Arquivo 42

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Antes que as chamas pudessem engolir tudo ao redor, Z que corria desesperadamente encontrou R ajoelhada no chão chorando. Atrás dela o corpo de seu pai jazia no chão, o sangue se alastrava pelo chão. Ele segurou a jovem extremamente abalada, a suspendendo e saindo de lá com ela em seus braços. Para trás somente um rastro de destruição e fumaça enquanto todo o passado de R ruía.

Agora estavam todos sentados na garagem da mansão, em poucos minutos algum corpo de bombeiros poderia chegar lá junto de policiais. E por mais que Z não quisesse falar isso naquele momento, eles precisavam sair de lá o mais breve possível. R estava deitada sobre a grama olhando para o céu, ela não havia falado nada desde que saiu de lá, seu olhar era desolador. O olhar de todos era triste de se ver. Quando finalmente achavam que estavam seguros tudo aquilo aconteceu, e agora que a casa havia pegado fogo, para onde iriam? O que fariam?

- Não querendo ser estraga prazeres, mas precisamos sair daqui! - Disse P, ele estava com umas ataduras na perna ensanguentadas que só agora Z havia percebido.

- Alguma idéia? - perguntou Z.

- Podíamos pegar um desses carros aqui na garagem e dar o fora, daqui a pouco o quarteirão vai encher de viaturas, aí até explicarmos tudo... Vamos estar fodidos!

- Ele está certo! - Disse F se levantando.

Ao entrarem no carro ninguém falou nada, todos sabiam que haviam perdido a grande chance deles de descobrir a verdade e lutar de igual para igual contra o que estivesse fazendo isso contra eles. Parte do silêncio também era medo e angústia. Medo por saber que armas de alta tecnologia como aquela existiam, por saber que por algum motivo o governo estava os usando como ratos de laboratório para experiências. E angústia por ver que toda a pouca evolução que eles tiveram tinha sido por cima de cadáveres. Quem seria o próximo a morrer? F já havia perdido, I e seus amigos de infância G e V; R havia perdido sua única amiga J e agora seu pai, a quem ela amava tanto; P estava seriamente ferido, con um corte na barriga e um tiro na perna. Será que valia a pena lutar contra aquilo tudo? Não seria mais fácil simplesmente seguir a maré? Mas e se seguissem... O que aconteceria no final?

- Para onde vamos? - perguntou M.

Todos permaneceram quietos, o mais estranho é que até o desbocado do P estava sério naquele momento e não havia soltado nenhuma piada. O clima estava tenso.

- Para a minha casa... - respondeu F - Sei que lá não é seguro devido as câmeras, mas precisamoa de um lugar para dormir, e lá em casa provavelmente minha mãe ainda não voltou da viagem que fez. E porque... Preciso fazer algo. Quer que eu te explique o caminho Z?

- Não precisa, eu sei chegar lá!

O dia já estava amanhecendo quando chegaram na casa de F. Todos dentro do carro haviam dormido exceto Z e F. F não os culpava, eles mal haviam dormido direito nos últimos dias, e até ele se sentia exausto. Ele havia descido do carro para abrir a porta e pelo menos até as 13:00 horas ele esperava conseguir dormir naquele dia.

P dormiu no quarto de sua mãe, R no sofá, Z no outro sofá ao lado dela e F e M no quarto dele. Então ao fechar os olhos F teve um vislumbre de sua vida naquela casa, ele havia nascido e crescido ali. Um dia F havia acordado e ido tomar café como todos os dias de manhã antes de ir para a escola, ele tinha dezessete anos. F nunca havia recebido muita atenção de seus pais, isso o magoava mas o sentimento que mais sentia era o de irritação, ele sempre havia ficado à sombra de seus dois irmãos mais velhos que sempre tiveram as melhores notas e passaram e diversas faculdades. Enquanto F havia repetido o primeiro ano do ensino médio, então sempre havia sido visto como o menos inteligente da família. O irmão mais velho havia se casado e ido morar em um bairro conceituado, e seu outro irmão a quem ele era mais próximo havia servido para as forças armadas.

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