49 - Sem sinal

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Derek Silver

Três dias se passaram sem qualquer sinal de Lucy. Todas as minhas tentativas de mensagens eram ignoradas, minhas ligações caíam em caixa postal e minha insistência para que Talita me dissesse alguma coisa também resultava em nada. Minha irmã me garantia que também não sabia onde ela estava e que o único contato que tinham era por e-mail, sempre falando de trabalho. Só o que consegui foi o e-mail de Lucy, para o qual eu mandava cerca de três mensagens por dia, todas ignoradas.

Eu não sabia mais o que fazer.

Minha rotina se resumia a turnos alternados no hospital com meu pai, visitas diárias a minha mãe e períodos curtos no escritório. A confusão da mídia já começava a diminuir e para meu alívio surgiu um escândalo envolvendo um político e uma modelo, com muita farra e drogas, o que fez os holofotes mudarem de foco.

Havia sido difícil contornar as coisas na empresa, pois ao menos dois clientes ameaçaram encerrar seus contratos. E Tales foi fundamental para que conseguíssemos mantê-los em nosso quadro. O que me levou a tomar uma decisão sobre meu assistente, então liguei para ele naquele fim de expediente e esperei que viesse até minha sala.

— E aí, cara? O que manda?

— Pode sentar, quer um copo de vodca? Uísque?

— Uísque com duas pedras de gelo, por favor. Estou exausto e hoje ainda é quarta-feira.

— Esses dias foram pesados — concordei enchendo dois copos com a bebida âmbar e pedras de gelo, estendi um para ele e voltei a sentar com o meu. — Não achei que fosse conseguir sobreviver a tanta confusão.

— Mas conseguimos, meu caro. Estamos vivos e fortes! Respirando sem ajuda de aparelhos.

Sorri. Tales era sempre daquele jeito. Solto, descontraído e com bom humor.

— Sou muito grato a você por esse apoio, Tales. Foi fundamental para que eu conseguisse encarar tudo que aconteceu nesses dias — agradeci.

— Imagina, Derek. Pareço meio desligado e irresponsável, mas sou seu amigo e amo meu trabalho, então tudo que fiz foi com prazer.

— Eu sei e por isso estamos aqui.

Tales franziu a testa.

— Não entendi.

— Temos crescido, muitos clientes novos, muitas contas para cuidar e depois de todos esses dias, percebi que não consigo fazer isso sozinho. Você começou isso comigo e nada mais justo do que agora colher os louros também — expliquei. — Por isso quero saber se você topa ser diretor geral.

Tales arregalou os olhos surpreso e logo abriu seu largo sorriso.

— Cara! Você está falando sério?

— Muito sério.

— Derek! Isso é sensacional! Caramba! Uma promoção dessas! Nem acredito!

— Você merece!

— Precisamos comemorar, cara. Vamos, eu pago uma rodada no bar, vou chamar o pessoal.

— Pode ir e se divertir, prefiro ir pra casa.

Ele parou de sorrir e me olhou.

— Ainda sem notícias?

— Silêncio total.

— Isso é uma merda.

— Pois é.

O estranho da bibliotecaOnde histórias criam vida. Descubra agora