5 - Seção de arqueologia

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Estava revisando e escutando um cover da música "Beija eu" da Marisa Monte, quando meu celular despertou. Era hora do tal almoço com Barbie e suas amigas-zero-neurônios. Fechei os arquivos, tirei os óculos e me espreguicei na cadeira. Estava exausta, mas sabia que não conseguiria driblar minha priminha e faltar àquele almoço, então só me restava colocar um pouco de maquiagem e ir em direção à forca.

Coloquei um pouco de delineador e batom, sentindo-me um pouco mais confiante, desamarrei o cabelo do coque em que estava preso e soltei o ar devagar, deixando meu corpo um pouco mais leve. Foi quando Nanda entrou em minha sala e jogou um embrulho em cima da minha mesa.

—Acabou de chegar pra você — disse, se jogando em uma das cadeiras. — Você precisa mesmo almoçar com o trio sem cérebro?

Ri.

—Preciso. Confesso que tentei me safar dessa, mas Barbie não me deixou. — Apontei o embrulho. — Algum original pra avaliação?

—Não sei. Abre.

Peguei o pacote, uma tesoura e cortei o papel pardo que envolvia o que parecia ser um livro, retirando o pesado objeto, que realmente era um livro, li o título: "História do Pensamento Arqueológico – Bruce Trigger". Franzi a testa e abri o livro, vendo a dedicatória:

"Coisas inesperadas e deliciosas podem acontecer em uma seção de arqueologia... D."

—Aquele filho da... — resmunguei.

—O que foi?

Joguei o livro em cima da mesa, como se estivesse queimando minhas mãos. Nanda pegou o exemplar, abriu e leu. Sua expressão confusa logo deu lugar ao divertimento. Ela me olhou rindo.

—É ele, não é?

—Quem mais?

—Então foi na seção de arqueologia, hein? — brincou.

—Para, Nanda! Isso é sério! — ralhei com ela, que parou de rir. — Ele não pode ficar fazendo esse tipo de... Coisa!

—É, nisso você tem razão, ele não pode mesmo. Porque, amiga, isso é um flerte DAQUELES!

Engoli em seco.

—Ou então, uma brincadeirinha de péssimo gosto. O que é mais provável — afirmei, sentindo meu corpo todo pegar fogo, de raiva e algo mais. — Agora preciso ir. Senão vou me atrasar e você sabe como Bárbara pode ser insuportável quando quer as coisas do jeito dela.

—Ok. E o que vai fazer com esse livro?

—Jogue fora.

E saí. Pedi um táxi, pois pretendia beber ao menos duas taças de vinho e não dirigiria depois. Aguentar Barbie e as amigas sem uma gota de álcool era impossível. Tudo bem, talvez eu esteja sendo um pouco exigente e chata com relação à minha prima, ela não é de todo ruim. Mas temia que o casamento não a tivesse deixado mais legal, então meu humor não era dos melhores quando, depois de um engarrafamento insuportável, entrei no restaurante e avistei o trio loiro em uma mesa no centro. Claro!

Respirei fundo, decidi que tentaria aproveitar e pararia com o veneno em minha mente, não podia ser tão ruim assim.

—Barbie, meninas, desculpem o atraso — pedi, sentando na cadeira vaga.

—Tudo bem, Lucyyy — Barbie disse, pronunciando meu nome como só ela fazia. —Pedimos margaritas, quer uma?

—Não, prefiro vinho branco. —Acenei para o garçom e fiz o pedido. — E então? O que vamos decidir hoje?

O estranho da bibliotecaOnde histórias criam vida. Descubra agora