21 - Ele tem outra!

714 66 2
                                    

Acordei cedo e fui até a cozinha para preparar café para quando Nanda se levantasse. Minhas costas doíam, o que foi definitivo para minha decisão de retomar minha vida e minha cama, claro. Já que duas noites no sofá da minha amiga, tinham sido suficientes para que eu precisasse de um analgésico naquela manhã.

—Bom dia, Lu — Nanda disse entrando na cozinha e abrindo a geladeira. — Vai pra editora hoje?

—Vou sim, mas preciso que você me dê uma carona até a concessionária, meu carro está pronto.

—Sem problemas.

Enchi duas canecas com café fresco e peguei um pão para colocar queijo.

—Vou voltar pra casa hoje — informei.

—Isso é bom. Não que eu não goste de tê-la aqui, é só que não dá pra fugir pra sempre.

—Pois é. E eu amo você, mas seu sofá acabou com minha coluna.

Nanda sorriu. Tomamos nosso café da manhã, com ela animada por um de nossos autores ir até a Feira Literária de Berlim, era realmente um enorme passo. Depois de terminarmos, ela foi se arrumar e eu fui procurar alguma roupa decente na mala. Como tinha organizado as roupas para um fim de semana de festas, não havia muita opção, então acabei escolhendo a roupa que tinha usado no chá retrô, uma saia godê floral e uma blusa rosa clara. Fui até o banheiro, escovei os dentes, penteei o cabelo, deixando-os soltos e fiz uma maquiagem básica para dar ao meu rosto um pouco de cor.

—Pronta? — Nanda perguntou.

—Sim, vamos?

Puxei a mala, saindo do meu refúgio. No caminho até a concessionária, resolvi ligar o celular e enfrentar logo tudo de uma vez. Como esperado, ele começou logo a tocar feito louco. Esperei que parasse de apitar e chequei as mensagens uma a uma, respondendo. Menos as dele. Ainda não sabia o que dizer, então preferi deixá-las sem ler.

—Está tudo bem? — minha amiga quis saber.

—Está sim.

—Ok.

Depois de algum trânsito, chegamos. Desci do carro e combinei de pegar a mala no estacionamento da editora. Segui até a oficina da concessionária, paguei a conta do conserto e saí com meu carro. Menos um problema para administrar.

Quando cheguei na editora, já passava um pouco das 9h00. Diná tinha um sorriso esquisito no rosto.

—Bom dia, Diná. Está tudo bem?

—Tem um bonitão na sua sala — informou e meu coração acelerou. — Ele chegou antes de mim, parecia que tinha passado a noite em claro e disse que não sairia até falar com você. Pensei em chamar a polícia, mas a Nanda chegou e atendeu ele, colocou na sua sala.

—Tudo bem, eu resolvo.

—É um desses autores excêntricos? — questionou.

—Não. É um problema pessoal, mas obrigada. E não passe nenhuma ligação agora, nem vou atender ninguém.

—Certo.

Caminhei em direção à minha sala, cumprimentando o pessoal que já estava trabalhando em suas mesas. Nanda veio correndo até mim.

—Ele está aqui.

—Eu sei, Diná me falou que ele chegou cedo e não quer sair.

—E a cara dele está péssima! — completou.

Soltei o ar.

—Vou logo resolver isso.

—Como?

O estranho da bibliotecaOnde histórias criam vida. Descubra agora