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Chego na faculdade e deixo minha bicicleta presa no mesmo lugar que ontem. Esses dias que estou sem o documento da moto estou vindo de bicicleta porque não vou gastar todo meu dinheiro com táxi ou uber, e acho quer ir de bike é mais legal do que ônibus.

Já estou atrasada e subo alguns andares correndo porque a fila do elevador tá grande e o professor de hoje é um saco, não quero dar motivos pra ele pegar no meu pé.

- Bom dia professor, desculpa o atraso - falo um pouco sem fôlego assim que entro na sala

- De pijama na faculdade senhorita? Quando vai começar a se vestir como uma doutora?  - o professor fala isso pra mim na frente da turma toda, eu não estava de pijama, eu estava com minha roupa de sempre: calça de moletom e uma camisa do Bring me the horizon.

- Talvez quando eu realmente for uma doutora e a profissão me render dinheiro o suficiente para suprir além das minhas necessidades fisiológicas.

Digo isso e vou me sentar, que professor filho de uma puta. Tento respirar fundo e não deixar a raiva tomar conta, esses dias estava pensando em voltar a me consultar com psicólogo, mas foi uma correria tão grande que nem lembrei.

Tento prestar atenção na aula, mas a minha cabeça não para de produzir as formas que eu poderia discutir com esse professor de merda, saiu dos meus devaneios quando escuto uma menina fazer uma pergunta sobre como a pílula do dia seguinte altera o hormônio da mulher

- A pílula do dia seguinte é uma forma de aborto! Tenho pena desses cientistas abortistas, mas é uma forma de aborto sim!

Aquilo foi demais pra mim, mano nada a ver a resposta dele com a pergunta da menina, junto minhas coisas e saiu da sala. Daqui a pouco é hora do almoço e eu tenho laboratório a tarde, sento na sombra de uma árvore e coloco meus fones de ouvido, respiro fundo e tento relaxar um pouco.

-Bife e batata frita,  não sei seus gostos,  mas isso é um prato universal - diz o Eros me entregando uma marmita e sentando ao meu lado

- Caralho Eros, eu te daria um beijo agora em agradecimento - digo brincando já abrindo minha marmita por que  como sempre,  eu estava com fome e nem vi o tempo passar

 - Pode ficar a vontade - ele diz rindo

- Depois - começo a matar quem tava me matando

- Você sabe que ta fodida na cadeira agora né, pra você passar nele vai ser difícil - fala se referindo ao professor

- Pior que sei.

O Eros almoçou junto a mim e depois ficamos descansando o almoço ali na sombra. O Eros sentado encostado na árvore lendo um livro de bioquímica e eu deitada com a cabeça em suas pernas,  argumentando sobre o que ele estava lendo.

Paramos de falar quando escutamos meu celular tocar, vejo que é um número desconhecido e não atendo.

- Você não vai atender?  - pergunta o Eros

- É número desconhecido, tô nem afim.

- Pode ser algum cliente - quando ele fala eu lembro de quem eu sou, por um momento eu esqueci minhas obrigações - deixa que eu atendo. Secretário da Olívia Bernardes,  boa tarde…  - fico olhando pra cima chocada com sua atitude - quem gostaria de falar com ela por gentileza?... claro Maria, MÃE DA OLÍVIA - ele me olha com os olhos esbugalhados - só um minuto

Pego o celular dele e tento não rir

- Oi mãe

- Olívia minha filha,  tá com secretário agora?  

Apenas uma ideiaOnde histórias criam vida. Descubra agora