Find Me

Capítulo 31. Recomeço

Aimee Bowen.

Era estranho para mim não ter algo absurdamente sério para me preocupar, uma operação para planejar, criminosos para interrogar. Era estranho após anos de minha vida, para não dizer todos, eu não ter uma arma em minha posse. Era estranho ser Aimee, não a agente Bowen. E o mais estranho é que eu não sentia falta daquilo, eu não sentia a necessidade da adrenalina percorrendo meu corpo.

Eu queria, e poderia levar uma vida pateticamente pacata. Como se nos meus 28 anos de vida eu tivesse vivido 300 de pura violência. Claro que essa vida que eu pretendia levar agora está sendo erguida sobre mentiras, o que não era muito justo. Como deixar Spencer encobrir todo meu passado de assassinato. Não era justo com ele, e eu nunca poderia recompensa-lo por isso.

Sai oficialmente do FBI há cinco semanas, minha retirada foi muito bem aceita após um acordo sigiloso sobre minha origem, o FBI jamais permitiria que a Academia de órfãos passasse de uma lenda para algo verídico. E os traumas de um sequestro, e uma gravidez eram mais do que bons motivos para uma agente se desligar.

Spencer voltou a UAC após um período de férias forçadas, pela sua recuperação e tudo que aconteceu em Seattle. Mas a vida dele pelo menos voltaria ao normal. E isso eu não tinha estragado.

Entreguei as escritas de Alex a um conhecido de confiança, que no tempo certo publicaria. Eu não podia ter nada a ver com aquilo. Seria uma grande merda, e eu amaria ver. Mas me envolver diretamente com isso seria me arriscar demais e prejudicar a vida que eu estava construindo, mas então por que me sentia traindo Alex? Desculpa meu amigo, mas eu estou fazendo o que me pediu, vivendo uma vida, deixando de lado tudo que nos foi ensinado. E com Alex morto eles apenas perseguirão um fantasma. Mas de um jeito ou de outro eu cumpriria seu ultimo pedido.

Contudo algo me assustava, tenho que admitir. Eu não sabia viver sem estar caçando alguém. Não sabia para que direção ir. Era muito novo, nunca tive medo do novo. Mas tinha medo de estar fingindo tanto ser uma boa pessoa que um dia Spencer perceberia que não tinha nada de bom dentro de mim. Mas se eu tentar, talvez eu consiga um dia encontrar algo verdadeiramente bom em mim. Eu estava recomeçando, e nessa vida eu nunca mais pegaria em uma arma.

Acordo com a movimentação de Spencer ao meu lado. Nas últimas semanas como um milagre eu conseguia dormir melhor, Spencer era meu porto seguro, e eu sabia que ele não iria a nenhum lugar.

- Desculpa, não quis te acordar. - fala e eu o puxo lhe dando um beijo calmo. Ele repousa a cabeça em meu ombro entrelaçando os braços em mim , mas uma movimentação o faz sorri largamente. - Acho que acordei mais alguém. - Passa a mão pela minha barriga, onde nossa filha estava agitada. Os mil sentimentos de momentos mágicos como aquele me encobria, mas confesso que doía um pouco toda aquele agitação, era uma sensação estranha e reconfortante. Ela estava ali crescendo se preparando para emergir em nossas vidas definitivamente, e céus como eu ansiava por isso.

- Casa comigo. - Spencer me pergunta de repente e eu rio, Céus como ele podia ser tão maravilhoso? - Estou falando serio, você é toda minha verdade, é tudo que eu mais quero. Eu te amo, eu te amo exatamente como você é. Eu sei quem você é, eu te conhece Aimée, e sei que no fundo tem medo de um dia eu te deixar, mas eu nunca farei isso, porque você é meu tudo, minha felicidade, minha inspiração, a luz que me abriga após um dia de escuridão. Eu sei que você fez coisas ruins, eu sei, eu também fiz. Mas o que eu sei também é que você é uma pessoa verdadeira que passou a vida protegendo quem não podia se proteger sozinho, e nenhum erro apaga todas as vidas que já salvou. Eu vi, eu sei. E por você ser quem exatamente você é que eu te amo.

Sinto meus olhos arderem pela sua declaração matutina repentina. Eu o amava tanto de um jeito jamais conseguiria ser descrito, em proporções tão altas que mal cabia em meu ser. Era ali que eu deveria estar, sempre foi.