Alguém como você.

4

A porta se abriu para dar passagem para Felipe, ele caminhava lentamente, ao seu lado estava Willian que lhe dava as coordenadas disfarçadamente, ele caminhava de cabeça erguida, sua expressão era de puro mistério era o que todos podiam deduzir, visto o óculos escuro que ele tinha em seu rosto e um sorriso desenhado  os seus traços faciais.

Willian lhe dizia em sussurros:

_ Todos os jornalistas estão aqui fotografando, as câmeras estão todas voltadas para você.

De repente várias pessoas cercavam Felipe, Willian tentava os manter longe do rapaz, fazendo  um bloqueio com os braços para deixar o caminho livre para Felipe seguir o percurso  como eles haviam treinado, porém um dos repórteres chamado Jessé Tamborelly parava bem a sua frente colocando o pé como obstáculo para Felipe, ele queria certificar se de fato Felipe enxergava, se o rapaz  desse cinco passo a mais ele tropeçaria, Willian transtornado olhava aquela cena sem saber o que fazer, pois ao tentar manter os jornalistas longe de Felipe estavam em uma distância considerável para poder conter o inevitável, Felipe iria ao chão, era a hora de colocar o plano reserva em ação, era o plano que deixava claro que  Felipe estaria em perigo e nesse momento ele deveria parar no mesmo instante, e lembrando disso Willian estralou duas vezes os seus dedos torcendo para que ele entendesse que deveria dar apenas mais dois passos e parar.

Felipe sorriu da perspicácia do amigo quando ouviu o seu sinal e caminhou mais dois passos parando bem a frente de seu algoz:

_ Afim de brincar comigo?

_ Então é verdade que pode ver? – questionava Jessé Tamborelly.

_ Havia alguma dúvida quanto a isso?

_ Fomos informados de que o acidente no qual o seu noivo morreu, os vidros atingiram os seus olhos e ficaram comprometidos pelos estilhaços dos vidros, você nunca esclareceu esse fato, pode mesmo enxergar?

Contendo a raiva por ele ter citado Luan, Felipe ergueu ainda mais o queixo e sorriu:

_ Ainda não vejo o motivo da especulação.

_ Nosso trabalho é encontrar e informar a verdade – provocava o jornalista a estreitar o olhar.

_ Compreendo, acredito então que seria o seu desejo uma entrevista exclusiva – rebateu Felipe, mantendo o sorriso.

Willian logo o retirou de perto do jornalista o levando para um outro local informando a ele em tom baixo:

_ Está na frente da Dick.

Dick era uma das lojas, ele precisariam dar mais alguns passos e estenderia a mão para Cindy e selaria o protocolo daquela tarde.
Após aquele incidente que quase desmascara Felipe tudo correu bem. As vozes diminuíram após tudo aquilo, Willian não estava ao seu lado, com certeza estava respondendo as tantas perguntas sobre o evento. Foi nesse momento em que ele ouviu uma voz familiar, uma voz que ele reconheceria em meio a uma multidão de vozes, uma voz que estava gravado em sua memória, era a voz dele, a voz do seu amado, era a voz de Luan. 

Atordoado ele ficou a imaginar "_como?_ não pode ser... isso é impossível"

Impulsionado ele seguia aquela voz, sem pensar, ele apenas acompanhava por caminhos desconhecidos, por caminho não calculado e assim acabava se batendo em uma parede, tropeçando em colunas, mas incansavelmente ele escoltava de perto aquela voz, de repente o silêncio, um terrível silêncio, Felipe não sabia onde se encontrava, as outras vozes pareciam longe, e ele tentava desesperadamente se concentrar na única voz que ele almejava ouvir e essa permanecia em silêncio.

 Escorado na parede ele foi caminhando a passos lentos, até que novamente ele ouviu, o som de uma música, era a mesma que tantas vezes ouviu Luan cantar, ela era entoada por alguém, alguém que possuía o mesmo timbre da voz do seu amado, não podia ser imaginação, coisa de uma mente saudosa, Felipe sabia que Luan estava morto, mas alguém tinha a mesma voz, o mesmo timbre dele e isso o atraia, o impelia para saber mais, incentivado por um sentimento maior que  ele levou a mão a maçaneta da porta e abriu-a, e invadiu um quarto de Spa e como hipnotizado direcionava ao som da melodia só parando quando ouviu uma pergunta um tanto taxativa:

_ Quem é você, o que faz aqui me olhando pelado?  

  _ Como é?

_ Estou te perguntando o que faz aqui me olhando tomar banho, é o massagista, não tem cara de ser.

_ Não, não, não sou massagista.

_ Então... o que faz aqui?

Felipe totalmente desconsertado não sabia o que dizer, ao que tudo indicava ele havia invadido um quarto, e o rapaz estava pelado, momento ideal para contar-lhe a verdade, mas era algo que ele não poderia fazer.

Novamente o rapaz indagava curioso:

_ Não vai mesmo me dizer o que faz aqui nesse quarto, me olhando tomar banho?

  _ Desculpe, desculpe eu... é eu sinto muito.

Ao tentar sair de lá apressado acabou tropeçando e caindo ao chão, o rapaz rapidamente veio ao seu encontro apenas enrolando uma toalha na cintura:

_ Hei cara, está tudo bem?

_ Sim, estou bem, me perdoa.  

  Felipe ajeitava o óculos escuro em seu rosto, torcendo literalmente que ele conseguisse sair daquela situação sem maiores consequências, como sempre Willian veio lhe salvar:

_ Ai está você, Felipe você me assus... Luan?

Foi inevitável que tanto Felipe quanto o rapaz que estava desnudo da cintura para cima  se voltasse a ele, confusos:

_ Quem é Luan, vocês são malucos ou o que?

_ Me perdoa rapaz, mas é que você é igual a um amigo nosso - Willian declarava tentando conter a surpresa  _ infelizmente ele morreu a dois anos atrás mas a semelhança entre vocês é... inquestionável.

_ Willian, o que você está dizendo? - Era Felipe quem perguntava tentando conciliar seus pensamentos ao que ouvia.

_ Não, nada não, nos perdoa novamente rapaz, como é mesmo o seu nome?

_ Michael Fernandes.   

  _ Michael Fernandes? - Willian repetiu, esboçando um sorriso a ele. _Novamente nos perdoa, toma aqui o meu cartão, tenho a leve impressão que voltaremos a nos encontrar.

Willian saia levando Felipe com ele, deixando Michael parado no meio da sala confuso:

_ Felipe o que deu em você para vir parar aqui nos quartos de spa?

_ Aquele rapaz ele tem a mesma voz do Luan, Willian ele tem a mesma voz.

Willian arregalava os olhos pensando com ele mesmo:

"_ A voz eu não sei, mas que ele é igual a ele isso eu não tenho dúvidas"

 Ele dizia essas palavras apenas para ele mesmo, ao notar o estado que isso havia deixado Felipe era o melhor que ele não desconfiasse que o desconhecido era exatamente igual ao Luan. 

Era uma situação bastante irreal imaginar que Felipe havia se deparado com alguém exatamente com a semelhante análoga a de Luan, era como se o destino lhe pregasse uma grande peça, e Willian ficou em dúvida se diria ou não que Michael e Luan era a personalização de uma mesma pessoa em corpos diferentes.