Capítulo 3: O Jantar

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Todos já haviam ido embora, havia fechado o prédio, estava sentada na pequena escada de três degraus que dava acesso ao casarão antigo que se tornaria o futuro hotel. Vestia uma calça jeans, uma sapatilha discreta de couro e uma camiseta preta com uns babados. Eu sei, eu não sou uma mulher de babados, tive que comprar essa, tanto que não comprei algo caro por que sabia que mal ia usar aquilo de novo. Mas Paula ficou azucrinando a minha cabeça de que eu deveria parecer feminina. Só que não ia abandonar meu lado rebelde, por isso meu casaco de couro estava preso na bolsa. Afinal, estávamos na primavera do Norte de Portugal e o clima podia ser mais imprevisível do que eu na TPM.

Pude ouvir longe o ronco do carro esportivo, sabia que devido as circunstâncias, apenas uma pessoa poderia estar dirigindo aquela ostentação sobre quatro rodas. Fiquei de pé, jogando o celular na bolsa e assim que o carro parou, caminhei até ele, sem esperar que ele saísse, abri a porta e logo entrei. Ele me lançou um sorriso divertido e falou.

- Bem que poderias deixar eu abrir a porta para ti.

- Boa noite para você também, Sr. Aveiro. Espero que a sua semana tenha sido muito boa e produtiva. A minha não foi tanto por que tinha um gajo a me mandar mensagens o tempo todo.

Ele deu uma risada com meu senso de humor, parecia que estava leve, toda a tensão que estava estampada no rosto durante algumas entrevistas que eu vi, não estavam mais ali. Sim, assumo, comecei a me informar mais sobre ele. Queria apenas saber como ajuda-lo. Era tudo por um amigo.

- És uma bruta!

- És um convencido!

Logo o carro começou a ser guiado pelas ruas do Porto, enquanto conversávamos sobre várias coisas bobas, como filmes que gostamos e livros. Sim, ele lia livros, na verdade eu estava impressionada, ele não tinha feito uma universidade, tinha estudado até o Segundo Grau enquanto jogava pelo Sporting. Enquanto todos terminava a escola e iam para a universidade, ele ia para a Inglaterra jogar em um time profissional no grupo principal como uma grande promessa. Mas isso não fez com que ele parasse de querer saber mais, então soube através da conversa que ele tentava aprender através de viagens, documentários, filmes e muita leitura.

Ao chegarmos no restaurante, ele segurou meu braço, olhou em volta, fazendo um falso drama:

- Deixe-me ver se tem algum paparazzi.

- Creio que não tenha.

- Mesmo assim, deixe-me abrir a porta para você e seja um pouco educada, sim? – Ele me lançou um olhar divertido.

- Idiota!

Cristiano deu uma risada sem tamanho, desceu do carro dando a volta correndo, acho que com medo que não cumpra seu pedido. Seguindo sua sugestão, que não admitia discussão, deixei minha bolsa no carro, desci apenas com o casaco em uma mão, enquanto outra mão possessiva pegava a minha, acho que estava com medo de que eu fugisse.

O restaurante era simples, uma típica Cantina Italiana. Mesmo assim ele estava ali, com o terno, calça jeans, blusa preta e um tênis, pois era engraçado está ao lado de alguém mil vezes mais vaidoso do que eu. Enquanto eu levava meia-hora para me arrumar, incluindo o banho, ele deveria levar umas 3 horas. Com toda certeza mataria qualquer noiva de inveja.

Ao entrarmos pela porta do simples restaurante, um dos garçons se aproximou para atender, quando assimilou de quem se tratava, deu para perceber como o rapaz ficou um pouco perdido, meio sem saber o que fazer, querendo fazer tudo mas não conseguia fazer nada ao mesmo tempo. Sei muito bem como ele se sente, eu já me senti assim, ele causa esse efeito.

- Uma mesa para dois e em um lugar discreto, por favor. – O jogador falou de forma educada, com aquele pequeno sorriso acolhedor, tentando acalmar o jovem funcionário.

It's a man's world || CR7Onde histórias criam vida. Descubra agora