Capítulo 27: As Regras

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Acordei com aquela sensação leve sobre a minha barriga, aquela mão pairando delicadamente. Quando olhei para o lado, dei de cara com Cristiano me observando, com um sorriso meio bobo. E eu logo estava retribuindo o sorriso também.

- Bom dia! – Ele falou com aquela voz rouca que havia sentido tanta falta, me causava até arrepios.

- Bom dia! – Falei timidamente.

- Dormiste bem? – Perguntou preocupado.

- Sim, agora estou em casa. – Falei naquele estado de boba eterna. – E tu? Dormiste bem?

- Mais ou menos, estou um pouco nervoso. Entendes?

- Sim, entendo e tudo vai se resolver hoje. Acredite.

Ele se inclinou beijando meus lábios, e depois falou baixinho.

- Tenho que ir. Nos vemos mais tarde. Cuida-te!

- Cuida-te também!

Ele deposita mais um beijo e vai embora, pegando o terno com o símbolo da Juve e colocando no ombro. Só então eu percebi que ele estava arrumado e não tinha ido embora a espera que eu acordasse.

Tem sido assim ao longo da semana, desde quando voltei para casa. Na verdade quando não estávamos trabalhando, ficávamos grudados um ao outro. E obedecendo uma pequena rotina, eu dormia mais um pouco para então ser acordada por Junior que se infiltrava na cama ao meu lado, fugindo da sua avó que o queria pronto para a Escola, mas ontem foi sábado, ele ficou um pouco mais na cama, e a tarde fui para mais um jogo dele. Sim, me tornei a mãe mais coruja de todas, daquela que faz uma torcida escandalosa na arquibancada e deve se policiar para não soltar palavrões e chocar os outros. Eu sei que eles podem não me entender, mas vai que...

Só sei que mais tarde, lá estava eu, com a ajuda do Ricky levando toda a tropa para o estádio. Eu vestia a camisa do Juventus dada para mim com todo carinho pelo meu namorado. Enquanto todas as crianças usavam as suas, e caprichei nos lacinhos branco e preto no cabelo de Eva. Até Dolores e Andrade se uniram ao grupo para me dar apoio moral. Afinal, era a minha primeira vez em um jogo no estádio, em qualquer estádio, e eles estavam empolgados com o meu batismo.

Eu estava resolvendo seguir o conselho que minha tia sempre dava: "É melhor fingir costume do que parecer deslumbrada". E assim o fiz, tentei agir o mais natural possível. Me acomodei na tribuna que já havia conhecido no dia que Ronaldo foi apresentado e a coletiva de imprensa, então até ai não tinha novidade. Acomodei todas as crianças, tentando me adaptar a aquele universo de novidades e responsabilidades.

Quando o jogo começou, eu estava mais perdida do que cego em tiroteio. Eles gritavam "Falta" e eu perguntava:

- Isso é bom ou ruim para nós?

E todos riam da minha ignorância, então sempre alguém vinha explicar o que aconteceu.

- Ah não! Impedimento! – Cristianinho lamentou.

- Mas não tinha ninguém na frente dele, como ele podia estar impedido?

- Esse que é o problema tia! Papa estava adiantado, e não pode. – E mais uma vez ele explicou toda a regra pacientemente e ainda puxou minha memória dos nossos jogos de Fifa e Pes.

Mas até que quando menos esperamos, no meio de uma bagunça na frente do gol, saiu o primeiro gol do Cris. Todos explodiram em uma comemoração. Eu podia não entender de todas as regras, mas sabia o que era um gol. Mateo estava no meu colo e eu o abracei fortemente, e quando olhei para o gramado, via Cristiano após a comemoração jogando uma piscadinha em nossa direção, não resistir e joguei um beijo.

It's a man's world || CR7Onde histórias criam vida. Descubra agora