Tinhas várias ideias na cabeça quando entrou em casa outra vez, Berenice estava ali parada na porta a sua espera.
___Menina, o que você aprontou dessa vez?
___Eu não fiz nada dessa vez, juro.
___Olha esse corte na testa.
___Foi puro azar. Meu pai está ai já?
___Sim, ele já almoçou e está na biblioteca.
___Obrigada Bere. Vou falar com ele.
A casa como todas as outras na redondeza era grande, dois andares, piscina, vários quartos, e uma biblioteca que Cintia quase não usava porque a fazia lembrar muito da mãe que tinha morrido fazia 4 anos. Lembrava sempre da mãe lendo histórias para ela ali. Sentia tanta falta da mãe, era tão injusto alguém jovem e aparentemente saudável morrer de um ataque cardíaco assim do nada. Mas a vida não era mesmo justa né?!
Bateu na porta da biblioteca antes de entrar. Ouviu o pai resmungar algo e então mandar ela entrar.
___Entra.
Cintia abriu a porta devagar, o pai estava sentado numa poltrona de costas para porta observando o jardim através da vidraça panorâmica que havia ali.
__Pai!
___O que você quer Cintia?
Diz o pai sem se virar para olha-la.Ela caminha pelo tapete felpudo até ficar do lado da poltrona onde o pai está, só então ele olha para ela.
___Puta que pariu Cintia, o que você aprontou dessa vez?
Sentiu se magoada, o pai podia pelo menos uma vez na vida se preocupar um pouco com ela ao invés de só brigar.
___Eu não fiz nada.
___ Você nunca faz nada, todas as confusões que arrumou nunca foram culpa sua.
___Alguém jogo uma pedra na minha cabeça.
O pai revira os olhos como se estivesse achando tudo uma mentira enorme e diz.
___Claro que sim, olharam pra você e pensaram, vou jogar uma pedra na cabeça para ver se quica. Me poupe das suas mentiras Cintia, já estou farto disso tudo, você já tem 19 anos e ainda nem acabou o ensino médio, eu na sua idade já estava na faculdade.
___Eu não sou você. Pode deixar que vou em algum hospital ver isso.
Doutor Francisco Oliveira era um cara orgulhoso, não ia deixar a própria filha ir para um hospital sendo ele médico, o que os outros iam pensar. Ele se levanta irritado da poltrona e vem examinar o rosto de Cintia.
___Está roxo e vou ter que dar pontos, senta ai e me espera.
Cintia sentou, agora a cabeça já não doía tanto, mas o desprezo do pai sim. Qualquer outro dia teria se prolongado na briga ou em sua defesa, mas hoje não conseguia, estava tão cansada de tudo que só sentou ali esperou até ele voltar com uma caixa contendo materiais para sutura.
Passou álcool no ferimento, aquilo ardeu até a alma, então pegou a agulha com linha de sutura para começar.
___Peraí pai, você não vai dar anestesia.
___Ah Cintia, você acha que eu ando com anestesia no bolso da calça? Pensasse na dor antes de arrumar confusão.
Soube que aquilo era uma forma de punição que o pai lhe dava, ele poderia muito bem ter passado ao menos uma pomada para adormecer o local. Então sem aviso prévio veio a primeira pontada da sutura.
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Depois Daquele Beijo
RomanceDurante um protesto no centro da cidade, Cintia, garota tímida e revoltada com a vida conhece Alisson, enfermeira que a ajuda com um machucado, depois disso as duas perdem contanto, mas o destino de forma cruel faz com que se reencontre algum tempo...