Vinte e cinco

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      Quando acordou já eram quase 11:00hrs, mudou a roupa, escovou os dentes de desceu. Encontrou com Berenice na cozinha.

___Bom dia Bere.

___Bom dia.

     Sentiu a hostilidade no tom de voz de Berenice. Chegou perto da pia onde ela picava algumas batatas.

___Bere, eu nunca tive a chance de te pedir desculpas pelo que fiz. Não sinta raiva.

___Ninguém gosta de ser roubado.

___Eu não ia te roubar, ia devolver cada centavo.

       Berenice não falou mais, claramente não perdoaria, Cintia achou melhor não insistir. Tomou uma caneca de café, calada. A casa estava toda silenciosa.

___Meu pai e mulher dele já saíram?

___Seu pai foi pro consultório, a outra está lá na piscina.

     Teve um pressentimento que Berenice também não gostava muito de Alisson. Colocou a caneca na mesa e se dirigiu para fora da casa. Caminhou pelo gramado verde e bem cuidado, um cheirinho de terra úmida subia da grama, fechou os olhos e respirou fundo, como se isso limpasse sua mente dos pensamentos ruins.

     Chegou na piscina, olhou em volta, ali também continuava tudo como antes, a piscina grande e retangular com um lado mais raso e outro mais fundo, as cadeiras debaixo de dois guarda-sóis, então viu Alisson sentada na beirada da parte mais funda. Ela vestia um short e uma camiseta branca e balança os pés dentro da agua e tinha um olhar perdido como se sua mente estivesse a quilômetros dali.

___Bom dia madrastinha. Por que não coloca um biquíni e não nada? Devia aproveitar, porque logo isso vai acabar.

___Eu não sei nadar.

___Então vai pro rasinho.

     Alisson não deu importância para o que Cintia dizia e isso fez com que ela ficasse mais irritada, queria um confronto.

___Eu sei que você deu um golpe do baú no otário do meu pai, não que ache que ele não mereça ser enganado, mas você também foi, ele pode até ser rico, mas tudo isso aqui é MEU, e assim que eu tomar posse, vou por vocês dois pra fora, claro se até lá ele não tiver te trocado por outra.

       A outra continuava impassiva, balançando o pé na agua sem responder nada. Não existe nada mais irritante que você querer caçar uma briga e a outra pessoa não aceitar.

___Você não vai dizer nada?

___Tenho que me vestir para trabalhar. Aproveite a SUA piscina.

     Tirou os pés da agua e se levantou para entrar em casa, mas ainda na borda piscina Cintia segura seu braço. As duas se encaram, era a primeira vez que se olhavam assim de tão perto, desde aquele dia do protesto, sentiu um arrepiou quando pode rever aqueles olhos verdes claros tão de perto, mas tentou disfarçar.

___Você lembra de mim, Alisson?

___Não.

    Cintia aperta com mais força o braço de Alisson, mas a outra não reclama, só fica olhando de forma desafiadora.

___Já faz um tempo eu me machuquei em uma confusão no centro, levei um pedrada e você me ajudou.

     Afastou o cabelo da testa para mostrar a cicatriz.

___Eu não me lembro. Agora pode me soltar, preciso ir trabalhar.

      Aquilo deixou Cintia magoada. Como ela poderia não se lembrar? Percebeu que havia pintado uma Alisson na sua cabeça que não era real, era uma idealização, a Alisson verdadeira estava ali na sua frente, uma estranha completa. Sentiu se burra. Como poderia conhecer alguém com que só falou por poucas horas?

     Enquanto a imagem da Alisson perfeita que construiu se quebrava dentro da sua mente, a Alisson real tentou se soltar do aperto no braço, deu um puxão e nesse momento perdeu o equilíbrio caindo dentro da piscina e batendo com cabeça na borda.








Depois Daquele BeijoOnde histórias criam vida. Descubra agora