Capítulo 8: A Tempestade

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Agora eu entendo por que tempestade tem nome de mulher. Não me refiro a que está gritando comigo agora em um quarto no fundo de um jato. Mas sim, a que causou esse surto da Georgina. O lado bom é que estou a ver quem é ela na verdade. Sai do quarto, deixando ela em prantos, fazendo o papel da vítima e encontrei todos a me olhar com uma expressão de que sabiam do que se passava.

Menos o meu filho, este obedientemente assistia vídeos no ipad com o fone de ouvido, deixando ele alheio a toda aquela cena. Minha mãe fez sinal para mim, e eu sentei-me ao seu lado. Meu irmão Hugo discretamente se levantou e juntou-se a Ricky e Jorge um pouco mais distantes, deixando-me ter aquele momento mãe e filho com a Dona Dolores.

- Eu já estou sabendo do que houve esta noite. O teu irmão contou-me tudo. – O que poderia dizer para ela, eu precisava me despedir da Maria antes de ir para o Mundial. – Ela é a garota de quem me falaste?

Sorri diante do que minha mãe disse, ela via a nós dois como dois adolescentes que estão a namorar. Talvez eu me sentisse assim quando estava perto dela. Na verdade eu sempre tentei manter meu lado jovem, afinal eu sou jovem.

- Sim. É ela. – Falei timidamente, olhando para minha mãe como se buscasse a opinião dela.

- Muito bonita, não parece essas plastificadas com quem tu tens te metido, ela parece uma mulher de verdade, com dignidade...e com personalidade forte. Hugo contou-me o que ela disse para Georgina e por isso a rapariga está a descabelar-se como uma maluca. Percebeu que encontrou uma mulher melhor do que ela, uma rival mais forte, aquele desespero ali dentro... – apontou para o quarto que possuía o jato ... – é o desespero de uma mulher que percebeu a derrota. O Hugo ficou muito impressionado com a dignidade que Maria enfrentou a situação. Mesmo tu não colocando ela de forma tão digna nesta história, sabes muito bem minha opinião sobre isto.

- Eu sei, mama. – Falei sem jeito, baixando a cabeça, me sentindo um miúdo a levar puxões de orelha da mãe.

- Mas nada na tua vida pode ser normal, já devia estar acostumada com isso. Jorge me explicou toda a situação quando íamos para o aeroporto, ele percebeu o quanto estava contrariada, parece que ele já tinha conversado com ela. Então comecei a admirar esta rapariga. Pois ela estar a enfrentar a situação de cabeça erguida.

- Eu tenho medo que ela não me escolha no final. – Externei um dos meus grandes receios.

- Mas por que ela não te escolheria? – Ergo a cabeça para olhar a minha mãe do alto da sua sabedoria. – Não falo pelo dinheiro, pois bem vi que ela não parece se importar com isso e o Jorge me disse que percebeu a mesma coisa. És um homem muito bonito, as raparigas caem aos seus pés.

- Ela não caiu aos meus pés. – Protesto em meio a um sorriso.

- Tu que pensas, meu filho. Eu vi os olhares que trocaram. Ela não parava de olhar o meu menino. E sabes muito bem o efeito que causas, sabes usar isso muito bem.

- Acredite, mama. Isso encantou-me nela, Maria não ficou toda boba ao me ver, na verdade ela nem deu-me tanta importância. – Falei um pouco divertido.

- E como não gostas de perder...

Só pude rir diante da afirmação e completei.

- ...lutei até o fim. Ainda estou à lutar. – Então fiquei sério. – Mas sei que as coisas não são fáceis, eu tenho três filhos, não estou reclamando disso, longe de mim, sabes o quanto os amo, mas Maria não me parece do tipo que quer ser mãe, não agora, não assim, tão de repente. Tem o facto de que estou a me mudar para Turim, ela não sabe e já tem toda uma vida em Portugal, não sei se ela me acompanharia. Nem vamos falar da imprensa. Eles serão cruéis a princípio, já foram, mostrando ela como a amante.

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