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  O final de semana chegou rápido, Michael estava de folga e resolveu ir ver Kennedy, telefonou, mandou mensagem a ele mas não obtendo resposta resolveu visitá-lo mesmo assim. Quando chegou em seu apartamento teve que esperar do lado de fora, pois apesar de 4 anos de namoro ele nunca deu a chave a ele, e o porteiro também não tinha autorização de deixá-lo entrar, já fazia exatos três horas  que ele estava ali esperando Kennedy retornar e quando ele chegava e ao ver Michael a sua espera mantinha sua expressão sem nenhuma emoção:

_ O que faz aqui?

_ Eu estava com saudades de você, fiz mal em  vim?

_ Bem.. já que está aqui vamos subir.

Entraram no elevador, Kennedy apertou o botão no painel de controle o número destinado ao andar de seu apartamento

Chegando lá, ele apontou para a cozinha dizendo:

  _ Michael, eu preciso urgentemente fazer uma pesquisa aqui do meu trabalho, eu não sabia que viria... procura algo para fazer, pode cozinhar algo para mim comer, aproveitando que está aqui?

_ Claro, claro que eu faço Kennedy, sabe que eu adoro fazer as coisas para você.

Michael lavou, passou, limpou, cozinhou enquanto Kennedy ora ficava no computador, ora na televisão, ora no telefone:

  _ Eu fiz um chocolate quente para você amor.

_ Você sabe que não gosto de chocolate, por que não fez um café?

_ Desculpa eu esqueci que não gostava de chocolate, vou preparar o café?

Não tinha pó de café, tudo o que tinha era o chocolate em pó, por isso Michael estava saindo quando foi questionado:

_ Onde você está indo?

_ Vou ao mercado comprar o um pacote de  café, você não tem na despesa.

_ Antes de ir pode pegar uma cerveja para mim. 

  Michael retornou até a cozinha pegando uma cerveja bem gelada entregando-o:

_ Aqui amor, a sua cerveja está geladinha.

_ Certo, vê se não demora lá no mercado ok, eu preciso que limpe o meu escritório, lá está uma verdadeira zona.

_ Não irei demorar, eu prometo.

Como prometido Michael não demorou a chegar, preparou o café da maneira como sabia que ele gostava, encheu uma xícara, Kennedy ainda mexia no computador compenetrado no que pesquisava, Michael sentou-se na cadeira de frente a ele, esboçando sorrisos:   

  _ O que pensa que está fazendo?

_ Nada, apenas estava te olhando.

_ Não, você está me desconcentrando me olhando, vai procurar algo para fazer, tem tanta coisa para fazer e você aqui parado.

_ Toma pelo menos o café que eu preparei, ou vai esfriar.

_ Você ainda não percebeu que eu estou tomando a cerveja? _ Leva esse café para lá, quando eu quiser eu peço.

_ Tudo bem... não precisa ficar nervoso.   

  Michael ficava triste com esse comportamento de Kennedy, ele havia mudado tanto de dois anos para cá, aquele cara carinhoso que era no início já não existia, e com isso todos a volta de Michael dizia que esse relacionamento não daria certo, mas o amor que ele nutria por Kennedy parecia que o cegava de tal forma que ele se submetia a todas essas coisas:

_ Michael, eu estou de verdade muito ocupado, vai para casa, quando eu puder eu te ligo, eu já falei para você não aparecer sem eu chamar, eu detesto ter que ser obrigado a te dar atenção sabendo que estou cheio de trabalho para fazer, dessa vez eu deixarei passar, mas por favor não faça mais isso, se quiser me ver me ligue antes para saber se eu estou disponível.

_ Mas Kennedy eu liguei.

_ Pois é, ligou e eu não atendi, será que não era sinal suficiente para saber que eu estaria ocupado?

_ Desculpe, eu vou deixar você trabalhar sossegado.   

  Michael pegava a mochila que estava no chão e colocava sobre os ombros, Kennedy se erguia da cadeira segurando-o pela cintura, selava os seus lábios.

_ Não fica se vitimando Michael, o errado aqui é você e não eu, você é quem deveria perguntar se eu podia te receber.

_ Não estou me vitimando Kennedy, você tem razão, tem toda a razão eu quem deveria ter te avisado antes. Mas é que eu pensei que... estamos a dias sem nos vermos eu pensei que...

_ Que, que o que? _ Que eu estava com saudades?

  Michael abaixou a cabeça, falando em tom inaudível:

_ É...

_ Claro que estava Michael, estou feliz em te ver, claro que sim.

Kennedy soltava Michael, voltando a sentar-se de frente ao computador:

_ Fecha a porta quando sair.   

Depois de sair da casa de Kennedy Michael retornou a casa de Felipe e deixou o peso do corpo cair sobre ele recostando a cabeça no dorso do sofá, foi exatamente nesse momento em que uma jovem abre a porta e o olha assustada:

  _ Quem é você?

_ Sou Michael - disse se ajeitando no sofá:

_ E o que faz aqui na casa do meu irmão?

_ Ah! eu o ajudo, sou o seu enfermeiro.   

  _ Enfermeiro? - ela o olhava ligeiramente desconfiada. _ Entendi, você pode por favor pegar um copo de água para mim, e depois fazer uma massagem nos meus pés, eles estão me matando por causa desse salto.

Michael não hesitou em sorrir.  Depois de tudo o que tinha passado naquele dia ainda teria que enfrentar uma menina mimada era muito para a sua cabeça. 

  _ Eu acho que você entendeu errado moça, desculpa. Eu sou um enfermeiro, não um empregado.

_ Você está se recusando a fazer o que eu te pedi?

_ Eu não fui contratado para obedecer as suas ordens, eu fui contratado para cuidar do Felipe.

A menina revoltada começava a chamar Felipe:

_ Felipe, Felipe.

_ O que está havendo?

A moça abraçava-o dizendo:


_ Eu estava com saudades, desde que retornei do exterior nós ainda não tínhamos nos visto.

_ Thalia... o que faz aqui?  

Horas antes:

Horas antes Thalia havia passado em uma igreja para confessar-se ajoelhou-se de frente ao padre que oculto por uma telinha não tinha plena visão sobre ela, nem ela sobre ele, enfim ela iniciava a sua confissão:

_ Eu sou apaixonada pelo meu irmão a tanto tempo, quando o noivo dele o Luan morreu eu não pude retornar, estava cursando a faculdade e meu pai não permitiu que eu retornasse, agora estou disposta a conquistá-lo.

_ Mas minha jovem, esse amor é impossível, amor entre irmãos é pecado.

_ Nós não temos o mesmo sangue, não somos irmãos, nos tornamos irmãos quando a mãe dele casou-se com o meu pai.

  _ Ainda assim vocês são considerados irmãos. 


Desolada ela deixava a igreja e se dirigia para uma loja de conveniência onde comprava tudo o que sabia que Felipe gostava, não demorou para que chegasse no apartamento do irmão cheia de esperança, ele estava sozinho, e seu plano era se oferecer para cuidar de suas coisas, talvez com essa aproximação ele a visse não como a irmãzinha e sim como uma mulher. Mas tudo isso foi por água abaixo quando chegou no apartamento e encontrou um rapaz jogado no sofá da casa de Felipe.  

  E como era abusado aquele rapaz, ele se negava a obedecer a jovem em pedidos simples, decidida Thalia resolvia que faria qualquer coisa para ele ser mandado embora, seus pais e até mesmo Felipe sempre fazia todos os seus gostos e ela sabia bem disso.

Não demorou para que Felipe aparecesse quando ela chamava-o quase aos gritos:

_ Felipe, esse rapaz se nega a pegar um copo de água para mim. Ele disse que não está aqui para me servir.

_ E ele tem razão Thalia.

Thalia olhava para Michael ainda mais estarrecida:

_ Mas...Felipe eu estou com sede.

_ Thalia minha irmã, você passou três anos fora, mas ainda deve saber onde fica a cozinha.

  Ao passar por Michael, Thalia fazia questão pisar com a ponta do salto em seu pé, com um sorriso devastador no rosto:

_ Desculpe-me moço, eu achei que você fosse um empregado da casa, mas entendi que está aqui apenas para cuidar do Felipe.

Michael cerrava os punhos contendo a expressão de dor  mas no mesmo nível dizia:

_ Não se preocupe senhorita eu te desculpo. 

Thalia passou a tarde toda por lá, mas ao se despedir de Felipe com um beijo em sua bochecha, virava-se para Michael:


_ Pode me acompanhar até a porta rapaz?

Sem dizer uma palavra ele a seguiu, quando já longe dos ouvidos de Felipe ela o segurava pelo pulso:

_ Não pense que deixarei essa afronta assim. Você é o enfermeiro do Felipe, mas não passará disso ouviu bem?

Ela saiu batendo os pés, deixando Michael atônito, tentando absorver o que ela queria dizer com aquilo.    

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