Capítulo 03

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Loiro ⚡

Saudades do meu irmão.

Saudades de quando eu não era um vacilão.

Por mais que o Luan fizesse merda, era ele quem me aconselhava.

Era o único que me entendia.

E ele se foi.

Se passaram dois anos, mas até hoje eu penso como isso aconteceu.

Os tiros foram na cabeça.

Até hoje, meu peito dói.

Saudades.

Hoje eu me tornei uma pessoa que nem eu mesmo conheço.

Frio, agressivo, viciado.

Olhei pra Sabrinna deitada no chão desacordada e meu peito se apertou.

Não por ela.

Mas em pensar que eu poderia ter machucado a Valentina.

Por isso eu traí ela, me afastei.

Eu amo ela, mas vou machucar ela.

E isso dói, dói pra caralho.

Só eu sei a luta interna que eu tô passando.

Só eu sei minhas dores, meu sofrimento.

Só eu vivo isso.

Fui na varanda e olhei pro céu. 

Loiro: Desculpa irmão.- Sussurrei olhando pro céu.

Ele estava decepcionado comigo, eu sei.

Entrei em casa, peguei a Sabrinna e coloquei ela na cama.

Eu enterrei um boné na cabeça e peguei a chave da moto saindo assim mesmo.

Parei na casa da Mari e bati na porta.

Quem atendeu foi ela.

Mari: De novo Yan? - Suspirou vendo meu estado.

Provavelmente meu olho vermelho e pó pelo minha barba.

Mari: Eu vou cuidar de você, vem.- Segurou me puxando pra dentro.

Loiro: Você não cuida nem de tu merma.- Ela ignorou.

Todos me olharam assustados.

Meu filho decepcionado.

Minha sobrinha decepcionada.

Porra.

Ela me puxou pro quarto dela e tirou minha blusa.

Mari: Você não pode continuar assim.- Passou a mão pelo meu cabelo.

Loiro: Você nem sai do quarto, cadê a moral pra falar de mim? Aposto que tá esperando todo mundo vazar pra voltar a se trancar e chorar.

Mari: Cala a boca.- Falou séria.- Eu vou mudar, pelos meus filhos. E você também vai.

Loiro: Claro.- Debochei.- Eu sou a universal e você?

Mari: Sou a irmã que vai te bater se tu não ficar quieto.- Eu ri fraco beijando a mão dela.

Ela tirou meu celular e minha carteira do bolso, e segurou meu braço me puxando pro banheiro.

Mari: Quer tomar banho só? - Assenti.- Consegue? - Neguei e ela sorriu de lado.

Ela me colocou de baixo do chuveiro na água fria.

Fechei os olhos sentindo uma sensação de paz.

Ela jogou água no meu rosto e eu abri os olhos.

Ela gargalhou e me entregou o sabonete.

Mari: Vou deixar você aqui, promete não fazer merda?

Loiro: A claro Mariana, vou tentar me afogar.

Mari: Besta.- Sorriu e saiu fechando a porta.

Quando ela saiu dali eu pensei em tudo.

Primeiro tirei a roupa ficando peladaum.

Depois eu pensei em como eu tava sendo um merda pra minha família.

Coé loirinho, reage.

Depois de passar meia-hora ali dentro, me enrolei numa toalha que ela deixou e sai do quarto.

Tinha uma roupa na cama.

A roupa era minha mermo, tem dias que eu venho dormir com a Mari.

Tanto porque eu não aguento ficar só e nem ela.

Sabrinna só quer status...

Quando eu preciso, some rápido.

Mas claro que eu num vou tá comentando com ela minha vida, eu só tô com ela pra sei lá cara.

Valetina tá com outro.

Eu não vou ficar por baixo.

Vestia roupa, penteie meu cabelo que daqui a pouco tá fazendo trança.

Joguei um perfume e sai do quarto bem melhor.

Desci as escadas e assim que eu pisei lá em baixo, Pedro, Duda, Nathan, Vale, Gabriel e o macho da Valentina estavam lá.

Ray: Aí sim, homão da porra! - Foi a primeira a me ver.

Loiro: Não é assunto de família? - Joguei logo uma porque eu gosto é do estrago.

Heitor: Cala a boca, papai noel.

Ele me chama assim porque meu bigode sempre fica branco de pó.

Mari: Agora sim, meu irmão.- Sorriu me abraçando, beijei a cabeça dela e fui até a Bia.

Abracei ela e beijei a testa dela.

Bea: Sai.- Se soltou.- Pai e filho, dois vacilão.

Loiro: Colé, eu te amo.- Tentei abraçar ela e ela se soltou.

Bea: Olha nos meus olhos.- Segurou meu rosto e eu olhei sério.- Diz que nunca, n.u.n.c.a.- Falou letra por letra.- Mais vai usar.

Loiro: Eu nunca, n.u.n.c.a.- Repeti.- Mais vou usar. Jaé?

Bea: Trouxa! - Beijou minha bochecha.

Me agachei pegando a Luna no colo que já se abriu pra mim.

Loiro: Fala aí amor do tio.- Sorri jogando ela pra cima fazendo ela gargalhar.

Luna: Avião.- Pediu e eu fiquei jogando ela pra cima enquanto ela ria.

Pensei que ela era toda enjoada, chata e mimada.

Mas ela é tão foda.

Loiro: Bora pra praia amanhã? Tá mó branca tu! - Parei de jogar ela e ela me olhou curiosa.

Luna: Plaia? - Perguntou e eu assenti.- Posso titia?

Bea: Só se eu for.- Revirei os olhos.

Assim que virei vi a Valentina me olhando com um sorriso nos lábios.

Ela me encarou fechando o sorriso aos poucos e eu sorri de lado desviando o olhar.

Droga loiro.

Vai lá e fala que tu tá arrependida e que ama ela.

Olhei pros lados em busca de uma solução.

Loiro: Vou comer.- Dei os ombros e fui com a Luna roubar comida.

E é assim que se resolve os problemas.

Meu Recomeço. Onde histórias criam vida. Descubra agora