Capítulo 19. Desnorteado

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Minhas mãos suavam com o calor do lugar. Estava escuro, e difícil de enxergar por conta das luzes piscando isso  ocorria pois há luzes que piscam tão rápido que a íris não tem tempo de contrair e bloquear os raios. A boate fedia a cigarro e álcool. Assim como havia bebidas espalhadas por toda parte, alguns homens bem vestidos sentavam a frente do palco onde quatro dançarinas sensualizavam na barraca de ferro.

O homem negro continuava a traçar um caminho entre as pessoas e Rolston seguia atrás sendo acompanhado por mim. Ele anda sem ao menos desviar o olhar para seu arredor transmitindo indiferença, mas sei que assim como eu, analisava o local detalhadamente.

Na porta principal 2 segurança monitorava a entrada, um terceiro havia sido chamado ( o homem que nos acompanhava ) para nos levar até onde ocorreria o leilão. No salão mais três se distribuíam em cada canto do recinto. Provavelmente armados.
Entramos em um corredor pouco iluminado havia algumas portas na cor preta e com detalhes dourados, paramos em frente a um elevador e o homem dá espaço para que nós entrássemos e entra logo em seguida apertando o botão do subsolo. Para de frente para nós dois e o clima se torna tenso.

Quando as portas se abrem novamente seguimos por outro corretor desta vez mais iluminado, nesse continha apenas três portas nas cores laranjas. Ele abre a segunda porta, era uma sala razoavelmente grande com apenas dois vasos de plantas altas lá se encontravam mais dois homens.

- Reviste-os – ele ordena. 

Um dos homens, o mais baixo vem até mim, mas nada encontra. O mesmo com Rolston. Não tínhamos nada, estávamos completamente desprotegidos contávamos apenas com ajuda de nossos colegas lá fora.

Ele cercariam o prédio, mas antes era necessário que Aimée e James pegassem Gregory Phelps antes que ele fugisse novamente. Não tínhamos completa certeza que o mesmo estaria aqui. Mas contávamos com isso. E antes que a polícia invadisse o lugar, precisávamos ter Phelps algemado em nossa vista. Ele era esperto e a qualquer suspeita sumiria.

Ao terminar de nós revistar, o homem pede desculpas dizendo ser procedimento padrão.  Finalmente ele nos leva para o local que ocorreria o evento. Havia cerca de 15 pessoas, e a frente um tapete vermelho que ligava os dois pontos da sala. Nós sentamos ao fundo, na tentativa de não chamar atenção. Porém um homem ao nosso lado pergunta se era nossa primeira vez ali, eu apenas olho para Rolston que responde que ele não, mas eu sim. O homem ri e diz que estava a procura de novas moças para sua boate na Espanha. Ele ainda se volta para mim "aconselhando" que eu apreciasse, pois ali havia as mulheres mais seletiva. E finaliza convidando-nos caso um dia fossemos à Espanha, a ir em sua boate.

Nunca compreenderei como essas pessoas podem submeter mulheres a esse nível de crueldade. A maioria delas eram tiradas de casa, sequestradas ou enganadas e acabavam aqui, prestes a estarem em mãos de homens como esse.

Eu sentia que os minutos não passavam, a cena a minha frente me enojava em um nível que me sentia sufocado naquele lugar. A cada garota que era apresentada ali, me dava vontade de dar ordem de prisão a cada verme ali presente. Entretanto me continha, apenas a aguardo de Aimée. A maioria daquela garotas eram de menores, a maioria latino Americanas e provavelmente 60% delas seriam levadas para Europa.
Queria socar cada sujeito que as olhava com olhos famintos, e cobri-las já que estavam semi nuas. Ao todo foram dezessete, e duas agora nós "pertenciam". Eu ansiava pelo momento que entrariam aqui, levando essas jovens de volta para sua casa.

Também me causava desespero só de pensar que Aimée está correndo perigo, o que é óbvio ninguém está seguro aqui. Mais tempo era o que precisávamos. Mas o leilão já chegou ao fim e nada. Estão perto de pagar pelas garotas e saírem daqui, sei que as chances disso acontecer são nulas, já que antes mesmo de chegarem a porta principal estarão presos, mas mesmo assim outra ideia que me assustava era dessas meninas saírem daqui como mercadorias. Nosso objetivo em estar ali antes da invasão era de proteger aquelas meninas quando o caos começasse.

Estava próxima às duas garotas que Marcus escolheu. Uma tinha 15 anos, era negra e tinha os cabelos cacheados na altura dos ombros. Não devia estar passando por isso. A outro era morena e tinha os cabelos compridos. Seus olhos lagrimejavam e se encolhia o mais longe possível de mim.

- Ajude, por favor – a mais nova súplica próxima em um péssimo inglês. Eu não contenho um sorriso de lado, uma tentativa falha de reconforta-la, contudo apenas causo confusão, já que ela juntas as sobrancelhas e me encara fixamente.

- Tudo vai ficar bem. – sussurro e neste momento que escutamos um barulho estrondoso e vários agentes adentram o local.

Alguns gritos femininos, e um alvoroço dos homens que tentam fugir. Alguns tiros são trocados e eu me jogo a frente da garotinha , e Rolston pede para que as outras se deitem no chão. Os tiros duram por pouco tempo, já que a diferença na quantidade de polícias para os homens armados dali era extremamente grande.

Me levanto olhando ao redor, alguns poucos corpos caídos ensanguentados, e vários outros debruçados no chão, que aos poucos vão se levantando.

- Agentes Rolston e Reid? – Um policial se aproxima, nos entregando o colete e nossos armas.

-  -¿Usted es policía? escuto uma voz doce atrás de mim. A pequena garota estava em pé e me encarava.

- Si. - respondo tenado passar confiança.

- gracias - ela diz e se joga em meus braços me abraçando.

- Você uh Tu... volverás a casa. – ela sorri e se afasta sendo acompanhado por uma policial que a levaria pra ter cuidados médicos. Vou em direção a outras meninas ajudando a se recompor e direcionando-as aos policiais que as acompanhariam.

- Deu tudo certo. – Rolston diz batendo em minhas costas, e ajudando os polícias.

Não sabíamos ainda se tudo deu certo. Aqui deu, mas não sabemos como estão Aimée, Swarbrick e Smith. Preciso saber. Vou em direção a porta quando vejo alguém.

- Vê isso? – pergunto ao Espanhol sentado algemado. – é o que vai acontecer com todos caras como você.

- Policialzinho de merda. Se importa com essas malditas? Hoje você conseguiu, mas não será sempre assim. – ele diz sorrindo.

- Você não se importa nem um pouco? São apenas meninas, são crianças– digo tentando achar um pouco de remorço no homem, mas nada.

- Não são como eu, são apenas putas! – Ao dizer isso fecho minhas mãos em punho e soco seu rosto e rapidamente alguém me puxa, era Marcus.

- Tá louco, Reid? Mantenha a calma. – ele pede e olho para o homem que agora tinha sangue escorrendo pelo nariz.

- Aproveite a prisão. – falo e sigo em direção a saída, mas quase esbarro em Smith.

- Elisabeth? O que houve? – Rolston pergunta já que a ela tinha sangue nas mangas de sua blusa. Ao vê-la assim me aperta o peito em pensar em sua resposta.

- Aimée, ela....eu tentei – diz com lágrimas nos olhos.

O tempo para, os segundos deixam de rodar o ambiente ao meu redor se torna mudo, e já não existia mais ninguém. Saio em disparada aos corredores seguindo o mesmo caminho que fiz.

Aimée. Era só o que passava em minha cabeça.

Já se sentiu desnorteado? Quando todas as possibilidades possíveis passam pela sua cabeça? Só segue um caminho sem rumo em busca de respostas. E lá no fundo você grita para você mesmo " Tudo bem, está tudo bem". Uma tentativa falha de se acalmar, mas sua mente e seu corpo já não respondem mais na mesma sincronia. Minha mente ficou lá atrás, meu corpo agiu por conta própria seguindo meu coração que tentava achar o caminho até Aimée.

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Hey até a próxima pessoinhas.

Musica multimídia: Sleeping At Last - Mercury













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