—Pausa para o almoço?
A cabeça da minha amiga apareceu na fresta da minha porta entreaberta, depois veio o pacote gigante de batata frita e um sorriso enorme. Aquela era Nanda, a que adorava manhãs de segunda-feira e me entupia de porcarias alimentares.
—Entra.
Tirei meus óculos e esfreguei o rosto, depois massageei meus ombros um pouco. Estava cansada. A manhã tinha voado e não havia conseguido revisar nem um capítulo inteiro.
Nanda entrou, fechando a porta atrás de si e afastou meus papéis colocando um banquete de coisas gostosas e nada nutritivas para nos fartarmos.
—Prometi a batata frita e você sabe que sempre cumpro minhas promessas.
Peguei o pacote e abri. Vinha tentando uma dieta em dias de semana, mas aquele dia estava tão esquisito que decidi me liberar um pouco. Mordi o petisco crocante e fechei os olhos relaxando meu corpo na cadeira.
—Obrigada — falei e peguei mais duas enchendo a boca.
—Como anda a revisão?
Soltei o ar e terminei de mastigar a batata, tomando um gole do refrigerante em seguida.
—Péssima... Quatro horas de trabalho e não consegui terminar o oitavo capítulo.
—Quantas páginas o capítulo tem?
Olhei rapidamente meu cronograma de revisão.
—Doze.
—Uau! Isso que é ressaca! A festinha no sábado deve ter rendido, afinal não consegui falar com você ontem e hoje nesse ritmo de lesma.
Meu corpo retesou ao me lembrar do meu domingo. Basicamente sonolento, recheado de flashback de um encontro da biblioteca e um reencontro nada promissor no sábado.
—Terra chamando Lucy!
Voltei a olhar para minha amiga.
—Oi?
—Não vai me dizer como foi o teste da despedida de solteira da Barbie-sem-nada-na-cabeça?
Enchi minha boca de mais batata, seguido por outro gole de refrigerante.
—Nanda.
—Oi.
—Sonhei aquilo de novo.
Ela revirou os olhos, mordeu o hambúrguer e limpou a boca.
—Novidade. Você sonha com aquela biblioteca pelo menos uma vez por mês.
—Mas dessa vez ele estava diferente do que sempre vi e tinha um nome.
Ela arregalou os olhos e chegou para frente.
—Aiiiiii!!! Vamos procurar no facebook!
—Na verdade nem precisa, amiga.
Ela franziu a testa.
—Vai me dizer que você desistiu dele?
Engoli em seco.
—Acho que sim. Quer dizer, nunca achei que fosse reencontrá-lo ou ter qualquer coisa com ele, então não podemos dizer que desisti. Não é como se eu estivesse procurando por ele em cada esquina.
—Ahhh! Nem vem com essa! Você esperava encontrar seu gato da biblioteca a qualquer momento, sim! Não foi por acaso que seus dois namoros não deram certo.
—Estava focada no trabalho. Aliás, nós duas estávamos, quer dizer, estamos. Nossa editora é nova no mercado editorial e precisamos trabalhar muito pra fazer dar certo.
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O estranho da biblioteca
RomanceEm uma noite chuvosa, a luz da biblioteca acabou e dois estranhos tiveram um momento, inesquecível e quente, juntos. Cinco anos se passaram e Lucy reencontra Derek, que agora é noivo de sua prima, Bárbara. Como madrinha do casamento ela não pode se...