10 - Incrível

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Abri os olhos, sentindo todo meu corpo sorrir. Pela janela, vi que o dia estava amanhecendo. Espreguicei-me e virei, ele estava acordado, me olhando e sorrindo.

—Bom dia — falei.

—Bom dia.

Aproximou-se e me deu um beijo suculento.

—Isso foi realmente inesquecível — disse, me puxando para colar ao corpo dele. — Uma noite memorável, como se tornam todos os momentos em que você está, Lucy.

Aconcheguei-me ao peito dele, fechando os olhos para sentir o coração batendo ritmado.

—Foi incrível, Derek — concordei.

Afastei-me para olhá-lo.

—Mas...

—Shiii, não diga nada, não agora, não ainda, por favor... O mas existe, só não precisamos falar dele ainda, o dia nem nasceu.

Sorri.

—Ok. Vamos esperar o dia nascer.

Virei para a janela e ele aninhou o corpo ao meu, ficando de conchinha. Podia sentir a respiração dele em meu pescoço.

—Desenhar — ele disse.

—Como?

—Naquele dia você me perguntou qual é a minha paixão — explicou. — Estou respondendo, amo desenhar.

Troquei de posição, ficando novamente de frente para ele.

—Você desenha?

Ele aquiesceu e sorriu.

—E desenhei você depois daquele dia.

—Da biblioteca?

—Sim.

—Uau! Você é mesmo uma caixinha de surpresas e a cada coisa nova que descubro, me... — Parei, ciente de que minhas palavras seriam apressadas e descuidadas. — Me pego surpresa diante de tantos talentos.

—Não seja tão exagerada, cozinhar não é um talento, não quando existem tantas pessoas que realmente fazem isso divinamente — ponderou. — E desenhar é um passatempo, algo que me transporta para outro mundo, que me deixa leve e me faz sentir capaz de qualquer coisa.

—Assim como os livros fazem comigo — completei.

—Exatamente, então você entende.

—Sim, entendo. E o que você fez com o desenho que fez de mim? — perguntei curiosa.

—Guardei.

—Sério?

Ele balançou a cabeça, confirmando.

—Isso é tão... Ah, Derek, nem sei dizer o que isso é...

As palavras me faltaram, como em poucas vezes. Então o beijei. Beijei para agradecer pelo carinho, mesmo sem saber quem eu era, beijei para demonstrar meu afeto, beijei porque quando as palavras faltam, os gestos podem traduzir o coração.

Quando nos afastamos, Derek me olhava daquele jeito melancólico de antes.

—O que houve?

—O dia amanheceu — disse, afagando meu cabelo bagunçado.

—É, amanheceu.

—Não quero que meu dia comece, nem quero sair dessa cama ou ir para o escritório.

O estranho da bibliotecaOnde histórias criam vida. Descubra agora