Depois Daquele Beijo

Onze

     Enquanto a hora ia passando um misto de frio na barriga e euforia ia se formando dentro de Cintia, até que finalmente soou a sinal anunciando o final da última aula.

     Pegou o celular emprestado de um colega e chamou um táxi, o dinheiro que tinha daria para ir até o hospital  Madre Amparo, nesses lugares tem sempre algum restaurante ou lanchonete por perto, comeria algo ali se o estômago parasse de dar cambalhotas.

      Assim que chegou a ansiedade aumentou, ficou parada olhando para aquele prédio que pegava o quarteirão inteiro, pintado de branco e azul, imponente na sua arquitetura antiga com algumas partes modernas, era um hospital que atendia tanto pelo SUS como pelo plano particular. Olhou para alto e contou dez andares em um desses andares seu pai trabalhava, não sabia ao certo se era todos os dias ou em dias alternados, porque ele também tinha o consultório próprio, no geral era um hospital como ótima reputação.

     Olhou em volta e viu uma cafeteria, estava com fome, mas não queria nada pesado, as borboletas que pareciam ter procriado dentro do estômago estavam bem revoltadas, sentiu medo de vomitar. Entrou e pediu um café gelado prestígio e duas mini broas, isso não parecia muito pesado e não deveria piorar o estado do seu enjoo. Tomou o café em goles em pequenos, podia sentir o gosto do coco, do sorvete de chocolate misturados ao café expresso, as broas também estavam ótimas e quentinhas com manteiga no meio, pensou que quando encontrasse Alisson a levaria para comer algo ali.

      Devidamente alimentada e mais nervosa que alguns minutos antes, ficou pensando em como chegar ali e procurar por ela. Não podia simplesmente embocar hospital à dentro e procurar por todos aqueles andares,, não tinha nem certeza se esse era mesmo o horário que ela trabalhava, então descartou essa ideia. Poderia dizer que ia falar com seu pai, mas e se ele estivesse trabalhando hoje ali e alguém chamasse por ele ao invés de deixar ela entrar? Mais uma ideia descartada. A única coisa que poderia fazer era ir até recepção e perguntar por ela e foi o que Cintia fez.

___Oi, boa tarde, eu queria falar com uma amiga minha que trabalha aqui.

___Boa tarde, em qual andar ela trabalha?

     A recepcionista parecia bem alta mesmo ali sentada, usava um uniforme preto de blazer e calça social e estava excessivamente maquiada, Cintia pensou que ela parecia mais um boneco de ventriloco do que humana.

___Então, eu não sei qual andar ela trabalha, mas o nome é Alisson.

___Qual o sobrenome?

___Desculpa eu não lembro também, mas ela é alta, um pouco mais que eu, magra, tem cabelos loiros e olhos verdes.

     Agora a  recepcionista olhava de forma totalmente animosa para Cintia.

___ Não posso te ajudar.

___ Sei que estou sendo muito vaga, mas ela trabalha aqui e preciso falar urgente com ela.

___ Não posso te ajudar, lamento, não passamos informação desse tipo.

          Cintia ficou parada em frente o hospital tentando pensar no próximo passo. pensou em entrar escondida, mas viu o guarda na porta e também as várias câmeras de segurança, não ia rolar. Foi quando notou um grupo de três enfermeiras indo para cafeteria em frente, então resolveu tentar ali.

     Se aproximou da mesa onde elas estavam sentadas tomando um café expresso.

___Olá, eu queria saber se algumas de vocês sabe se a Alisson está trabalhando hoje?

     Duas delas não conheciam nenhuma Alisson e então a terceira perguntou.

___Você quer saber da Alisson loirinha da cirúrgica?

     O estômago de Cintia deu um salto, devia ser a " sua " Alisson.

___Isso, ela mesma.

___Ela pediu um afastamento de alguns dias  se não me engano, parece estar com algum problema de família.

___Você tem o endereço dela ou um numero de contato?

___Desculpa, eu não tenho.

___ Obrigada assim mesmo, tenha uma boa tarde.

     Se sentiu um pouco decepcionada, mas ao menos sabia onde ela trabalhava. Deixaria passar uns dias e então voltaria e ficaria voltando até encontrar " sua " Alisson, porque era assim que já a chamava.