Capítulo 8 - Amigos?

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Aimée Bowen

"Dizem que amar é dar a alguém a habilidade de destruir você, mas confiando que não fará isso."- Desconhecido

Nunca se aqueça que a pessoa a qual você mais confiar será responsável pela sua maior decepção. É inevitável. Erramos por colocar expectativas, erramos por acreditar. É isso que fazemos, erramos. Cada escolha nossa é um desacerto. Não existe escolha certa, apenas erros e consequências de proporções diferentes.

Após interrogar Parker, fiquei em minha sala repassando todas as informações obtidas verificado se não deixei nada escapar. Ainda pegarei Phelps, o terei em minhas mãos, e aquele que tanto fez mal a pobres inocentes implorará pela vida, desejando nunca ter cruzado meu caminho. Só que por hoje a besta que tenho que enfrentar é outro.

Agora mais uma vez. Paciência

Bato na porta e Tony me manda entrar.

- Relatório do interrogatório de Parker, amanhã lhe entrego os relatórios dos agentes. - Coloco a pasta sobre sua mesa e me viro para sair, mas antes ele me chama.

- Aimée, não tem nada a me dizer?

- Não, se tivesse eu já teria dito, se me dá licença.

- Não, fique. Esperava reclamações sua sobre o novo agente. - Ah isso.

- Pensei que já tivéssemos dito essa conversa.

- Sabe do que me refiro.

- Mudaria alguma coisa? Você o mandaria de volta? Não foi grande coisa, ele acabou de chegar, merece uma segunda chance.

- Segunda chance? - diz se alterando e se levantando. - Desde quando você dá segundas chances?

- Não vou discutir isso com você, não tem por quê.

- Você é assim, não sei por que me surpreendo. Faz tudo por todos, nada por mim.

- Pare com isso, eu já fiz muito por você. Mas ainda bem que com o tempo percebi o verme que você é!

- Você fez muito por mim? Está aqui porque eu permitir, se chegou aonde chegou foi por mim. Eu tornei quem você é. Eu criei Aimée Bowen!

- Até onde sei era o contrário, se hoje ocupa essa cadeira foi por minha causa, não era nada sem mim, nunca foi. E mesmo assim fez o que fez. Eu não fui criada por você, sou o que sou porque eles me tornaram nisso aqui.

- Sim eu errei, mas você nunca me deu uma segunda chance.

- Segunda chance? Você estar vivo aqui em minha frente falando comigo, é a sua segunda chance.

- Um dia você ainda cairá do seu trono pelo seu egocentrismo.

- É o que quer, não? Por isso colocou Reid na equipe, um agente de outra unidade completamente diferente. Você está esperançoso que ele fracasse e me leve junto. Querido, tome cuidado, pois ainda vai se surpreender muito.

- A sua imaginação é muito fértil. Como pode pensar tudo isso de um amigo? Me entristece muitíssimo. - diz com a voz agora calma, sentando-se novamente. Inacreditável.

- Terminamos por aqui? Então posso me retirar.

- "Ei Mee, cuidado pelo caminho" - fala com um sorriso sarcástico.

- Vá a merda - digo com as palavras me engasgando

Saio de sua sala, com meu sangue fervendo. Maldito! Maldito! Mil vezes maldito seja Anthony.

Passo rápido pelo corredor e cruzo com Reid, e vou em direção ao elevador. Aperto os botões várias vezes, como se assim ele chegasse mais rápido. Entro e está vazio quando a porta se fecha, dou vários socos contra a parede de metal.

Se anos atrás me dissessem que odiaria tanto Tony, eu jamais acreditaria. Pra mim Anthony Winters era um exemplo de agente e de cidadão. Mas o que naquela época uma jovem aprisionada poderia saber sobre o mundo, sobre as pessoas? Ah tudo exatamente tudo, e completamente nada. Quem diria que hoje desejo que uma bala atravessasse o crânio do homem que um dia eu chamei de amigo.

Apenas parei quando o elevador se abriu, escondo minhas mãos no bolso do sobretudo que eu vestia, e aceno para as pessoas que entram. Se aqueles que ali se encontrava no pequeno lugar comigo soubesse o que eu era. O monstro que sou.

O elevador abre novamente saio e passo pelas grandes portas de vidro do prédio, e vou andando pelas ruas de Seattle. Entro na primeira farmácia que encontro e compro curativo para minha mão que só depois eu percebi estarem machucadas. Um velho hábito, socar a parede para não socar alguém. Minha barriga ronca, me dando sinal que estava com fome. Esquecer de comer outro hábito meu. Uma lanchonete logo a frente, qualquer porcaria serve.

Anthony não tinha esse direito, ele me conhece muito bem e sabe meu ponto fraco. Dizer as mesmas palavras que Peter me falava quando eu saia foi cruel. Ele sabe, qualquer um sabe, o quando Peter Érden LaMontegne significou e significa para mim. Só amei duas pessoas nesse mundo e estão mortos por minha causa.

Droga, tenho que voltar.

Já era de noite, quase dez, quando resolvi ir embora, todos pareciam já terem ido. Pego minhas coisas e saio. Meu carro estava na garagem do prédio, mas hoje decidi ir a pé, não há coisa melhor que um passeio a noite sob a luz do luar? Meu apartamento não era muito longe, mas não tão próximo. Caminhava perdida em meus pensamentos quando avistei um parque, me sentei em um banco próximo. Mal havia pessoas por ali. Tinha um balanço logo a frente, e a lembrança que o mesmo me traz me faz sorrir.

" - Vem aqui - ele me puxava pela mão.

- o que? Não. Isso é coisa de criança.

- Você fazia isso quando criança? - me pergunta levando a sobrancelha.

- Sabe que não. - continua a me puxar e me se sento no banco do balanço e ele começa a empurrar.

-Leve ou forte?

- hummmm

- Deixa de ser maliciosa - diz apertando a lateral de minha cintura, local onde sinto cócegas. Ele dá a volta e fica a minha frente se abaixando. - Sabe que eu te amo, não?

- Ama nada, deixe de ser bobo - digo virando o rosto rindo

- Amo sim, amo muito - me olhava sério fitando meus olhos.

- Está tarde, acho melhor eu ir, tchau.

- Tem certeza de que não quer que eu a leve?

- Sim, não se preocupe - digo e lhe dou um beijo e saio acenando.

- Ei Mee, cuidado pelo caminho!"

- Você está bem? - escuto uma voz me chamar, e seco as lágrimas que escorriam antes de me virar.

- Sim, obrigada é que.... você? 

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Isso é tudo pessoal. Então o que estão achando?

Música da multimídia : Jar of hearts - Cristina Perri. Cover por Boyce Avenue.

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