Como em filetes de luz o sol começou a se apresentar no céu, o bater de asas dos primeiros pássaros da Alvorada se perpetuavam no céu que gradativamente ia mudando de cor. F deitado sobre a terra observava o céu, limpo e calmo, como se nada tivesse mudado. Ainda era difícil pensar sobre o dia anterior, o terror que haviam passado, as pessoas carbonizadas, as mortes e a V... Mas algo para ele era claro e certo no meio de toda aquela confusão, ele faria o que fosse preciso para salvar M.Seus olhos permaneceram fixos encarando os pássaros em bandos que migravam... A tempestade estava chegando.
E ele precisaria estar pronto para isso.
Quando E começou a falar com sua mãe por telefone deveriam ser umas 08:00 da manhã. Todos precisavam de um lugar seguro para ir até definirem o que fariam adiante e a jovem ofereceu a residência. H andava de um lado a outro reclamando - isso não vai dar certo E! - Ele insistia em dizer a cada pausa que a garota fazia no telefonema. E apesar dela sempre colocar o dedo indicador sobre os lábios o irmão mais velho não se calava.
Tudo estava ocorrendo bem, eles saíram da floresta a caminho da casa dos jovens que anteciparam seus pais sobre a ida de amigos lá naquela tarde, e Z insistia em repassar com todos o que iriam dizer caso fossem questionados por estarem cobertos de terra e algumas folhas.
- Já entendemos Z! Estávamos acampando. - dizia sem paciência a jovem que não havia conseguido se livrar das folhas presas em seu cabelo.
- Não podemos errar em nada a partir de agora! - o rapaz respondeu com o olhar perdido.
Z parecia distante desde quando acordaram na floresta. Parecia pensar a mil por hora várias possibilidades possíveis do que poderia estar ocorrendo e ao mesmo tempo pensando nos próximos passos que teriam de ter. Cada passo, determinaria uma direção, e cada direção poderia acarretar em uma rua sem saída.
Já na casa de E e H todos foram recebidos muito bem, e F soltou um suspiro de alívio assim que a mãe deles saiu para ir ao mercado. A casa não tinha nenhuma câmera e não havia ali mais ninguém além deles. Estariam seguros para falar sobre tudo que ocorreu no dia anterior. E ainda havia a difícil decisão? Deveriam contar tudo que estava acontecendo para aqueles dois ou seria uma dádiva isentá-los daquilo tudo, talvez quanto menos soubessem mais chances teriam de...
...Sobreviver talvez?
Mas sobreviver do que e contra quem? Antes que pudesse tomar uma decisão Z começou a falar.
- Sei o quão arriscado é falar sobre o que acorreu ontem mas temo que se não souberem a proporção real do que está ocorrendo não tenham como se proteger!
- Mas do que você está falando? - bradou H aparentemente com medo.
- Z... Eu não sei se... - F disse ainda incerto sobre se dizer algo seria benéfico ou não.
- Precisamos saber F! Estávamos lá ontem, não estávamos? Acredito que estamos no mesmo barco agora. - disse a garota sem exitar.
- Ela está certa! - concordou R que até então havia permanecido quieta.
Todos concordaram e então Z explicou tudo que estava ocorrendo nós últimos dias, sobre as perseguições, o dia que salvou F e R após o quarto ter explodido, o momento em que eles conseguiram fugir dos policiais que os haviam cercado e sobre o dia do galpão com V. Apesar de tudo que havia sido dito H parecia irredutível sobre acreditar na veracidade daqueles acontecimentos.
- Isso é muita viagem!
- Eu acredito! - retrucou a irmã.
- você acredita nisso? Está com um parafuso a menos? Isso não existe!

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