Cinquenta e três

2.7K 201 5
                                    

    Já fazia mais de um hora que Cintia tentava convencer Alisson deixa-la ir junto abrir o cofre da biblioteca, as duas sabiam ser extremamente teimosas quando queriam.

___Eu ainda acho que devo fazer tudo sozinha, é mais seguro,  e se tiver algo lá que seja importante eu te aviso.

___Te conheço o bastante para saber que você vai querer me proteger se tiver algo ruim lá, e eu tenho todo direito de ver, se for algo mais da minha mãe eu quero ser a primeira a ver.

___Pedi desculpa por ter lido a carta, poxa.

___Não estou brava Alisson, mas você não pode me por numa redoma e proteger de tudo. Está decidido, eu vou estar lá  quando você abrir.

___Eu nem sei se é mesmo a senha do cofre.

___Ainda assim, vou com você.

       Alisson acabou cedendo de tanto que Cintia insistiu no assunto, vencida pelo cansaço.

___Okay, quando seu pai sair amanhã para o trabalho eu te mando uma mensagem e você vai. Me passa seu numero novo que esqueci de pedir outro dia.

       Pegando o celular de Alisson Cintia anota o novo numero e devolve. Já era tarde e Alisson tinha que voltar antes que Francisco chegasse em casa, guardar a carta de volta no cofre e fingir se de abestada.

----Preciso ir, fica bem tá? Me liga se precisar. Não vou poder sair correndo a noite para vir aqui, por mais vontade que eu tenha, mas vou tentar atender o celular e falar com você. Me liga se ficar muito mal. Promete?

       Cintia dá um abraço apertado em Alisson e um beijo rápido, não queria beijo muito quente porque senão não conseguiria mais desgrudar dela.

___Obrigada por tudo que tem feito, por me ajudar e por querer sempre me proteger.

___Não precisa agradecer, você também faz isso por mim, mesmo sendo uma chatinha teimosa as vezes. Te mando mensagem amanhã, fica esperta.

        A revirada de olhos que Cintia deu não foi nada discreta.

___Tchau coisa incrivelmente teimosa.

___Tchau bichinho chato.

       Limpou  a cozinha alagada, preparou um Miojo para jantar, não tinha vontade de comer e muito menos de cozinhar algo mais substancioso, lavou a louça que sujou. Demorou muito no banho, deixando agua quente cair no ombros e pescoço tenso. Por fim foi tentar dormir.

     Foi inútil, o sono não vinha, a mente de Cintia estava acelerada demais, era muita coisa para assimilar, muitas duvidas rodando sua cabeça. Tentou ler, ver um filme, andar pelo apartamento, mas não conseguia se concentrar em nada. Quando olhou pela janela da sala viu a claridade do dia começando a se insinuar, ficou ali no sofá deitada até ter animo para fazer um café, trocar de roupa e esperar que Alisson ligasse.

     Não conseguiu ficar muito tempo parada sem que sua mente mandasse se mover. Resolveu que não ia esperar a ligação ou mensagem. Tomou um banho rápido, vestiu um camiseta branca, uns jeans rasgado e tênis All Star branco ( mais para marrom de tão encardido), pegou um boné para cobrir os cabelos, se olhou no espelho, parecia mesmo um menino qualquer.

      Comprou um café puro na padaria a alguns metros de seu prédio e foi para sua antiga casa. Parou o carro a quatro quadras de distancia, e caminhou a pé até ficar a poucos metros do portão. Encostou  no muro da casa vizinha apoiando um dos pés na parede e fingiu que estava lendo um livro que havia pego aleatoriamente em casa.

      Confiava em Alisson, mas mesmo assim uma parte sua tinha um certo receio dela não avisar quando Francisco saísse, que fizesse tudo sozinha. Então se manteve de olho no portão. Fazia pouco menos de meia hora que estava ali quando viu o carro de seu pai sair. Olhou para celular torcendo para que Alisson ligasse ou mandasse uma mensagem e foi com alivio que alguns segundo depois um SMS chegou: " Pode vim q ele já saiu."

       Respondeu pedindo para Alisson vim abrir o portão que já estava ali esperando.

___Credo Cintia, você veio voando?

___Eu já estava aqui perto esperando.

___Imaginei isso, foi só para descontrair, vem quieta para Berenice não te ver. Hoje é dia de limpeza na sala de ginástica, você já sabe que ela adora ficar lá né?

___Deve ser por causa dos teromônios,  do meu pai.

     Cintia falou isso revirando os olhos, Berenice já nem escondia que era toda capacho e tinha um tombo enorme por ele.

     Entraram pela porta da frente de forma silenciosa e foram direto para biblioteca. Alisson mostrou a Cintia a pequena agenda que tinha encontrado na escrivaninha, mas ela não reconhecia quase nada do que tinha escrito ali,mas tinha certeza absoluta que era letra de seu pai. Foram até os livros e Alisson tirou quatro deles da estante revelando um cofre  mecânico cinza claro com sistema se senha manual.

      Pegando no bolso do short um papel onde tinha anotado a senhas Alisson se vira para Cintia e indaga com um olhar.

___É isso ai Ally, vamos ver o que tem dentro desse cofre, torça para ser algo que coloque ele na cadeia por um bom tempo.

Depois Daquele BeijoOnde histórias criam vida. Descubra agora