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Resignado a retornar ao The Peak, Kennedy se esforçava o máximo para se manter perto de Vanessa, aproveitando o fato de que ela carregava o  seu filho em seu ventre para essa aproximação.

Kennedy ainda possuía a agenda de Vanessa, por essa razão ele tinha a informação que no dia seguinte ela teria que passar por um certo lugar para chegar em uma reunião, ele então armou um plano, ficaria em um ponto estratégico vendendo seus ternos de grife onde ela poderia avistá-lo. 

Colocando seu plano em prática a primeira providência que fez foi enviar um email para Vanessa com todas as informações da consulta médica, isso baixaria a guarda da moça que fragilizada pelo seu estado o olharia com um olhar mais abrandado, e no dia seguinte lá estava ele fazendo o seu brechó com seus ternos luxuoso:

_Venham e confiram é o último estilo.    Nós estamos oferecendo até 90% de desconto, esse aqui é o último lançamento na Europa, devem comprar enquanto está na promoção.

Não precisou de muito esforço para saber que Vanessa o observava, ela que passou com o carro perto de onde ele fazia suas vendas, parou um pouco mais adiante, desceu do carro, ele sorriu pois havia conseguido exatamente o que queria. 

Não importava que ela não viesse até ele, o importante era ela ter visto aquela cena. 
***

Felipe e Michael chegavam juntos ao quarto de André, dona Cilene cuidava do rapaz:

_ Vocês estão aqui - dizia dona Cilene.

A mulher sabia o contraste de sentimento que o filho sentia com a presença dos dois ali:

_ Sente-se melhor André? - Felipe o olhava ao perguntar.

O olhar de André focava em Michael pois notava o quanto o rapaz estava apreensivo, parecia triste e aéreo:

_ Michael, está doente ou algo assim?

_ Não. 

_ Mas você está um pouco inquieto hoje.

Michael sentava ao lado do rapaz o tranquilizando:

_ Eu estou bem não se preocupe. Já que o médico pediu que descasasse mais, você não deve se preocupar também, ok.

A mãe do rapaz olhava-o:

_ O Michael tem razão, está na hora de se preocupar com você mesmo meu filho. 

_ Mãe, eu gostaria muito de ir para casa. 

_ Não, você não pode - Michael adiantou-se _ Como pode voltar para casa assim, você acabou de fazer uma biópsia. 

_ É melhor ficar aqui no hospital, eu pedirei um enfermeiro exclusivo para você.

_ Não precisa Felipe. 

Michael olhava para o rapaz com a nítida sensação de saber o porque ele queria ir embora, agora que sabia dos seus sentimentos por Felipe imaginava o quão difícil para ele vê Felipe e ele juntos: 

_ Não pense em voltar para casa sem ter feito todos os exames e seguido as recomendações médicas, ouviu - Michael recomendava olhando sério para ele. 
***

Ainda seguindo com o plano, Kennedy foi buscar Vanessa para jantar ele a levava no mesmo restaurante do outro dia, a mesma garçonete os atendia com um sorriso no rosto:

_ Desejam fazer os pedidos agora, ou irão querer o mesmo da última vez?

_ O mesmo por favor. 

Vanessa que permanecia calada esperou a garçonete se ausentar para dizer:

_ Eu posso cuidar da minha alimentação, não tem mais que me levar para jantar.

_ Porque?

_ Está decidido. 

_ Vanessa...

_ O que esteve fazendo hoje?

_ Eu? - ele dava uma risadinha _ estive procurando trabalho. 

_ Que trabalho?

_ Um trabalho semelhante a um trabalho no shopping.

_ Como um vendedor de rua pode se assemelhar a um trabalho no shopping?

_ Eu tenho que ganhar a vida de alguma maneira, é um trabalho temporário. 

_ Você realmente chama isso de trabalho?

_ Para mim... ele é. É o trabalho que tem me mantido vivo, e que me levou ao ensino médio e a universidade, já que eu trabalhei como vendedor de rua quando estava no ensino médio, eu realmente quis ter uma carreira na industria de shoppings. Foi por isso que comecei a trabalhar no The Peak, logo que terminei a faculdade. 

Foram interrompidos pela garçonete que traziam seus jantares:

_ Você está assim tão interessado nas industria dos shoppings?

Kennedy concordava com um mover de cabeça sem emitir palavra alguma. Não tinha como Vanessa negar o esforço do rapaz em relação a isso:

_ Eu acho que é um trabalho bastante desafiador, para proporcionar um produto que pode atingir ou mesmo exceder as necessidades, dos nossos consumidores. Já que é uma industria muito competitiva, isso também me permiti melhorar a mim mesmo... vamos comer.
***

Michael  levou Felipe para uma noite fora da cidade, ele havia reservado um quarto em um hotel que tinha a vista para o mar. 

O recepcionista levou as malas dos dois para o quarto e antes de sair ainda informava:

_ Se tiverem qualquer problema com o quarto apenas liguem para a recepção, aproveitem bem a noite. 

_ O que houve, achei que você reservaria dois quartos?

_ Eles informaram que deu um erro no sistema deles e ele acabaram reservando para outra pessoa, mas eles nos deram um jantar de graça. 

_ Jantar de graça, sei...

_ Eles tem um ótimo serviço você não acha?

_ Sim, nada mal.

_ Vê, eu sabia que tinha escolhido um ótimo lugar. 

Durante o jantar Michael não conseguia desviar os olhos de Felipe:

_ Sabe, essa é a primeira vez que eu tenho um jantar a luz de velas.

_ Então deve ter muita sorte mesmo de ter ganho um jantar a luz de velas. 

_ Sim, muita sorte. É por isso que devemos aproveitar o jantar e a companhia. 

Felipe segurava a mão de Michael mas esse dizia:

_ Felipe, me dá licença um minutinho só?

Com uma expressão de dúvida, Felipe olhava Michael se afastar, ele caminhava até o rapaz que tocava piano e como se já houvesse combinado com ele, o rapaz começava a tocar a mesma melodia que Felipe ouviu Michael cantar naquele quarto de spa, quando  ele ainda estava cego. 

Felipe ergueu-se da cadeira se conduzindo até Michael e o rapaz que tocava, pedindo:

_ Se importa se eu tentar?

Felipe tocava os primeiros acordes enquanto Michael continuava a cantar admirado pelos talentos escondidos de Felipe:

_Antes quando ficava na sua casa, eu ficava me perguntando quem é que tocava o piano que estava no seu quarto, não esperava que fosse você.

Felipe levava a taça de vinho a boca, piscando para Michael:

_ Essa é a única música que eu sei tocar. 

Felipe se levantava, estendia a mão para Michael:

_ Vem, vamos para o quarto. 

 

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