Vinte e sete

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     O estômago de Alisson revirava enquanto a ambulância corria até o hospital, a cabeça doía como se um alguém estivesse lhe dando socos, abriu os olhos devagar e viu Cintia sentada do lado, estava com expressão tensa e muito pálida, quis pegar na mão dela e dizer que estava tudo bem, mas até respirar fazia doer, voltou a fechar os olhos quando sentiu o tranco da parada, tinham chegado.

      Quando a maca foi posta para fora viu que não era o hospital Madre Amparo, mas fazia ideia de onde estava, foi levada para dentro com Cintia seguindo ao lado sem dizer nada. Um dos enfermeiros falou com ela.

___Esperem aqui que logo vem alguém atender.

       As duas ficaram paradas ali no longo corredor lotado de pacientes a espera de atendimento.

___Será que vai demorar muito para te atenderam?

___Aqui é SUS, sempre demora. 

___Vou ligar para meu pai.

___Não tem necessidade.

___Alisson, se eu não ligo ele vai criar uma confusão do cão e por hoje eu já tive emoções demais.

       Cintia tira o celular e se afasta um pouco da maca e faz a ligação, Alisson não consegue ouvir o que ela diz, mas repara na cara de dor e desgosto que faz. Fechou os olhos para fingir que não tinha visto. Alguns segundos depois Cintia volta para perto.

___Ele esta vindo para cá. Acho que seu atendimento vai ser rapidinho. Vou procurar um bebedouro, preciso tomar agua, eu volto logo.

___Tudo bem. Traga um pouco se achar.

     Quase quinze minutos depois Cintia volta com uma garrafa de agua mineral.

___Não achei um único bebedouro limpo, mas achei uma lanchonete e comprei lá.

       Alisson sentiu um pouco de tontura quando Cintia levantou sua cabeça para que pudesse beber a agua.

      Ficaram em silêncio o resto tempo, mas Cintia não saiu do lado da maca até que Francisco chegasse. E ele já chegou soltando fogo pelas ventas com o diabo no couro.

___Por que você não levou ela para o Madre Amparo?

__Porque eu não mando na ambulância e não sabia para onde estava indo.

        Nesse momento Francisco olha para Alisson e depois nota a blusa de Cintia suja de sangue, e já vai para cima da filha.

___Que droga você fez com ela Cintia?

     Cintia recua um pouco assustada, mas Alisson intervém.

___Ela me salvou. Eu estava sentada não beirada da piscina e quando fui levantar escorreguei e cai, batendo a cabeça. Ela estava ali por perto, pulou na agua e me tirou de lá.

___Ah. Nesse caso te devo desculpa Cintia.

      Ele se volta para examinar o ferimento de Alisson.

___Ow meu amor, parece que não foi nada sério, vou falar com alguém e apressar seu atendimento e também quero uma ressonância para ter certeza que não houve lesão, eu já volto minha linda.

        Francisco desaparece no meio do povo que estava ali esperando e Cintia se aproxima de novo.

___Obrigada por não contar a ele o que te fiz.

___Mas eu contei, você me salvou.

     Estendeu a mão e pegou na de Cintia, que estava gelada.

___Eu que agradeço por me salvar.

       Cintia ia dizer mais alguma coisa, mas Francisco chega nesse momento e elas soltam as mãos rapidamente.

___Já conversei com um médico, vão te atender, eu mesmo vou dar os pontos na sua cabeça , não vai ficar nenhuma marca, te prometo. Ah, Cintia, você pode ir embora, eu cuido de tudo agora.

      Alisson sentiu tristeza pela forma como Francisco tratava a filha, não era a toa que Cintia era tão revoltada as vezes e também uma parte sua queria muito que ela ficasse ali junto segurando sua mão. mas Cintia se virou e foi caminhando devagar para saída sem dizer tchau e nem olhar para trás.












Depois Daquele BeijoOnde histórias criam vida. Descubra agora