19 - Momento da declaração

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O domingo passou preguiçoso. Todos acordaram tarde, pois tinham ido dormir com o dia já amanhecendo. Minha companheira de quarto ainda estava desmaiada na cama quando abri os olhos e fitei o teto. A noite passada tinha confirmado minha sensação de que algo havia mudado entre Derek e eu. O sexo havia sido igualmente bom e intenso, mas tinha tido uma espécie nova de ligação entre nós, entre nossos olhares conectados. E era aquela novidade que estava me deixando com um frio na barriga, impossível de espantar.

Peguei o papel embaixo do travesseiro e olhei. Meu desenho. Um presente que ele havia me dado, sem imaginar o tanto de emoções que tinha conseguido despertar com aquele papel. Meu celular começou a vibrar e peguei, indo para varanda, antes que Talita acordasse. Era Nanda.

—Oi, amiga — falei, fechando a porta da varanda. — Bom dia.

—Boa tarde, bela adormecida! Já são 14h30!

—Ontem foi o luau, todo mundo dormiu tarde — expliquei, fitando o mar.

—Tentei falar contigo ontem, mas não consegui.

—Ontem foi um dia cheio, vi sua ligação só quando cheguei e outras coisas aconteceram, enfim, desculpe por não ter ligado, está tudo bem?

—Sim, tudo ótimo. Aliás, o Túlio Fonseca foi convidado para uma feira literária em Berlim.

—Isso é incrível, Nanda!

—Pois é, queria ter te contado assim que soube, mas imaginei que as coisas estivessem confusas por aí...

Deixou a frase no ar, esperando que eu mordesse a isca e contasse os pormenores dos dias.

—Amiga, prometo que amanhã te contarei tudo, só não consigo fazer isso agora — falei.

—Sério que vai me deixar na curiosidade até amanhã?

—Por favor — pedi. — Eu não saberia por onde começar.

—Uau! Então as coisas esquentaram com o deus ébano?

Engoli em seco.

—Não.

Minha amiga ficou calada por alguns instantes.

—MINHA NOSSA! Sério? Até aí?

—Amanhã, Nanda — repeti.

—Ok. Amanhã. Só responde sim ou não. Ok?

—Pergunte.

—Vocês transaram de novo?

—Sim.

—MINHA NOSSAAAAAAAAAAAAA! Que fogo é esse, mulher? — Revirei os olhos, respirando fundo. — Desculpe, Lu. É que você foi com o Tales, achei que ajudaria. Quer dizer, isso está pior do que eu previa.

—Nem me fale!

—Mas tudo bem, conversamos melhor amanhã. Acha que consegue sobreviver a este dia?

—Sim. Pretendo ficar colada na Tali.

—Quem é Tali?

—Irmã do Derek, ficamos no mesmo quarto.

—Hum, entendi — murmurou ciumenta.

—Vocês devem se conhecer em breve, você vai adorá-la!

—Sei.

—Pare de ser ciumenta! Agora preciso desligar que ainda tem a última festa hoje.

—Tudo bem, só não se esquece de usar o juízo, ele anda em falta ultimamente!

O estranho da bibliotecaOnde histórias criam vida. Descubra agora