Dezessete

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      Depois de um ano e seis meses morando na fria e úmida Londres finalmente Cintia estava pronta  para voltar ao calorzão do Brasil.

     Havia se adaptado até bem ali, já dominava o inglês britânico e se acostumou ao frio, chuva e neblina, também se dava muito bem com sua " tia " Mariza e o marido. Poderia ter ficado morando ali mais uns tempos, mas tinha coisas a resolver no Brasil, precisava fazer uma faculdade, e finalmente tomar posse da sua herança por direito, queria ter certeza que o pai não estava desviando nenhum centavo do que lhe pertencia, não por mesquinhez, mas porque ele simplesmente não merecia nada do que havia sido da mãe.

      Por mais tempo que houvesse passado, pensar na mãe sempre dava aquele aperto ruim no peito, uma tristeza que não ia sumir nunca, um tipo de vazio que nem o mar poderia encher.

       Nesses tempos corridos havia deixado de pensar em Alisson, de procurar por ela em redes sociais ou na internet, guardava dela uma recordação doce, mas já não conseguia lembrar como era seu rosto ou seu sorriso, ela havia se tornado um personagem que a gente assisti em filme ou le em um livro e depois de um tempo vai evanescendo da mente.

      Tomou todas as providencias necessárias para a viagem, passagem comprada, passaporte conferido, malas prontas. Ligou para Berenice para avisar que estava voltado, depois resolveu que também iria falar com o contador a mãe tinha escolhido para cuidar de seus bens, pediria a ela que olhasse certinho toda contabilidade das coisas que a mãe tinha deixado. Ligou também para avisar o pai que estava voltando, e ele não mostrou o menor entusiasmo com a noticia, não que ela esperasse outro tipo de atitude dele, nesses 18 meses havia falando com ele por telefone poucas vezes e todas para reclamar que o dinheiro não era depositado em sua conta como deveria. Mas Cintia estava muito curiosa para conhecer sua madrasta, já até imaginava uma loira oxigenada com um poodle de estimação rosa e varias joias para exibir.

      No dia da viagem se despediu se da tia Mariza que chorava feito um bezerro sendo desmamado.

___Eu prometo que venho te visitar em todos os verões.

___Mas vou sentir sua falta.

___Também vou sentia a sua, tia. Obrigada por ter me aguentado esse tempo todo.

        Deu um abraço apertado nos tios e embarcou. Voltar depois desse tempo todo era como começar uma nova vida, já que nunca teve amigos mas somente colegas, não manteve contato com nenhum deles, o lado bom é que aquele vídeo já teria sido esquecido, poderia ficar tranquila quanto a isso também. Depois de sentar na sua poltrona olhou seu reflexo na janela do avião, estava mais magra com o cabelos mais longos e sem aquelas mechas rosas de quando havia ido para lá, também de certa forma se sentia mais madura e segura e si, não ia mais deixar que o pai e nem ninguém atingissem de novo.

      Quase doze horas depois o avião pousa, Cintia estava sonolenta por conta do jet lag, Não tinha ninguém lhe esperando no aeroporto.  Foi até a esteira pegar sua mala, havia deixado varias roupas em Londres para que a tia doasse para alguém necessitado, então tinha somente uma mala. Pegou um táxi e foi para casa.

      Assim que chegou tocou a campainha, não tinha mais a chave do portão. Berenice atendeu o interfone e depois veio até o portão para buscar Cintia, ao contrario do que esperava, foi tratada com frieza pela empregada que não havia perdoado o fato dela ter pego seu cartão de crédito no passado.

      Um pouco chateada com essa recepção pouco calorosa, foi entrando, ouviu quando Berenice disse ao pai que ela havia chegado, ele estava provavelmente jantando com a nova esposa. No momento em que ele entrou na sala, ficou abismada em ver como ele não havia mudado nada, mesmo corte de cabelo, mesma cor, mesma cara de dor que ele fazia quando a via.

___ Fez boa viagem, Cintia?

___ Sim! Obrigada por perguntar.

        Ficaram se olhando como dois estranhos, o que eles na pratica eram, em um silencio constrangedor, certas coisas pareciam nunca mudar. Por fim Cintia resolveu quebrar a quietude do momento.

___-Estou cansada, vou subir se não se importa.

___Calma, um  segundo, gostaria de apresentar a minha esposa.

      Ela não tinha menor vontade de conhecer a madrasta agora, mas esperou pacientemente até o pai ir chamar a mulher. Quando ele voltou, Cintia a viu, sentiu sua vista ficar meio turva e as pernas pareciam que iam ceder, de um lugar bem distante na sua mente ouviu o pai dizendo.

___Essa é a Alisson, minha mulher.











Depois Daquele BeijoOnde histórias criam vida. Descubra agora