Fiquei observando o celular tocar, enquanto o frio percorria meu corpo, se misturando ao calor das memórias do que tinha acontecido naquela madrugada e manhã. Era a terceira vez que Derek me ligava e eu me recusava a atender. Não porque não quisesse, longe disso! Era simplesmente minha maneira de resistir, pois sabia que se atendesse, provavelmente aceitaria qualquer proposta que ele fizesse, por mais louca e inconsequente que fosse. E eu não podia, não de novo.
O aparelho parou de vibrar e soltei o ar, sentindo a frustração percorrer todo meu corpo. E é claro que o desejo continuava ali, quase palpável de tão forte.
Ele parecia ter desistido, então voltei minha atenção para o arquivo aberto em meu computador. Já tinha lido o mesmo parágrafo cinco vezes e estava começando a sexta quando Nanda entrou na sala, fechando a porta atrás de si.
—Pode me dar um minuto? — pediu.
—Sim.
Estendeu dois modelos de capa em cima da mesa. Era o nosso próximo lançamento, um romance de época de uma das nossas mais queridas autoras, que escrevia maravilhosamente bem. Analisei os aspectos da capa, as fontes, as cores e defini minha preferida.
—Também gostei mais desta — contou. — Vamos enviar pra Julie dar a opinião, depois passarei pra o Eduardo fazer qualquer ajuste necessário, estou programando pra divulgar na sexta.
—Ok.
Meu olhar ficou perdido entre a tela do computador e minha amiga.
—Lu? Você está bem?
—Não sei, amiga. Está difícil de definir o que estou sentindo, como estou.
—Por isso passou a manhã inteira trancada aqui?
Assenti.
—Não estava querendo falar sobre o que aconteceu.
Nanda abriu um pouco os olhos, visivelmente curiosa.
—Você sabe que nasci com a semente da curiosidade implantada em mim — brincou. — Mas se você não quer falar, tudo bem.
—Não queria, mas diante das ligações, acho que preciso.
—Ligações? Como assim? Volta um pouco a fita!
—Transei com o Derek — contei.
Ela me olhou por alguns instantes.
—Tá, ok. Pelo telefone? — perguntou.
—Não, amiga. Foi beeeeeeem presencial, aliás.
Minha amiga abriu a boca em O.
—Ok. Então, como? Quando? Onde? Por quê?
—Como, eu não preciso explicar, além do fato de que ele é perfeito, ou seja, tudo foi incrível. Poderia ter sido horrível, uma desilusão, já que na biblioteca havia espetacular, eu poderia ter imaginado coisas, não sei... — considerei. — Maaaas foi surreal de bom! Foi... Ai... FOI!
—Ok, isso está na cara! — Riu. — Não precisa esfregar na cara da sua amiga carente que você teve orgasmos múltiplos.
Ri.
—Bom, continuando, foi ontem, na minha casa e o motivo: muito tesão, amiga. Como se só por estar perto, ele me puxasse em sua direção. Não sei explicar, não sei dizer os motivos exatos, ou numerá-los, é diferente.
—E como ele foi parar em seu apartamento ontem?
—A pergunta de um milhão de dólares! — Apertei meus ombros tensos. — Ele disse que precisava de companhia e que me levaria uma torta de limão com doce de leite.
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O estranho da biblioteca
RomanceEm uma noite chuvosa, a luz da biblioteca acabou e dois estranhos tiveram um momento, inesquecível e quente, juntos. Cinco anos se passaram e Lucy reencontra Derek, que agora é noivo de sua prima, Bárbara. Como madrinha do casamento ela não pode se...