Capítulo 10: O Terror

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Acordei com o susto, a mão em volta do meu pescoço, enquanto a outra mão cobria a minha boca, eu me debatia, tentava me libertar, mas não conseguia, era mais forte que eu, o pânico, um velho companheiro voltava a me assombrar. Eu me debatia, tentava gritar, não conseguia ver quem fazia aquilo, no quarto escuro. Tentava alcançar o celular sem sucesso.

- Você acha que eu ia deixar ele aí para você pegar? Você já foi mais esperta Maria.

A voz era conhecida, alguém saído dos meus pesadelos. Todo o abuso psicológico e o estupro voltaram a minha mente, Daniel nunca havia me batido, mas as palavras usadas por ele, todo o abuso psicológico, ainda estava vivo na minha mente.

- Obrigada por ter virado Maria Chuteira, só assim eu te achava. Agora você encontrou algo que alguém como você pode fazer sem problemas. Como você conseguiu se formar sem mim? Sem a minha ajuda? Esses portugueses são tão burros que te deram um diploma?

Ele deu uma risada e eu sentia os olhos picarem com a vontade que eu sentia de chorar. A mão dele saiu do meu pescoço, pegou um pedaço de pano, não sei onde ele achou e me amordaçou, era uma camisa ou algo do tipo, eu ainda tentei gritar, mas não consegui. O peso dele estava sobre mim, e ele era bem maior.

- Vou matar a saudade deste corpo. Ainda bem que você não perdeu a mania de dormir só de blusa. Pena que é desse jogadorzinho. Você não vê que você é só mais uma, que você é feia e gorda, comparada com os mulherões que ele pega. Só eu aceitaria uma mulher como você, que se veste e se comporta como um homem.

Enquanto ele falava isso, a mão dele viajava pelo meu corpo. Eu sentia um nojo imenso, meus maiores medo voltavam a me dominar, eu havia fugido do Brasil para Portugal por causa dele. Minha mãe deixou de falar comigo por causa dele. Ficou do lado dele.

- Eu vou te lembrar quem você ama de verdade.

Quando ele foi afastar as minhas pernas, naquela confusão, consegui levantar meu joelho e acertas as bolas dele com toda a força que eu podia. Ele gemeu e rolou na cama, eu consegui me levantar, mas quando fui correndo, ele me agarrou pelo cabelo dizendo.

- Eu nunca quis bater em você, por que eu te amo. Mas você pediu isso quando me fez de otário!

Ele deu um soco na minha cara, me deixando zonza, cai por cima da minha mesinha de cabeceira, fazendo um grande barulho, peguei o abajur, para acerta-lo, ele se distraiu na tentativa de desviar e eu corri. Mas ele era maior e mais rápido, senti uma rasteira dele, e um baque surdo me fez cair na sala, eu lutava para tirar a mordaça, e ele lutava com as minhas mãos, assim que consegui. Eu gritei o mais forte que consegui:

- Socorro!

Ele me deu mais um soco bem forte, senti o gosto de sangue na boca,

- Fica calada, vadia! – Então um tapa na minha cara - Seu jogadorzinho está bem longe. Tentou se esconder de mim, não é? Não adiantou nada usar o nome do meio, quando eu vi a foto, já sabia que era você. - Dá mais um tapa. - Dando para um jogador de futebol! Quer dar o golpe? Agora quero ver que moral você tem pra me chamar de golpista!

Ele rasga a camisa que eu usava para dormir, a que havia recebido de Cristiano, ainda lembro o dia que foi entregue para mim, o perfume dele me acompanhava, agora não mais. Eram as mãos asquerosas e imundas do Daniel que percorriam meu corpo. Minha mente se desligou e eu comecei a chorar. Era como se assistisse tudo fora de mim, do meu ser, não era mais seguro, ele venceu, ele me achou, acabou.

O estrondo veio, logo vozes sem sentido dominavam tudo a minha volta, alguém tirava Daniel de cima de mim. Eu estava deitada no chão do corredor, por instinto me cubro com as mãos, uma mulher se aproxima, fala algo pra mim, ela me cobre com algo, grita alguma coisa para alguém.

It's a man's world || CR7Onde histórias criam vida. Descubra agora