Alguém como você.

18

Assim que souberam o que havia acontecido os pais de Felipe e Thalia foram para a casa do rapaz, Willian também estava por lá, todos conversavam sobre o assunto, Michael chegou e se manteve um pouco mais afastado causando estranhamento aos pais de Felipe:

_ O que aconteceu, por que ele está calado hoje? - O pai de Felipe perguntava:

_ Acho que ele está se sentindo envergonhado e um pouco culpado.

_ Culpado por qual razão? - Era a vez de dona Madalena questionar.

_ Ele namora o Kennedy Rocha - Willian explicava.  

_ Lógico foi ele, foi você não foi, você que contou ao seu namorado que meu irmão não enxergava, você é o culpado pelo que aconteceu hoje.

Thalia acusava com firmeza apontando o dedo para Michael:

_ Eu jamais faria isso. Eu não disse nada.

_ Ah é, e como foi que o seu namorado descobriu? _ Vocês não vê que depois que esse cara apareceu todos suspeitam que o Felipe está cego. 

 _ Para Thalia. 

_ Se ele não é culpado por que não se responsabiliza pelo que o namorado dele fez, por que não pega as coisas dele e some, se não está aqui para prejudicar o meu irmão vai embora agora mesmo.

_ Para Thalia - Felipe, em um tom baixo proferia as palavras.

_ Ela tem razão, eu devo ir embora, me perdoa em nome do Kennedy, ele não tinha a intenção de fazer isso, eu tenho certeza, irei arrumar minhas coisas agora mesmo.

_ Isso, isso vai mesmo embora, ninguém te quer aqui.

_ Eu disse para você parar Thalia, chega, para de responsabilizar o Michael em algo que ele não tem culpa.

Todos estavam chocados com os gritos de Felipe, Thalia o olhava com os olhos cheios de lágrimas:

_ Você está gritando comigo?  

_ Está na hora de você crescer minha irmã, eu sei que você é uma pessoa doce, amável, mas se tratando do Michael está sempre na defensiva, não irei mais tolerar esse seu comportamento, agora eu vou te pedir para sair da minha casa.

_ Mas Felipe...

_ Eu disse saia!

Ninguém ousou a contestar, Thalia pegava a bolsa que estava em cima do sofá e deixava a casa do irmão enfurecida.

Seus pais também não demoraram a despedir-se, Willian permaneceu:

_ Willian, onde está o Michael?

_ Ele está arrumando as coisas dele.

_ Quero que leve ele para casa. 

 _ Vai mesmo permitir que ele se vá?

_ Conhecendo a sua personalidade, nada do que eu fale hoje fará ele mudar de ideia, então sim permitirei que ele se vá por hoje.

_ Compreendi, você está certo.

Willian obedeceu o pedido de Felipe sem questionar da mesma forma que obedeceu quando Felipe pediu que ele marcasse um encontro um tanto inesperado.
E ali estavam os dois esperando o terceiro homem que não demorou para chegar:

_ Então o grande Felipe Richter mandou me chamar para que?

_ Quero simplesmente que deixe de usar o Michael nas suas tramoias.

_ O que? 

_ Eu sei que está usando o Michael para chegar a mim.

_ E porque o meu relacionamento com o Michael te incomoda tanto, vai me dizer que você se apaixonou por seu enfermeiro?

_ Michael é um amigo ele é a melhor pessoa que eu conheci, não merece ser usado de maneira sórdida como você tem usado.

_ Não, não, e não, você não se abalaria ao tal ponto de vir falar comigo apenas por um amigo.

Ele começava a rir:

_ Não estou acreditando, o grande Felipe Richter, o cego se apaixonou por alguém tão insignificante como o Michael. E o mais irônico é que o Michael é apaixonado por mim.

_ Eu juro que se você continuar machucando os seus sentimentos você vai se arrepender.

_ Jura? _ E o que pretende fazer?

Felipe esboçou uma risada se aproximando, erguendo sua mão até apoiar sobre o ombro de Kennedy que não se manifestava apenas para ver até onde aquilo iria chegar, quando Felipe sustentava o peso de sua mão sobre o ombro dele, lhe golpeava com um soco no estômago que o levou ao chão erguendo-se rapidamente para revidar, porém Willian tomou a frente dele:

_ Você vai se arrepender Felipe, eu garanto. 

Willian muito calmo como se fossem velhos conhecidos transmitia em tom baixo como se estivesse contando-lhe um segredo:

_ Sabe, desde o dia em que eu conheci o Felipe, eu nunca mais soube o que é ter medo, e não são as suas ameaças que me fará ter.

Dava duas batidinhas no ombro do outro e entrava no carro a qual Felipe já estava e manobrava para sair de onde estavam deixando o outro enraivecido.  

A ausência de Michael fazia Felipe pensar em tudo o que lhe aconteceram desde que Michael entrara em sua vida, e pensando em tudo tinha que admitir Kennedy tinha razão, Michael era mais importante do que Felipe gostaria de admitir, ele já não se via longe do rapaz, só de pensar em não tê-lo ao lado lhe angustiava, mas sabia que Michael precisava de um tempo, mas uma coisa era certa Felipe não abriria mão de ter Michael por perto.

Cinco dias depois Willian conduzia Felipe até a casa de Michael, encontrando por lá também Liliane, foi inevitável que ela descobrisse que Felipe não enxergava, Willian ficou responsável por conversar com ela enquanto Felipe tentava convencer Michael a retornar.

_ O que veio fazer aqui Felipe?

_ Eu vim te buscar.

_ Buscar para que?  

_ Seu lugar é ao meu lado, na minha casa...

_ Mas...

_ Michael, não existe mais, só assuma as suas responsabilidades.

_ Como é?

_ É isso Michael, a sua responsabilidade é cuidar de mim, é ficar ao meu lado. Você não deve se responsabilizar por algo que não fez.

_ Eu estou preocupado.

_ Preocupado que possa me trazer problemas?

_ Como sabe?

_ Você não me trará problema algum.

_ Como pode ter tanta certeza? _ Como pode ficar tão confiante que eu não te trarei mais problema?

_ Você acha que uma pessoa que não pensa duas vezes em pular em um rio gelado para me salvar, não merece a minha confiança?

_ Mas Felipe...

_ Eu preciso de você Michael. Eu preciso de você ao meu lado.

Michael escutava em silêncio o que Felipe lhe proferia, não conseguiria negar um pedido manifestado daquela forma, Michael voltaria a casa de Felipe com certeza voltaria.