O estranho da biblioteca

30 - Paixão? Obsessão? Tesão?

Que nome se dá a um sentimento louco, abrasador e intenso, que te faz perder a noção do certo e do errado? Paixão? Obsessão? Tesão? Desejo? Qualquer uma dessas respostas se encaixa em como me sinto por Lucy, mas só um martela em minha cabeça: amor. Amor do tipo mais puro. Daquele que te dá uma rasteira, te faz cair sem conseguir se segurar e pior, que faz com que a queda seja a melhor coisa da vida toda!

Estou ferrado e completamente apaixonado pela prima da minha noiva. E mais: não apenas estou apaixonado, eu a amo desse jeito puro e insano. E isso está detonando minha cabeça e atormentando meus sentidos. Porque preciso dela a cada segundo e só a vejo se distanciar de mim, fugir e fugir, sem deixar que eu me aproxime.

Para detonar de vez meu cenário, já catastrófico, ela arrumou um cão de guarda que por acaso é minha irmã. Ela virou fiel escudeira de Lucy e a todo custo quer me impedir de tentar qualquer contato. Isso é foda!

Nunca me senti tão fora de órbita na vida. Parece que tudo se refere à Lucy e mesmo quando insisto em não pensar. Quando apenas estou mexendo nas redes sociais, algo me puxa para procurar o nome dela e apenas ver as poucas fotos que ela posta. Lucy é discreta e suas redes sociais são, em grande maioria, compostas pelo trabalho. Divulgação de livros, de autores, de parcerias, de feiras literárias, mas muito pouco sobre ela. Até que em uma atualização infeliz, me deparo com uma foto simples de uma paisagem que deveria ser normal, mas que me desnorteia, pois eu sei onde é. O clube que a família é sócia. Isso arrebenta minha cabeça e minha resolução de deixá-la em paz, se transforma em pó. Pois vê-la se tornou minha necessidade imediata.

Mando uma mensagem para Talita.

Derek: Estão no clube?

Ela demorou alguns minutos para responder e a cada segundo me tornei mais impaciente.

Tali: Sim, como sabe?

Derek: Vi uma foto, ela está com você, não é?

Tali: Derek, isso não é da sua conta! Fica na sua!

Derek: Estou indo agora! Segura ela aí, preciso conversar com ela.

Tali: NÃO! Você não vem aqui! Você não vai estragar o dia dela! Ficou louco?

Derek: Você não manda em mim, Talita. Estou saindo de casa.

Levantei, vesti uma bermuda e estava calçando o tênis quando meu celular tocou. Era ela.

—Oi.

—Seu babaca infeliz, pare de ser tão estúpido! — gritou.

—Calma aí, Talita! Não precisa gritar!

—Precisa sim! Precisa porque você é um babaca! Você não se toca? A garota precisa respirar, ela precisa de paz e você é tudo, menos paz! — continuou gritando. — Então, você vai sentar sua bunda no seu sofá e curtir seu domingo com sua noiva! E vai me deixar em paz com MINHA AMIGA! Você entendeu, Derek Silver?

Engoli em seco.

—Não precisa gritar desse jeito, eu só...

—Você nada! Não preciso ouvir suas desculpas idiotas — ralhou. — Nós dois sabemos que você é um covarde que já deveria ter resolvido sua situação e parado de meter a Lucy nessa maluquice! Ela é uma mulher maravilhosa e não vou deixar ninguém magoá-la. Nem você.

Fiquei estático. Atônito pelas palavras agressivas da minha irmã, que, mais do que um tapa na cara, eram socos seguidos em meu estômago. Cada palavra me deixava um pouco sem ar.