12

1.4K 200 3
                                    

Saiu da sala como um foguete. Eu desde jovem tenho ataque de fúria, fazia coisas inconsequentes como agredir verbalmente alguém por motivos banais, e umas duas vezes parti para agressão física. Só consegui controlar depois de psicólogos e remédios, eu fazia também artes marciais para descarregar a energia. Só que há algum tempo eu estava bem e parei os remédios , daí vem um infeliz disse para tirar minha paz. Subo na minha moto e saiu sem rumo, não vou para casa. Passo em frente a uma academia que eu treinava antes e resolvo parar.

- fala Olivia, quanto tempo- fala o Bruno, dono da academia que está na recepção.

- será que posso treinar meia hora aqui? Preciso descarregar... - falo não querendo muito papo- depois a gente acerta

- fique a vontade, a casa é sua- fala destravando a catraca e eu passo.

Vou para um saco mais afastado que tem e jogo minha bolsa no chão. Começo a bater nele com toda força que tenho, sem luvas mesmo porque quero sentir a dor. Há muito tempo eu não me sinto assim, tão descontrolada, mas foda-se eu só quero bater. Quando eu era adolescente eu participava de lutas clandestinas, entre homens mesmo, era sempre difícil eu conseguir participar, mas eu sempre provava que era capaz. Minha mãe é separada do meu pai, pai esse que eu só vim conhecer na adolescência depois que eu fui presa em uma dessas lutas. E por ironia do destino o delegado era meu pai, ele reconheceu meu sobrenome e de acordo com meus documentos, só teve mais certeza.

Saiu dos meus devaneios quando eu sinto uma dor muito forte na minha mão esquerda, paro de bater e vejo que está inchada e doendo para caralho.

- merda, vou ter que ir ao medico.

A adrenalina já esta saindo do meu corpo e eu começo a sentir as primeiras dores, tirando a mão, pego minha bolsa e saiu da academia.

- Bruno posso deixar minha moto aqui? Machuquei a mão e não consigo pilotar assim. - falo

- Nossa você tava sem luvas? Eu te levo ao hospital- fala ele já vindo ate mim

- não precisa! Eu vou de taxi

- mas...

- realmente não precisa - falo o cortando – venho buscar a moto assim que der. Obrigada.

Saiu de lá e vou andando até achar um taxi, o que não demora muito. Ao chegar ao hospital, logo sou atendida.

Obrigada Deus por me dar a chance de ter plano de saúde

A medica me pergunta como foi que me machuquei e digo que foi batendo num saco de areia. Ela não acredita muito e diz que não é muito comum a pessoa se machucar tanto sem motivos aparente. Sem muita paciência explico sobre meu distúrbio de ira e ela me manda fazer um exame, e me aconselha a procurar um psicólogo novamente.

Hum

Vou fazer os exames e enquanto espero o resultado pego o celular

PUTA MERDA

Eu esqueci que mandei a foto para as meninas e não falei mais nada depois , tem umas trocentas mensagens que obviamente não vou responder agora. Tem 20 ligações do Gustavo, e varias mensagens dele também , tem da Jessica, do Fabio, da minha mãe e ate do meu pai.

Puta que pariu o Gustavo falou pra eles? Eu não acredito. Tem mensagem das meninas no privado também e vejo que o Gustavo ta digitando

" Eu vou voltar agora!"

Aperto o botão da chamada e nem toca direito, pois ele já atende.

- Olivia... – sua voz é alta e preocupada

- primeiro, eu to bem! Segundo, não perca seu tempo nem dinheiro voltando porque não quero você aqui, você me conhece muito e sabe que estou falando serio.

- porra Olivia, eu estou preocupado com você, o Sergio...

- e eu estou puta com você por causa dele mesmo, eu disse que não precisava de segurança

- eu só quero cuidar de você, deixa de ser egoísta! Sem falar que se ele não tivesse tirado você de cima do cara nem sei o que teria acontecido. Você teve um surto? Onde você ta agora? Porque você deixou sua moto na academia?

- como é Gustavo? Você colocou rastreador na minha moto? - falo já perdendo o pingo de paciência que eu tinha

- Oli, amor, eu só...

- acho bom você não aparecer na minha frente nem tão cedo Gustavo!

Encerro a chamada

O Gustavo sabe que eu não gosto disso, eu não sei por quê. Apenas não gosto, não gosto que ele me der coisas caras. Eu sinto que ele ta perdendo o tempo dele comigo, na casa dele tem um carro parado, que ele me deu na minha formatura. Briguei com ele no dia e quando ele não tava em casa deixei o carro lá e de lá não saiu ate hoje. Ele já tinha me falado sabre colocar seguranças para mim, mas eu neguei, e achei que ele tinha deixado para lá.

Saiu dos meus devaneios com meu nome sendo chamado pela recepcionista, levanto e vou para a sala indicada. A medica viu meu exame e disse que eu tinha quebrado o osso do dedo indicador e que eu precisava operar, de preferência logo, se não eu poderia perder o movimento do dedo... blá blá blá

Era só o que me faltava.

Que dia de merda

- Se você quiser podemos operar ainda hoje, quando foi a ultima vez que você comeu? – pergunta a doutora

- no café da manhã

- ótimo daqui a duas horas entramos para a cirurgia, se for possível não coma nada, certo?

- Certo – falo e me levanto

- vou pedir para um enfermeiro te acompanha ate o quarto que vai ficar- fala a doutora

Saio da sala e sinto meu celular vibrar ,e agora é meu pai

- o que foi ? – falo mal humorada. Nunca disse que eu era uma boa pessoa

- fale direito comigo, eu sou seu pai!

- o que foi, PAI- pergunto novamente

- onde você ta minha filha? O Gustavo ligou para mim super preocupado, disse que tentava falar com você desde cedo e não conseguia.

- eu to bem agora, porém to no hospital, quebrei o dedo e vou precisar de cirurgia....

Apenas uma ideiaOnde histórias criam vida. Descubra agora