o quinze

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- AAAAAAAHHH PUTA QUE PARIU, POORRA MAIS QUE AAAH INFERNO-  Acordo sentindo uma dor muito forte na mão, meu pai logo aparece no quarto.

- que foi Olivia? – pergunta ele me olhando preocupado.

- eu fui... – pauso a fala para respirar fundo- eu tava dormindo ai virei e... Coloquei a mão  debaixo da cabeça... Porra pai, que dor.

- Oli, você tem que prestar atenção. Será que abriu algum ponto?

- Não sei ver aqui, por favor.

Ele abre o curativo e ver que tem um risquinho de sangue, mas os pontos estão intactos.

- você tomou o remédio?

- que remédio? – o respondo

- você é muito irresponsável filha, a quem você puxou em? Aposto que se sua mãe estivesse aqui teria te dado uns gritos já. - ele fala e sai do quarto e volta com uns remédios na mão. – aqui é para dor e o anti-inflamatório.

- Obrigada por não ter falado nada para a mamãe, ela já tem muita coisa pra cuidar la – falo tomando os remédios

- Você ta me chamando de desocupado?- ele tenta fazer uma cara de bravo

- Nem vem coroa – falo me levantando – vamos comprar meu sofá?

- Fazer o que não é?  É ate bom porque já comemos por  lá também, estou morto de fome e aqui só tem água.

- Eu sempre como na casa do Gus ou na rua, a comida aqui acaba estragando . – digo

- Falando no Gustavo...

- Pai do céu minha moto...- falo lembrando que deixei minha filha no frio do estacionamento da academia – você tem que ir buscar ela pra mim pai

- calma pitoquinho, um dos seguranças do Gustavo já pegou ela. – fala meu pai me tranquilizando

- Mas onde ela ta, se não está aqui?

- Oxente, ta na casa do Gustavo-  meu pai me responde com a maior naturalidade do mundo

- A moto é minha e não dele!

- Olivia por favor né? Você passa mais tempo naquela casa do que aqui, e o Gustavo mandou deixar lá porque ele te conhece e sabe que você ia querer pilotar mesmo estando de repouso.

- i gistivi mindi – falo fazendo careta, eu sei que sou infantil

- Pare com isso e vamos logo.

Decidimos ir ao shopping e eu como uma boa filha que sou, sentiu a ironia?, chamo meu pai para irmos comer logo e depois procurar o sofá novo . Eu escolhi comer Bk enquanto meu pai comprou “comida de verdade”, de acordo com ele, em um restaurante. Sentamos na praça de alimentação e eu lembro de uma coisa que ele me falou

- Painho, e aquele papo de “sobre isso a gente conversa depois?” la no hospital, o que o senhor tem a me dizer? -  meu pai me olha serio, ate um pouco nervoso posso dizer

- então filha – ele para de falar e toma um pouco do seu suco de manga – eu estou com uma pessoa...

AI MEU DEUS

- Papai você é gay?!- Não consigo conter minha surpresa e falo ate um pouco mais alto que o normal , já meu pai se entala com sua bebida.

- Eu não acredito que a jess..

- Você é mesmo gay pai? Meu deus do céu meu pai é uma poc!

- Que porra de poc o que filha! O que é isso? e calma, será que você pode me deixar falar?

- Ta bom pai, fale!

- Então, até a minha juventude eu tinha duvidas sobre minha sexualidade. Quando eu me envolvi com sua mãe  era época de carnaval e eu tava muito confuso, você não foi planejada nem por mim e muito menos por sua mãe...

- Obrigada, sinto me amada mais ainda – falo sarcástica

- Posso continuar?- ele me pergunta serio e eu apenas aceno positivamente com a cabeça – eu fiquei sabendo que sua mãe tava grávida, mas não liguei no começo. Sua mãe é muito orgulhosa, muito pior que você, - ele rir da minha cara de falsa raiva – tentei falar com ela depois , mas ela não quis papo, se mudou e nunca mais fiquei sabendo de vocês.  Depois que fui ficando mais velho fui tendo algumas experiências que me ajudaram a me autoconhecer, e hoje com  43 anos tenho certeza que sou um homem gay.

-  Mas porque só agora esta se assumindo? – caralho meu pai é gay

- você sabe como as pessoas são preconceituosas né filha? E logo quando passei no concurso publico foi mais difícil ainda para me assumir, eu ainda não sou publicamente assumido e ate pouco tempo eu não pretendia fazer isso, já que ninguém tem nada a ver com minha vida e eu sou uma pessoa reservada.

- Ate que... – o incentivo a continuar falando

- Ate que conheci uma pessoa, o nome dele é Jose tem 30 anos e é medico. A gente se conhece a mais ou menos um ano e pitoquinho... eu o amo tanto. Desculpa se te decepcionei filha, nossa historia é conturbada, mas você é a pessoa que eu mais amo nesse mundo. A única que eu me importo com a opinião, e desculpa eu não ter contado para você antes filha.- ele me olha com lagrimas nos olhos, ai ai eu amo esse coroa.

- Ei painho – puxo minha cadeira para seu lado- eu te amo muito ta! – dou um abraço apertado nele que retribua coma mesma intensidade -  eu não sei porque você se escondeu esse tempo todo de mim, sua fiha, que te ama tanto, mas de certa forma eu te entendo e quero sua felicidade acima de tudo. – beijo seu rosto.

- Obrigada meu pitoquinho, eu me sinto tão mais leve agora.- ele da um sorriso

- Meu deus meu pai é uma poc – cara eu ainda to em choque pela noticia

- o que é poc Olivia Bernardes ? – ele tenta soar serio, coitado.

- Pergunte ao Jose? Né esse o nome dele? – ele balança a cabeça que sim – se ele não souber, eu te falo o que é – falo comendo minhas batatas.

- Esses jovens...

- pera ai, a Jessica sabia disso já? Quando você iria realmente me contar pai? No dia do casamento? – falo colocando a mão na cintura

- Na verdade os Garcias já sabem, eu não sabia como contar pra você e eles me ajudaram.

- Eu não acredito que o Gustavo me escondeu isso! – Quando o Gustavo voltar ele vai me ouvir.. a se vai

- Pitoquinho vá com calma, eu que pedi para eles não comentarem nada porque isso eu que tinha que fazer. E sobre o menino Gustavo, ele gosta de você. Não seja tão dura com ele

- Dura vai ser o pau que vou me...-

- FILHA, por favor  estamos num shopping. Seja a princesinha do papai que eu sei que no fundo bem no fundo, quase achando petróleo, eu sei que você é.

Eu dou uma mordida generosa no meu hambúrguer e fico calada. Logo meu pai começou a falar sobre como ta la no Recife e de como o Jose é uma pessoa incrível, o véi ta gamadão, coitado. No caminho de volta passamos no supermercado, de acordo com meu pai nem formiga tem na minha casa porque elas não têm o que comer. Já em casa eu fui para o meu quarto, atualizei as meninas sobre meu estado e contei com detalhes tudo o que aconteceu. Elas até defenderam o Gustavo, trairas, mas eu pensei melhor em tudo que aconteceu e estou um pouco menos chateado com ele. Os remédios que eu tomo para dor me dão sono, e se eu já dormia fácil,  agora ta mamão com açúcar, acordei não sei nem que horas com meu pai me dando mais remédios e voltei a dormir.

Apenas uma ideiaOnde histórias criam vida. Descubra agora