A noite havia baixado e R vasculhava a internet em busca de qualquer informação que fosse útil para ambos. F permanecia deitado na sua cama fitando o teto descascado, enquanto a garota sentada ao seu lado no computador xingava ao ver que não tinha obtido êxito em suas pesquisas. Ela se espreguiçou pegando a xícara de café que a mãe de F havia levado até o quarto para os dois. Ela estava preocupada com o filho ao saber que uma amiga sua foi assassinada em sua antiga escola.- Nada, absolutamente nada. Nada sobre a V! – Disse ela girando a cadeira de rodinhas. –Nenhum noticiário sobre um provável psicopata na cidade, simplesmente nada. É como se só nós dois soubéssemos.
- Eu pensei que era o único antes de te conhecer.
- O que quer dizer com isso?
- Podem haver outros como nós, que tem medo, que não tenham sido descobertos. Precisamos achá-los, e salvá-los, precisamos de provas. Precisamos saber o que está acontecendo. – Disse ele ainda fitando o teto.
- Tive uma ideia. – F ouviu o som dos dedos ágeis da menina sobre o teclado do computador. – Pronto. Estou criando um blog, para falar superficialmente desse fenômeno. As pessoas devem começar a aparecer pouco a pouco. A internet liga a todos. Como não tem nenhum resultado de pesquisa sobre acontecimentos suspeitos na cidade, com certeza amanhã vai aparecer na barra de pesquisa das pessoas que procurarem descobrir o que se passa com elas.
- Isso é uma ótima ideia, mas... Não acha arriscado?
- F, você mesmo já disse. Já estamos sendo observados, certo? Vamos jogar o jogo desse lunático. Vamos ganhar esse jogo!
Os olhos dele brilharam ao ver a determinação e a força daquela garota que agora se levantava da cadeira e olhava o celular. Em seguida, ela pegou o celular de F e digitou rápido alguma coisa.
- Está tarde, preciso ir. Gravei meu número aqui para que possamos nos falar.
- R... – F se levantou da cama a olhando, ela era um pouco menor que ele. – Obrigado, e tenha cuidado.
- Terei, tenha também. – Disse ela dando um tchauzinho com a mão e saindo do quarto.
Os dois se despediram e, pela janela, viu a garota atravessando e contornando a rua até desaparecer na esquina. O que ela não havia notado era o carro de janelas escuras que agora saía lentamente de seu lugar e seguia o mesmo caminho...
Seus dedos tatearam rapidamente as teclas do celular buscando o número da garota enquanto descia rapidamente o lance de escadas a caminho da porta. O celular chamava. Sua mão girava a maçaneta da porta, revelando a rua vazia sobre o céu escuro onde apenas um enorme holofote branco no céu parecia iluminar as telhas opacas da rua, enquanto as lâmpadas nos postes faziam seu trabalho. Seus passos aumentavam na mesma velocidade de seus batimentos cardíacos, a passo que as chamadas permaneciam sem resposta. Finalmente ele escutou a voz da garota do outro lado da linha.- O que houve?
- Grita! Grita o mais alto que puder!
- O que?
- GRITAAAAAA!
O som agudo de um grito feminino reverberou pela rua. Seus olhos se cruzaram. F via a garota no fim da rua correndo em sua direção enquanto luzes das janelas eram acesas e pessoas confusas saíam de suas casas. O carro havia acelerado, sumindo de seu campo de visão. A garota, que agora se jogava em seus braços, parecia ter entendido exatamente o que ele falava quando viu o carro parado ao seu lado, estabelecendo um clima aterrorizante e confuso. Aos poucos, as pessoas entravam nas casas ignorando aquela cena. Os olhos arregalados de F não pareciam acalmar a garota. Se ele não tivesse sido rápido o bastante, o que teria acontecido?
Ao entrarem na casa de F os dois criaram uma mentira para a mãe do garoto, falando que R havia sido assaltada e teria de dormir lá naquele dia. Apesar da situação, a menina não havia chorado em nenhum momento, mas era perceptível a forma que aquilo a havia impactado. F pegou um colchonete e se deitou no chão, enquanto a menina loira dormia na cama profundamente. Invejava essa capacidade de sono pesado que ela conseguia ter apesar das circunstâncias. Ele travaria uma guerra contra todos seus pesadelos para se deixar adormecer.
F estava deitado nesse mesmo colchonete há anos atrás, enquanto M estava deitado em sua cama. Havia sido a primeira vez que ele foi na sua casa, os dois estavam próximos, mas pareciam tão distante. Naquele dia, ele estava deitado fitando o teto enquanto M fazia vários questionamentos sobre questões aleatórias que para ele não faziam sentido nenhum, mas sempre respondia rindo enquanto as horas passavam tão rápidas que pareciam até minutos. O teto não estava descascado, e não fazia frio, o sorriso daquele garoto curioso era o único som que ele poderia ouvir por horas. Como ele poderia saber disso? Aquelas lembranças eram tão preciosas, era doloroso demais saber que isso não significava mais nada para M, já que ele não lembrava. A visão dele estava adaptada àquela escuridão naquele momento e ele conseguiu ver M inclinando a cabeça para ver se F estava dormindo ou não, já que sempre ficava quieto só o ouvindo falar por horas.- Posso deitar ao seu lado? – M perguntou tímido, após uma breve pausa em sua narrativa sobre como alienígenas poderiam ter criado as pirâmides do Egito. Ele pareceu ter reparado quando F arregalou os olhos e só então se corrigiu apressadamente. – Quero dizer... Fica mais fácil conversar com você te olhando... Achei que estava dormindo, e se eu ficar inclinando minha cabeça para baixo toda hora eu...
- M! – O garoto se calou ao ver um sorriso se formar naquele rosto pálido. – É claro que pode.
O garoto se levantou se sentindo um tolo por estar tão desconfortável com algo que era simples demais, por que ele se sentia assim? Ao lado dele, podia sentir a respiração quente de F sobre seu rosto de tão próximos que estavam. F pareceu perceber o desconforto do garoto ao desviar os olhos dos dele.
- O colchonete é feito para uma pessoa só. É normal estarmos igual duas sardinhas aqui! – M riu junto com o garoto, mas quando seus olhos se encontraram os dois ficaram mudos. Um sentimento de conforto quente e agradável parecia explodir dentro de F, tudo parecia perfeito naquele momento.
- Você tem uma pinta na ponta do nariz! – M disse fazendo com que o silêncio fosse quebrado.
- É estranho né? Deixa meu nariz maior!
- Eu gosto! Quero dizer... é normal, não é estranho.
- E você tem uma abaixo do olho direito.
- Nunca reparei.
- Eu gosto!
- Quer dizer que não é estranho?
- Não! Quero dizer que eu gosto! Da mesma forma que gosto desses olhos que parecem que me vasculham a alma. Da mesma forma que gosto da forma que ri, igual um pato sufocando.
M riu com a comparação, mas F permaneceu sério e segurou a mão do menino, que sufocou o riso ao olhá-lo, e por um segundo queria que aquela escuridão pudesse ser o suficiente para fazer com que não ficasse hipnotizado novamente com aqueles olhos.
- Da mesma forma que eu gosto de você...
- Você...
- Eu acho que gosto de você!
- Sabe o que isso significa?
- Que eu não quero que isso passe!
M riu apertando a mão do garoto à sua frente enquanto tirava uma pequena mecha de cabelo da testa de F.
- Nem eu quero!
Aquela noite os dois continuaram conversando e rindo apesar da revelação sem resposta de F, mas ele se sentia incrivelmente bem ali. Quando ele acordou no outro dia, sua cabeça estava deitada sobre o peito de M enquanto era envolvido em um abraço.
F sorriu com aquela lembrança e dormiu desejando sonhar com algo semelhante.
Esse galera!!! Como prometido vem vindo enxurrada de capítulos para compensar minha longa ausência dramatica. Espero que tenham gostado do capítulo 😍 eu amei essa parte das lembranças, perdoem o romantismo mas se tiverem de culpar alguém culpem a Christina Aguilera porque na hora que estava revisando o capítulo estava ouvindo essa música que está na mídia do capítulo e acabei criando essa lembrança fofa hehe esse tempo frio colabora também. Não esqueçam de curtir e comentar bastante. Indiquem para os coleguinhas tambem, beijos até a próxima 😍
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