Capítulo 4 - Influência

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Aimée Bowen

Eu morri. Morri todas as noites sozinha, na escuridão da minha alma. Tudo que eu tinha se foi, e o que ele me trouxe, todo seu amor, foi embora junto a ele, afinal o pertencia. Eu morri, e morrerei todas as noites, sozinha.

Só não permitirei que seu sacrifício seja em vão.

Com esses pensamentos invadindo-me, permaneço em silêncio sentada ao lado de Reid enquanto o mesmo dirige. Após pousamos em Las Vegas, Reid e eu entramos no carro em direção ao hotel. Já Swarbrick dirige outro carro, e dará algumas voltas pela cidade, para chegar ao hotel depois do Doutor e eu.

Não trocamos uma palavra que não fosse relacionada ao caso. E após, o silêncio se instalou. Reid apenas me olhava em alguns momentos. Sei o que ele deve estar pensando sobre mim. Tenho 27 anos e já recebi uma proposta para ser Chefe de seção. E comando uma equipe de grande importância. Ele deve ter seus questionamentos sobre mim. Afinal eu tenho sobre ele.

Reid é notavelmente um homem diferente dos demais. Não digo apenas por sua genialidade ou fisicamente. Mas sim pelo que consegui notar nele. Em geral Reid é um típico nerd. Tem dificuldade em se relacionar socialmente com pessoas, e principalmente com mulheres, por isso arrisco dizer que não deixou nenhuma namorada o esperando em Virgínia.

- Vire à esquerda - ordeno

- Que? Pergunta sem entender- o hotel é na outra direção.

- Eu sei, mas temos que trocar de roupa, Doutor. Pare no posto de gasolina.

Ele muda a direção, e no posto eu o entrego uma pequena mala.

- Aqui tem o que precisa para assumir Shawn Evans. Não demore.

Vou ao pequeno banheiro feminino do posto, e troco minhas roupas por um vestido. Solto o cabelo e passo uma leve maquiagem. Não há necessidade neste momento de uma grande produção. Coloco as roupas que retirei na mala e me dirijo ao carro, onde Reid ainda não se encontrava. Espero por alguns minutos e o mesmo aparece entrando no carro e se sentando no banco do motorista. Sem dúvida estava diferente, agora vestia um terno escuro, já a camisa social clara estava com um botão aberto. Reid passava um ar de sofisticado e moderno. Talvez eu possa até dizer que o Doutor estava.... Aceitável.

- Arrume esse cabelo- digo e o entrego um pente

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- Arrume esse cabelo- digo e o entrego um pente

- Eu.. não sabia bem o que fazer. Não tinha gravata então...

- Esquece a gravata, está bem assim. Agora nada de gaguejar.- ele aceita o pente e penteia seus fios já medianos para trás.

- Podemos ir?

- Sim, vamos. - Reid liga o carro e entes dele dar partida me lembro de algo. - ah, espera. Toma.

Pego uma caixinha na bolsa. Reid me olha surpreso.

- Calma, não estou te pedindo em casamento. Coloca logo isso- pego a menor aliança e coloco em meu dedo anelar esquerdo, Reid com certa hesitação pega e faz o mesmo.

- Sabia que algumas pessoas dizem que a tradição de se trocar alianças de casamento começou com os hindus, mas por outro lado acreditam que na verdade foi o Imperador Romano Maximiliano de Áustria a dar início ao costume quando ofereceu à Maria Borgonã um anel de diamante para representar seu amor por ela. O anel é um círculo perfeito, que simboliza um ciclo sem fim, ou seja, o infinito. Esse é o principal motivo que faz do anel a melhor forma de simbolizar o que o casamento deve ser: amor eterno. Os romanos acreditavam que no dedo anelar havia uma veia que era ligada diretamente ao coração chamada de "vena amoris". Porém isso....

- Ok Doutor - o corto.- Não precisa despejar todas essas informações desnecessárias para o momento. Agora vamos.

Reid mudou rapidamente sua expressão como se tivesse.... Triste. Mas logo muda e volta sua atenção para o carro. Não me julguem, Reid parece sentimental demais e isso mudará.

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Quando chegamos ao hotel Reid fez o check-in e subimos para suíte. O bellboy deixa nossas malas e dou a ele uma gorjeta razoável.

- Se quiser tomar banho primeiro fique à vontade, Reid

- Se não se importa.

- Lembre-se que descemos ao Casino daqui á quatro horas, vou ligar pra Swarbrick e saber como está indo.

- Sim, senhora. Reid diz e pega uma pequena mala em direção ao banheiro.

- Reid. - O chamo.

- Sim? Ele para

- Não volte a me chamar de senhora. - Falo isso um pouco seria demais.

- Ok.

Não me incomodava ser chamada de senhora por vaidade, não queria que Reid se dirigisse a mim desta maneira pois sentia que assim só continuaria com a barreira que eu mesma impus. Não é meu jeito de agir, mas tentarei ser mais flexível com Reid. Sei que o mesmo está aqui por puro joguinho de Tony, e exatamente por esse motivo transformarei o Doutor em um dos melhores agentes.. Tony me deu esse desafio indiretamente, e irei aceita-lo. Se uma criança aprende a matar, por que um gênio não pode se tornar outra pessoa?

Se tem uma coisa que aprendi nessa vida é que não temos escolha de sermos quem quisermos ser. Somos influenciados e adaptados à situação, modulados para seguir, pensar e agir como mandam. Somos capazes de qualquer coisa só é necessário um pouco mais de esforço para liberar o outro lado. Lutar, morrer e matar pela nossa vida, que no final não significou nada mais que um peão à frente do Rei no tabuleiro dos poderosos. E tem um ditado, o único para mim que faz sentido, que resume como somos marionetes. " Manda quem pode, e obedece quem tem juízo". Ridículo, eu sei, mas faz jus ao nosso mundo. Ao meu mundo. Pois assim seria..

E todas as noites de minha vida eu morri, e morrerei em todas as noites e renascerei ao amanhecer como eles me tornaram. Não foi me dado outra opção.

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