Capítulo 23: A Fazenda

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O avião pousava na pista de Guarulhos, via as enormes aeronaves, o grande aeroporto, a muito tempo não pisava no Brasil, a muito tempo não voltava a minha terra, talvez agora fosse bem necessário.

Assim que a aeronave parou, peguei minha mala de mão, segui o fluxo de passageiros, deixando por um tempo o calor do verão europeu escaldante, para o frio do inverno brasileiro que agora até parece fraco para mim.

***

- COMO ASSIM VOCÊ NÃO VAI ME DIZER PARA ONDE ELA ESTÁ, PAULA? – Eu gritava no telefone furioso, enquanto passava a mão no cabelo impaciente.

Maria não tinha chegado em casa, estava desaparecida a dois dias, e só agora a amiga dela resolveu me atender o telefone. Era o máximo que eu podia fazer, já que meus treinos haviam começado.

- Simplesmente não dizendo. – A amiga da minha namorada fala simplesmente, com uma calma mais irritante ainda.

- A MARIA NÃO PODE SIMPLESMENTE SUMIR, DO NADA! – Respiro fundo, tentando recuperar a calma. – Mandei pessoas até a morada dela, e falaram-me que ela não está lá desde ontem final da tarde. Final da tarde! O telemóvel dela está desligado pois vai logo para a caixa de mensagens!

- Talvez seja por que ela não queira falar contigo. Talvez seja por causa das mensagens que ficaste a trocar com tua ex-namorada. Então perdeste o direito de exigir algo, oh pah! – Finalmente Paula indigna-se comigo.

Eu sabia que havia feito burrada, mas precisava de um sinal.

- Mas preciso conversar com ela. Me justificar. Aquilo foi uma bela obra de ficção feito pela Georgina e um jornalista amigo dela. Por sinal, já estou a cuidar legalmente disto.

- É Portuga, até explicar que focinho de porco não é tomada, nossa boa e bela Maria está no Brasil.

- NO BRASIL! – Não pude conter a revolta, o espanto, era como levar um tapa na cara. Sentir-me encolher todo, por que era muito além do meu alcance. E os piores pensamentos começaram a me ocorrer.

***

Enquanto o carro deslizava pela pequena estrada que levava a sede da fazenda, eu sentia o cheiro da terra molhada, de infância, lembrava de quando andava a cavalo, corria pelos campos, quando tudo parecia tão simples. E logo estava estacionando o Jeep próximo da escada que dava acesso a varanda da fazenda. Logo uma senhora apareceu com um sorriso no rosto. Era minha tia Maria José, irmã da minha mãe.

- Meu Deus! Eu não acredito! Jo! Pelo amor de Deus!

Ela correu em minha direção e me abraçou carinhosamente. E eu retribui o abraço carinhoso. Era como uma segunda mãe para mim, pois quando meu avô morreu, ele deixou a casa da cidade para a minha mãe, e a fazenda para minha tia. Então sempre passava minhas férias ali, em meio a natureza, no interior de São José do Rio Preto.

- Por que você não deu notícias menina? Sua mãe chegou até pensar o pior.

- Desculpa, tia! Mas é que...

- Eu sei...Eu sei...Aquele infeliz... – Minha tia fala com desgosto.

- Vocês?...Sabem? – Pergunto surpresa.

- É uma longa história, chegue, se assente, vamos matar a saudade e depois nós fala sobre essas coisas. Mas pode ficar tranquila que aquele desgraçado está sumido, nem para o demônio ter tragado ele para baixo da terra.

- Eu sei onde ele está, é uma longa história. Teremos bastante tempo para conversar. – Abro um sorriso, largo a abraçando de novo. – Aonde está o tio Carlos?

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