Arquivo 44

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F agora corria entre as lápides o mais rápido que podia até a saída do cemitério. Z ao seu lado com o revólver em mãos vasculhava o perímetro, mas tudo ao alcança de seus olhos parecia completamente normal... O ambiente parecia vazio. F se sentia em pânico, ele temia pela segurança de ambos, a cada segundo que avançava eles eram atacados novamente... Será que agora M corria perigo? Ele havia abandonado sua vida normal há poucos dias, mas aquela realidade pacífica parecia distante e inalcançável. Havia abandonado seu emprego e sua mãe nos últimos tempos parecia ter perdido toda sua credibilidade nele... Tudo que fez, e que ainda fazia, era para poder ter M de volta na sua vida. Quando isso iria acabar? Não tinha como haver um fim. O que eles poderiam fazer para litar contra o governo? Contra o universo ou seja lá o que fosse...? Nada!

Mas mesmo assim F se agarrava na sua última fagulha de esperança... M. Era M que mantinha todas as suas forças, que o fazia acordar disposto a enfrentar o que viesse pela frente. Z permaneceu quieto andando ao seu lado quando já estavam distantes do cemitério, mais alguns quarteirões e estariam em casa. Parecia que ter ido com ele ao cemitério também havia sido uma experiência ruim para ele de certa forma. Havia sido bom sentir Z o abraçando e ouvir aquelas palavras gentis de conforto, ele realmente havia sido o maior presente que tinha recebido do céu nos últimos meses. Z o olhou confuso ao reparar a sua cara de bobo o fitando, e então F desviou o olhar. Tudo parecia normal, as pessoas nas ruas vivendo suas vidas, os carros e pedestres. Em alguns momentos ele se lembrava de caminhar por aquelas ruas rindo com I, e esse pensamento o fez se sentir mais triste ainda.

Em um momento o céu claro, risos e pássaros; No outro o som de rodas, o vislumbre de uma vã preta parando no acostamento à sua frente e rapazes descendo com sorrisos simpáticos o abordaram.

- Senhores, vocês poderiam nos acompanhar? - disse o rapaz alto e forte, com um falso sorriso engessado no rosto bronzeado.

Z ignorou e puxando o braço de F tentou prosseguir até ver o caminho ser fechado pelos outros rapazes e sentir o cano frio de uma arma pressionado contra sua barriga. Vendo o que estava acontecendo F começou a se desesperar. O rapaz olhou novamente no fundo dos olhos desafiadores de Z e repetiu.

- Poderiam me acompanhar?

Z não conseguia pensar em mais nada, eles não poderiam gritar e pedir ajuda para ninguém ali perto, eles estavam sendo reprimidos na frente de todo mundo, mas ninguém percebia. Que mundo era esse? Como isso era possível? Enquanto Z e F entravam na vã ele pensava como era fácil para o governo manipular situações, como podiam sumir com alguém em um estalar de dedos.

Como as pessoas conseguiam dormir tranquilas em suas camas as noites? Como tinham coragem de conversarem por linhas telefônicas que eram monitoradas... facilmente grampeadas...? Como tinham a audácia de deixarem seus filhos seis horas do dia confinados à uma escola?

Z estava aprendendo na marra como era o ambiente que ele tentou proteger anos atrás, que ele quis denfender com unhas e dentes. Se envergonhou disso... A vã estava quase saindo da cidade, quando...

... Ela capotou.

F não conseguiu entender nada, só sentiu o impacto e o estrondo que se seguiu, viu o vidro se estilhaçar e os rapazes gritarem enquanto a vã girava...  Após o acidente F só lembrava de algumas cenas pouco nítidas, sua cabeça ainda girava confusa e sua visão estava muito embaçada. Uma hora ele se viu caído ao lado de Z, depois viu V, e depois viu seu irmão o pegando no colo e o retirando dali...










P agora começava a chorar e rir descontroladamente ao mesmo tempo, ele estava completamente fora de si, suas feridas estavam agora sem os curativos e podia se ver que estavam muito infeccionadas... Ele precisava ir urgentemente ao hospital, ele não imaginava que precisasse tanto...

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