Arquivo 30

211 50 14
                                    

" F, você está bem? Por favor não nos deixe"

Seus olhos encararam o teto descascado. A luz do sol derramava-se pálida sobre o quarto, enquanto seus olhos se adaptavam a realidade. F havia tido um sonho estranho e no momento só lembrava de pequenos momentos embaçados, se recordava de um rapaz loiro que chorava sobre ele, lembrava-se de estrondos fortes e gritos. 

Perturbado o rapaz se levantou deixando sua coberta escorregar sobre seu corpo, o despindo naquela tarde fria. E ao levantar, seus olhos observaram pela janela a frente fria que parecia se formar, um vasto oceano branco. Ao escovar os dentes ele via no espelho os despenteados cabelos castanhos que cresciam como ervas daninha, lhe cobrindo a nuca e se emaranhado pouco acima de seus olhos - preciso cortar esse cabelo - pensou ele ao mesmo tempo que tentava se recordar do que deveria fazer naquele dia.

Estranhamente seus pensamentos estavam demorando mais para se organizar naquele dia do que naturalmente, e um sentimento incômodo de melancolia parecia não querer abandoná-lo.

Foi o som da campainha que o despertou. O rapaz que agora havia saído do banheiro deslizou para dentro de uma jaqueta jeans e ao procurar uma calça se deparou com objetos  peculiares sobre a sua cômoda, onde seu despertador verde aquele dia havia tirado o dia de folga. Um canivete, um cordão de prata e um bilhete se estendiam diante dele. F pegou o cordão estranhamente familiar e o colocou no pescoço, mas foi o bilhete quem havia chamado mais sua atenção.

- Filho visita! - gritou sua mãe.

Quando F desceu sua mãe já havia atendido a porta e agora estava sentada no sofá conversando com a visita. Ele abriu um sorriso ao ver a pessoa que o esperava.

- Que surpresa boa! Levantar e já ver minha melhor amiga.

A garota se levantou esboçando um sorriso e o abraçou em seguida.

- Se me dão licença eu vou dar uma olhada no bolo que deixei no fogo. - disse a mãe do rapaz se dirigindo até a cozinha.

Os dois ficaram a sós, V parecia um pouco inquieta enquanto  conversavam.

- F! Você percebeu algo estranho ao acordar?

- Para dizer a verdade sim! - Ele começava a suspender a mão no ar para retirar o cordão prateado do pescoço quando se lembrou da escrita no bilhete "Não confie em V" ass: Z.

- Sim? O que exatamente? - perguntou apreensiva.

- Nada muito especial, mas, me diz como está no laboratório?

- O que você viu de estranho? - interrogou a garota que mantinha uma expressão dura como rocha. F, isso pode parecer besteira de minha parte, mas é muito importante, confie em mim, sou sua melhor amiga.

F se sentiu culpado por realmente não ter sido completamente sincero com ela, realmente aquele bilhete não fazia sentido, como poderia não confiar na garota que havia estado ao seu lado durante toda sua vida?

- Desculpe... - disse o rapaz culpado. - É que, tem um canivete em cima da minha cabeceira que não conheço.

- Só isso?

- Não, também tinha esse cordão prata. - F mostrou o colar sobre seu pescoço. - E um... Bilhete. Não sei quem o escreveu, mas nele dizia para eu não confiar em você. - ao finalmente se abrir com a amiga começou a rir achando graça da situação, porém, V permaneceu séria com uma expressão pensativa.

Os olhos cautelosos da garota percorreu a sala silenciosamente, vasculhando a janela da casa de F, parecia ter na expressão uma preocupação mascarada. Um arrepio gelado e incômodo passou pelo corpo de F quando V sussurrou para ninguém em particular "Eles estão vindo para cá"

5 DaysOnde histórias criam vida. Descubra agora