e algo estranho acontece. Elas se posicionam, formando um círculo ao meu redor. Com Tânia de frente pra mim, Ellie a direita, a outra caçadora na esquerda e Helena atrás de mim. Elas estão segurando suas armas, prontas para algo.
   Eu olho assustada para elas, com a sobrancelha franzida. Elas vão me matar?
   — Sem explicações, mas por ordem da deusa Ártemis – Tânia diz, agora escuto mais nitidamente sua voz. Sua capa oscila nas ondas de vento atrás de si, e eu consigo ver sua armadura dourada, cintilando e me dando uma visão boa do seu rosto. – você está presa e não pode deixar esse acampamento, até segunda ordem.
   Isso me atinge como um chute na barriga. Por um momento meu coração para e minha cabeça parece prestes a explodir, meu corpo congela mas não por causa da ventania. Mais um raio cai no horizonte e o céu brilha com o trovão. Outra árvore cai, longe dessa vez, mas seu estrondo é alto e horrível.
   Olho para todas assustada, na esperança de que seja uma brincadeira. Mas estão todas sérias, seus olhares estão canalizados em mim. Olho para Helena e ela desvia rapidamente o olhar, mas como se fosse necessário, ela voltar a me encarar, vejo tristeza em seu semblante.
   — O que está acontecendo? – pergunto com a testa franzida.
   — Você vem conosco, Sara – Helena diz. Ela hesita, mas ainda se mantém firme na minha frente.
   Olho novamente para cada uma delas. Pensando no que fazer. Não posso ficar presa aqui, tenho poucas horas até o portal se abrir. É minha única chance. E sem pensar, movida pela surpresa, eu desfiro um soco contra a caçadora da esquerda. Meu punho acerta a lateral do seu rosto e ela cambaleia para trás, deixando sua lança cair, eu me jogo no chão e pego ela. Ainda surpresa com meu ataque, uso a lança para bater contra a parte de trás do joelho da Helena e ela cai de joelho no chão. Tânia, apenas me observa, não move nem um músculo, sua expressão é de desdém.
   Eu me levanto e tento correr na direção da porta, com a minha respiração acelerada. Não acredito que elas querem me prender. Mas a Ellie é mais rápida do que eu, ela aparece na minha frente e ergue o lado sem ponta da lança contra a minha barriga, o impacto me faz perder o ar e cambalear para trás, a dor me faz alucinar e querer vomitar. Ainda no mesmo instante, ela ergue a lança atingindo meu queixo. Minha cabeça lateja com o impacto, sangue jorra da minha boca. Meu corpo treme com o choque do golpe.
   Vejo pontos preto e minha visão fica embaçada, não consigo nem respirar. E a última coisa que vejo é um punho vindo na direção do meu rosto, até que tudo escurece.

Nix - A dama da noite Vol.I Onde histórias criam vida. Descubra agora