Arquivo 41

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- O pai da R está morto! - disse M com convicção.

Sombras tremeluziam sobre o rosto do homem grisalho a sua frente. Seu olhar parecia sem vida e seu rosto havia sido castigado pelo tempo com fortes linhas de expressão. A pequena chama do isqueiro balançava de um lado a outro, o medo de M era que a chama apagasse.

- Não! Antes estivesse... Assim minha vida teria feito algum sentido.

O senhor a sua frente estava embargado de rancor e tristeza, lágrimas delizavam por seu rosto flácido sem nenhum pedido de permissão. M tentava entender o que ele queria dizer com aquilo mas não conseguia...

- Por que então tentou matar sua própria filha quando ela ficou aqui só?

- Não tentei! Eu juro! - dizia ele gritando entre lágrimas e soluços. - Eu apenas queria ver como estava a minha garotinha, mas logo fugi, não tive coragem... Não queria que ela soubesse o que eu fiz. Mas eu tive um medo tão grande, medo de que levassem ela também, então tentei segurá-la e levá-la para um lugar onde pudéssemos conversar melhor. Mas eu não consegui soltar uma palavra da minha boca... Eu... sou um covarde.

- Por que simplesmente não apareceu em ves de ficar se escondendo? - perguntou M exautado.

- Porque eu não queria que ninguém soubesse que ainda estou vivo. Eu me arrependo tanto... Um dia conversando com a R ela me disse que me amava mais que tudo. Então eu perguntei: E se papai fizesse algo muito ruim? Ela respondeu que eu nunca faria algo ruim porque eu era perfeito. - O senhor respondia com um pesar na voz, M sentia muita verdade no que ele dizia. - Mas disse que mesmo se eu fizesse algo muito ruim me amaria até quando não tivesse mais forças... Não importava o que eu fizesse de ruim. Ela era o meu anjinho, a única coisa pura que realmente amei. Outro dia quando eu estava chorando pensando em me matar ela entrou no meu escritório e me abraçou... aquilo... a...quilo me salvou! Nesse dia eu falei para a R que mataria toda a nossa família... menos ela. Mas ela simplesmente fechou os olhos e me abraçou.

M sentia um aperto no coração ao ouvir aquelas palavras. Mas o que o havia levado a matar sua própria família?

- E por que você tinha que matar a sua própria família? - perguntou M exteriorizando duas dúvidas latentes. - A R disse que tinha visto você morrer na frente dela... Isso não é possível.

- Quem morreu em meu nome foi... o meu irmão gêmeo. Eu disse que iria forjar a morte da nossa família para conseguirmos fugir das perseguições que estávamos sofrendo, eles queriam a minha maior pesquisa. Isso seria perigoso demais... para todos. Mas eu enganei meu irmão. Pedi que deixassem R em casa nesse dia porque pelo menos assim meu anjinho sobreviveria. Não seria fácil sumir com minha família inteira, minha missão tinha sido completa... Então fingi que estava morto, e desde aquele dia vivo aqui com os fantasmas do passado. - Ele terminou de falar com uma expressão desoladora, de alguém que havia perdido tudo... por sua própria causa.

- Isso não tem lógica nenhuma... Fugir de quem? Por que matou sua família inteira? Que pesquisas? - M escutou um barulho forte distante, parecia ser de onde estavam F e P. Eles estavam sendo atacados de novo.

M pegou sua bolsa correndo e foi em direção a porta do sótão para salvar seus amigos. E foi surpreendido com o pai de R dizendo.

- Espere... Também irei! Quero salvar minha filha!





A casa agora pegava fogo. V havia saído de frente de F e começou a incendiar cortinas e móveis da grandiosa mansão. O fogo começou a se alastrar de forma rápida, engolindo tudo que viesse pela frente. F ainda não entendia porque V não o havia matado quando teve a chance... Será que em seu íntimo ainda existia sua amiga? F e P haviam conseguido ir para longe das chamas, mas não conseguiam ir mais longe do que o topo da escadaria do hall, P havia levado um tiro na perna e gritava muito enquanto F retirava a bala alojada de sua perna. Logo ele retirou um rolo de esparadrapo da mochila e começou a enfaixar a perna de P. Havia sido idéia de Z que todos andassem com um kit de prineiros socorros caso precisassem. Ao redor não se podia mais ver a V em lugar algum.

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