Arquivo 31

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Vozes se faziam presentes ao seu redor, F acordou tentando identificar onde estava. As cortinas azuis, os tons pastéis de nas paredes, o vaso de plantas na mesa de centro. Ele se lembrava daquele lugar.

- Ele acordou! - disse uma voz feminina.

F se apoiou no sofá, que até então estava deitado, e se levantou encarando a todos que estavam ali.

- F, temos que te fazer lembrar, nós somos... - disse uma adolescente eufórica antes de ser interrompida por ele.

- E, H, R e Z! - ele disse apontando para cada um deles, me lembrei de tudo, acho que de tudo na verdade!

- Estávamos preocupados! - disse R sentando ao lado do amigo segurando sua mão.

Ao olhar para R ele começou a relembrar dos últimos acontecimentos antes de esquecer novamente de tudo, a capela, V puxando o gatilho, R segurando sua mão... M morto sobre o altar...

- M... - Ele disse quase que sem forças. - o M...

Ele queria saber sobre M, mas suas perguntas ficavam presas na garganta, queria saber se ele estava bem. Mas como poderia estar bem? Ele o tinha visto morto, desfalecido sobre seus braços, e então lembrou a frase que V disse para ele na capela.

"Ele permaneceu sorrindo até o final, dizia que tinha lembrado de tudo... Dizia que você viria salvá-lo."

Por que o destino brincava tanto com a vida dele? Logo agora que M tinha se lembrado de tudo, eles poderiam ter ficado juntos de novo... F estava cansado de bancar o forte, ele era tão fraco sem ter M ao seu lado, mas ele não podia fraquejar... Não com tudo que estava acontecendo ao seu redor... Mas e agora? O que havia restado para ele?

Lágrimas começaram a percorrer seu rosto, um soluço inaudível lhe torturava por dentro. R o abraçou, tentando acalmá-lo, dizendo que ficaria tudo bem, que agora eles estavam com ele, entre outras frases reconfortantes, mas que naquele momento eram apenas palavras vazias.

- F precisamos remontar o dia anterior, precisamos que nos conte o que se lembra. Nossas memórias não conseguem relembrar, eu só me lembro de você morrendo em meus braços. Mas você está aqui, vivo.

- M morreu... V nós ameaçou, eles atiraram na gente. - F disse ainda chorando muito com a voz gaguejando.

Z permanecia pensativo.

- R me disse que antes de atirarem em vocês, você havia sorriso e sussurrado algo, lembra o que disse?

F não lembrava mais de nada, mas também tinha perguntas.

- Onde estavam vocês quando precisamos? Como eu morri e apareci de manhã na minha cama com uma mensagem sua ao meu lado?

- Eu... Não abandonei vocês, fui salvá-los. Lembro de ir até você e te segurar em meus braços tentando fazê-lo acordar e... Espere, você não tinha morrido. Estava vivo.

F sentiu uma pressão na testa e logo suas memórias começaram a voltar em cadeia. Ele lembrava... Lembrava!

R e F estavam ajoelhados na grama, ele observava o rosto de seu amado aguardando o fim inevitável enquanto apertava a mão de sua amiga ao seu lado.

- Onde estamos F?

Disse M como se estivesse despertando de um sonho, os olhos se abrindo lentamente o encarando com um sorriso no rosto. M estava vivo!

- Está tudo bem? - perguntou o garoto confuso.

- Nunca estive tão bem! - respondeu F com um largo sorriso por um momento esquecendo todo o pesadelo que acontecia ao seu redor.

F nao queria perder M novamente, não queria morrer ali. Ele duplicava a Deus para que se ele existisse em algum lugar, os salvasse daquela situação sufocante. Ele encarou V que apontava o revólver em sua direção e por uma fração de segundo sua mão mão pareceu fraquejar. A garota abaixou o revólver e se retirou dali. Todos os outros rapazes ali pareceram  desnorteados.

- Matem a garota e me tragam o F inconsciente. - ladrou a jovem cientista enquanto se afastava do local, deixando um rastro de destruição.

R permanecia com os olhos fechados e serenos, resplandecia uma paz como se estivesse confortada. Quando os rapazes a frente levantaram novamente os revólveres, R escutou um motivo para continuar vivendo.

- Ninguém toca nela! - Uma voz grave chamou a atenção dos capangas de V. R abriu os olhos, ela nunca mais esqueceria aquela voz.

De trás das árvores garrafas começaram a ser lançadas contra os rapazes, uma grande reviravolta tinha acontecido. Todos começaram a pegar fogo com o líquido inflamável que elas continham. Antes de subirem a colina, todos haviam comprado materiais para a produção de coquetéis molotovs.

Todos ao redor começaram a se debater e correr para longe. F havia caído no chão e agora observava o céu estrelado, Z desesperado correu até ele o segurando entre os braços, e segurando seu rosto demonstrou uma fraqueza que antes não se mostrava nele. Z parecia completamente diferente de sua postura fria e de liderança, ele parecia instável e chorava sobre F.

- F você está bem? Por favor... Não nos deixe... Eu não posso perder você, você não !

E então F desmaiou, após aquilo Z o levantou nós braços e H ajudou M, que agora estava acordado, a se levantar. Todos foram até o carro, deixaram M na casa dele. E Z sozinho levou F até a casa dele, o deitando sobre a cama, junto com instruções na sua cabeceira para o dia seguinte quando eles esquecessem de tudo.

E antes de ir embora, o cara frio, se abaixou, beijou a testa de F e lhe sussurrou algo em voz baixa. Mesmo ele estando dormindo.

































E cá está o novo capítulo!!! O que acharam? Estou adorando ver vocês aqui interagindo, lendo bastante, mergulhando nessa história, se aventurando com esses personagens! Continuem curtindo bastante, comentando bastante. Indiquem para os seus amigos que vocês sabem que vão curtir!!! E muuuuuuito obrigado ❤️❤️❤️

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